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A data do leilão havia mudado por problemas com o antigo lugar que normalmente  acontecia todos os anos. Sábado as 21:00pm. Eu estava sentada no sofá, mexendo em celular. Jason chegou minutos depois e sentou-se no segundo sofá, apenas me cumprimentando com sorriso leve.  

Apesar de usar as palavras da minha mãe como um "mantra" desde aquela noite, eu não conseguia parar de pensar nela e o quão estranha havia sido tudo aquilo... e assustador. Por um lado eu sentia que tinha sido real, havia momentos que eu tinha lembranças das mãos tocando-me, mas não fazia sentido para mim. A casa tinha seguranças e sei que Antônio não seria descuidado em deixar um estranho entrar.

— Bom dia! — A voz masculina chegou aos meus ouvidos.

Conan adentrou na sala de estar fazendo seu irmão olhar para ele. Conan sentou-se ao lado de Jason e encarou-me por alguns demorados segundos cumprimentando-me em seguida com um balançar de cabeça. Ele encarou Jason. 

— Jason, a mãe está te procurando. — Falou Conan. — Parece ser bem urgente.

— Ela ainda está discutindo com aquela mulher? — Indagou Jason. Eu não sabia do que eles estavam falando. Continuei olhando o celular. Conan diz que sim. — Ela não está cansada? Porque eu estou.

— Você precisa entendê-la, ela só quer o que é melhor pra gente. — Falou Conan com calma na voz.

Olhei rapidamente a tempo de ver Jason rolar os olhos e guardar o celular no bolso da frente da calça jeans.

— Não temos mais cinco anos, Conan, ela não está fazendo isso pela gente. Está fazendo por ela. — Soltou o loiro aborrecido. — Por mim, Sandy pode ficar com tudo o que era dele.

E dito isso ele saiu do cômodo, nervoso. Eu continuei com os meus olhos presos na tela do meu celular mesmo não tendo nada o que ver nele. Eu entrei e saí várias vezes da galeria, abri e fechei minhas mensagens umas três ou quatro vezes. A verdade era que eu deveria ter saído da sala de estar no momento que Jason começou a falar, aquele assunto não era da minha conta.

Mais alguns minutos de silêncio.

Conan permaneceu na sala. Eu estava prestes a levantar e me retirar do cômodo quando ele falou o meu nome. Um pouco hesitante encarei o moreno dos olhos azuis sentado no outro sofá, esperei que ele continuasse. Conan nada falou de imediato, ele levantou-se e sentou do meu lado.

— Eu preciso te dizer que eu realmente sinto muito por aquela noite. — Soltou ele em tom baixo.

Olhei para a entrada do cômodo, com medo que alguém pudesse entrar a qualquer segundo. Mas eu não tinha com o que me preocupar. Meus irmão não estavam em casa, meu pai estava no trabalho e mamãe estava na STARS. Era somente ele e eu ali.

— Por dias... — Ele continuou. — Sempre que eu fechava os meus olhos eu via o seu rosto, assustado.

Pude perceber uma leve pontada de incômodo em seu olhar. Conan parecia estar arrependido.

— Me olhando daquele jeito como se eu fosse um monstro. — Ele engoliu em seco, abaixando a cabeça.

— Eu... eu não achei que você era um monstro. — Soltei depois de vários e longos segundos em silêncio. — Eu apenas...

Ele me olhou e eu não sabia como completar aquela frase. Conan realmente havia me assustado, ele pegou-me desprevenida, apertando-me daquela forma dolorosa. Mas eu não achava ele um monstro.

— Me desculpa. — Repetiu ele. Eu assenti, com um leve sorriso. — E sobre a Ellen... eu sinto que devo uma explicação.

Eu levantei a mão, pedindo para que ele não desse continuidade naquilo.

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