Epílogo

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Cinco anos se passaram.

Eu caminhava pelo cemitério, indo em direção ao túmulo do Bruno. O meu coração doía sempre que ia até lá e a cada ida era um mar de lágrimas e desejos que nunca vão se realizar. Carregando os girassóis nos braços, as favoritas do Bruno, aproximei-me. Eu as coloquei sobre seu túmulo, afastando algumas folhas que estavam em cima da lápide.

— Hoje é aniversário do Chris. — Contei — Como nos outros anos, queria que estivesse aqui para comemorar com a gente. — Eu arrumava as flores — Minha mãe exagerou outra vez; aquele jardim está pronto para um evento gigantesco.

Ri um pouco, sabendo que ele iria adorar a extravagância de dona Lúcia.

— Sua mãe prometeu que estaria na festa. — Continuei e me sentei na grama, olhando o nome dele. — O seu pai, mesmo não falando nada, ele ainda me culpa pela sua partida.

Uma lágrima rolou. Foram anos de terapia até me livrar daquela dor e da imensidão de culpa que eu carregava em meu coração em relação a morte do meu amigo e também de Ellen - que teve um enterro certo para sua família poder se despedir dela. Ter que exumar o corpo e entregar para uma mãe que estava a meses distribuindo cartazes por toda cidade me fez querer desaparecer do mundo. Eu não tive coragem de saber como ela reagiu quando Decker contou a ela como Ellen havia morrido; eu não podia viver aquele terror de lembranças de novo.

— Espero que um dia ele possa ter um espaço no coração dele para me perdoar. — Digo depois de um tempo. — Christopher está tão ansioso pela festa que não me deu ouvidos quando eu disse que viria te visitar — Sorri e senti uma tristeza me atingir. — Cinco anos sem você, Bruno. Eu não sei como consegui.

— Enfim, o estúdio está indo mundo bem. — Comecei — Assinamos um contrato para três meses com uma agência de modelos. Você ia gostar de fotografá-los.

Eu olhei no relógio e estava quase na hora da festa começar.

— Queria poder ficar mais tempo, mas está quase na hora da festa do nosso filho. — Suspirei pesado. — Christopher está crescendo tão rápido, Bruno. Sem mencionar no quanto ele se parece com você. — Eu me levantei. — Mesmo horário, mesmo lugar na próxima? — Sorri, mas também chorei com aquilo. — Sinto sua falta, Bruno.

Depositei um beijo na ponta dos meus dedos e coloquei sobre a lápide, me despedindo dele. Eu voltei para o meu carro, dirigindo até a casa dos meus pais. Quando entrei, vi que o carro do Alex já se encontrava lá. Eu segui para o jardim onde tudo já estava em seus devidos lugares, alguns membros da família já se faziam presentes. Os meus avós estavam sentados em uma mesa próxima a uma árvore, aproveitando a sombra dela.

Peter estava com sua noiva - Laura - uma advogada que ele conhecera em uma conferência em Nova Iorque. Ela era linda e elegante. O seu jeito conquistou Peter, que ficou caidinho por ela no mesmo segundos que os seus olhos caíram sobre a mesma - palavras dele, não minha.

Jason estava presente também; ele estava com Nate. Fiquei tão feliz em saber que Conan estava vivo. Ele recuperou a memória um ano depois, ele veio até mim e quando eu pensei que ele diria coisas horríveis - como sua mãe fizera - ele abraçou-me e foi gentil e carinhoso, disse que sabia que nada era minha culpa e que esperava que pudéssemos ser amigos. Ele se mudou para a Austrália depois de cinco meses onde conheceu a sua esposa, com quem tem uma linda menina, um ano mais nova que Chris.

Paul foi embora de Los Angeles seis meses depois. Ele disse que voltaria assim que sua transferência do hospital onde trabalhava fosse aprovada - quatro anos e meio se passaram e ele não voltou, deixando o meu irmão de coração partido mais uma vez.

Jon White.

Ele estava preso em uma prisão de segurança máxima, vivendo com outros criminosos igual e até mesmo pior que ele. Ele tentou entrar em contato comigo durante dias, semanas e meses; mas nunca lhe dei o gosto de ouvir a minha voz novamente. Elena Cooney. Esse era o nome dela. O detetive Decker me chamou para dar o meu depoimento depois que saí do hospital e quando contei a ele de como Jon confundia o meu nome com o da Elena, ele pesquisou sobre ele e contou-me depois:

Desejo ObsessivoWhere stories live. Discover now