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Lentamente abrimos a porta, tomando todos os cuidados para não fazer nenhum barulho, estávamos assustadas; as minhas mãos suavam frio, o meu coração batia dez vezes mais rápido. Fuller agarrou a minha blusa enquanto colocamos a cabeça para fora, olhando para os dois lados. Eu saí do cômodo, puxando-a comigo. Seguramos uma na mão da outra; engolindo com dificuldade começamos a caminhar para a porta que dava para a saída dali.

Assim que chegamos na mesma, puxei a porta respirando aliviada por a mesma estar destrancada, Fuller e eu nos olhamos animadas. Encaramos a escada que dava para o andar de cima, vendo a porta pelo porão escuro, havia uma pequena luz saindo por debaixo da porta e Fuller apertou minha mão com força. Eu a olhei.

— Ele não está, eu sei que não. — Disse com firmeza.

Ela assentiu e deu o primeiro passo, mas eu não. Olhei para o lado, vendo o corredor pouco iluminado e eu só conseguia pensar no Bruno. Eu não podia ir embora sem ele. Nunca me perdoaria se fizesse isso com o meu melhor amigo e pai do meu filho. Respirei fundo e soltei minha mão da dela. Ela me olhou.

— Você terá que ir agora mesmo. — Disse a ela, que me olhou perdida.

— Espera... o que?

— Eu sinto muito, Hillary. — Aquela era a primeira vez que eu dizia seu primeiro nome em voz alta. Ela me olhou assustada. — Você vai ter que seguir sozinha.

Ela balançou a cabeça, negando. Os seus olhos arregalados, suas mãos trêmulas seguravam meus braços.

— Sophie, esse não era o plano.

— Eu sei que não, mas — Comecei, afastando suas mãos. — Eu não posso sair daqui sem o Bruno... eu não vou sair daqui sem ele.

Fuller me olhou em silêncio por um tempo e olhou para o corredor vazio e mesmo não estando de acordo com a minha decisão, ela me entendia.

— Então eu vou com você. — Falou ela decidida e eu a impedi que voltasse para o corredor. — O que você está fazendo? Me deixe passar.

Eu neguei. Ela me olhou incrédula.

— Hillary, você tem que ir — Falei e foi a vez dela de negar. — Se nós duas ficarmos e ele voltar, perdemos tudo, mas se você sair daqui antes ainda teremos uma chance... você pode pedir ajuda, chamar a polícia.

— Mas Sophie eu não posso... não quero deixar você. — Disse ela já com lágrimas no rosto.

Eu a puxei para um abraço, dizendo entender o sentimento dela e lhe agradeci por tudo. Eu a olhei, o meu rosto também estava banhado de lágrimas. Decidir ficar era uma das minhas ideias mais idiotas, mas eu nunca, na minha vida, abandonaria meu melhor amigo. Bruno era parte do meu mundo.

— Agora vai, já perdemos tempo demais. — Disse, empurrando ela. — Você já sabe: na estante no escritório do meu pai, atrás dos livros. É lá que está a chave mestra. — Ela assentiu.

Fuller olhou-me com tristeza, a cabeça negando enquanto lágrimas corriam pelo seu rosto. Meu coração deu uma batida errada quando ela se virou, ficando de costas para mim e subindo as escadas. Eu fiquei olhando cada movimento dela, no momento em que a mesma virou a maçaneta da porta, a mesma saiu na sua mão, fazendo Fuller se desequilibrar e quase cair para frente com o peso da madeira. Ela me olhou com um sorriso assustado - ele não tinha consertado a porta - eu comecei a rir e lançando um beijo a ela, virei-me e corri.

Ao lado da porta onde Bruno estava trancado, havia um porta chaves improvisado por um prego. Lá estava uma única chave, eu peguei a mesma e com as mãos trêmulas e o coração batendo na garganta, coloquei na fechadura - Por favor, esteja aí... esteja vivo - implorei em meus pensamentos. Assim que abri a porta, me senti tonta e engoli a vontade de vomitar: Bruno não estava lá.

Desejo ObsessivoOnde histórias criam vida. Descubra agora