Capítulo 5: Miguel

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A velha vila parecia ter parado no tempo. Desde a última vez em que a vira, mais de vinte anos antes, nada nada havia mudado, até mesmo as flores e folhas pareciam as mesmas. Era uma linda paisagem, a casa antiga, os cheiros e as cores que me lembravam o passado, mas que faziam parte do meu presente e futuro.

Nos primeiros dias cuidei de assuntos sérios e negócios e só depois saí para rever o lugar e alguns conhecidos. Tinha me tornado negociante de antiguidades, por isso o cenário da vila me agradava tanto, além de ter me tornado mais caseiro e solitário. Quem me disse, diria que eu lembrava bastante o meu vovô.

Deixei que Sandro ficasse com meu carro pagando pequenas prestações e pedi que ele me avisasse caso houvesse alguma pendência em relação à casa de praia vendida. Prometi à nova proprietária que cuidaria de quaisquer irregularidades que aparecessem pois durante o tempo em que estive ausente, ela ficou largada às moscas e acumulando problemas.

Curiosamente, depois que me mudei alguns parentes começaram a procurar contato como se fossem velhos amigos, tios e primos procurando saber dos meus negócios e o valor das peças que eu comprava e vendia. Como se eu não os conhecesse muito bem...

Para não me aborrecer ainda mais, passei a evitar contatos provenientes do Brasil e deixei que apenas Sandro tivesse o meu novo número de telefone com a condição de que ele não o fornecesse a ninguém e só me chamasse em caso de necessidade. Por essa razão, quando recebi uma mensagem brasileira que não era dele, minha primeira reação foi pensar que era engano, mas ao contatar que o remetente era a moça que havia me roubado a pulseira e que eu acreditava ter me roubado o anel, eu fiquei confuso.

Como ela teria conseguido aquele número e porque estava atrás de mim? Foi inevitável não pensar que ela tinha me passado para trás, talvez ainda tivesse o anel ou soubesse onde ele estava e iria me pedir dinheiro. Talvez fosse um blefe para me extorquir. Li as primeiras mensagens com essa impressão, já pronto a dizer a ela que enfiasse o anel onde coubesse e não me perturbasse mais, mas quando soube do verdadeiro motivo do seu contato, eu fiquei realmente surpreso, tão surpreso que as palavras me faltaram.

Insensatez (Em Andamento)Where stories live. Discover now