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— Aqui, querida, tome esse remédio. — Hilary entregou-me um comprimido e um copo de água. — Isso vai ajudar com a febre.

Eu não estava me sentindo nada bem naquela manhã, o meu corpo clamava por um descanso de todo aquele estresse. A febre chegou na madrugada, acordei com a mão da Dra. Fuller em minha testa. Eu sentia calafrios por todo o meu corpo.

Depois de tomar o remédio, aconcheguei-me embaixo da coberta, o meu corpo tremia pela febre que ia e vinha; adormeci depois de um tempo. Uma dorzinha chata no pé da barriga me fez acordar. Ela parou, mas cinco segundos depois, voltou. Ergui o corpo tentando entender o que estava acontecendo; Dra. Fuller dormia tranquilamente. Novamente a dor, um pouco mais aguda. Sentei-me na cama e comecei a respirar lentamente, tentando acalmar a dor. No momento em que a mesma tornou-se insuportável, algo quente e meio viscoso escorria entre as minhas pernas.

Afastando a coberta de cima do meu corpo, vi o pouco de sangue que manchava o lençol. O meu corpo todo paralisou por um momento e toquei entre minhas pernas e quando olhei na porta dos meus dedos, foi como se o meu coração fosse esmagado, minhas mãos começaram a tremer, o suor frio escorria pela minha testa. - não, eu não posso te perder - gritei em meus pensamentos. Uma nova pontada, seguida de outra e mais outra; soltei um grito, inclinando o meu corpo para o lado e encolhendo as pernas para mais perto da barriga. A Dra. Fuller, assustada, saltou para fora da cama.

— Sophie? — Ela segurou minha cabeça. — Querida, fala comigo o que... Não — Sussurrou ela ao ver o sangue.

Eu estava chorando e nem ao menos percebi quando as lágrimas chegaram, aquela dor estava me deixando sem ar. Era pior que uma cólica intensa. Fechei os meus olhos com força, soltando mais um grito, mas dessa vez foi mais por frustração do que pela dor. Conseguia ver o desespero nos olhos de Fuller, ela não sabia o que devia fazer naquele momento, ela correu para porta, chamando por Jon aos berros,

Não sabendo o que fazer para aliviar aquelas pontadas que mais pareciam agulhas perfurando minha pele, arrastei-me para fora da cama e assim que os meus pés tocaram o chão tudo escureceu e meu corpo foi de encontro ao chão.

*

Os meus olhos estavam incomodados pela claridade, não sabia por quanto tempo havia dormido; eu podia ouvir os BIPs da máquina monitorando minhas batidas.

— Que bom que você acordou, querida. — Fuller tocou minha mão. Eu abri mais os olhos, encontrando ela. — Bem vinda de volta.

— O que...? — Estava me sentindo um pouco confusa.

Quando tentei me levantar, Fuller segurou meus ombros me impedindo; ergui meu braço direito sentindo um leve incômodo e ao olhar vejo que há uma agulha perfurando meu antebraço. Um pequeno tubo transparente acompanhava a mesma e seguindo o mesmo, avistei uma bolsa com um líquido transparente.

— Você me assustou, criança. — Disse ela, sentando ao meu lado. — Eu tive que colocá-la no soro.

Eu ainda estava atordoada, pisquei algumas vezes para melhorar minha visão e reparando melhor no rosto de Fuller, percebi os hematomas avermelhados na maçã de suas bochechas. O meu coração deu um salto errado dentro do peito ao descer até seu lábio, vendo o corte no inferior... ainda era possível ver as marcas dos dedos dele no pescoço dela.

— Se acalme, está tudo bem. — Disse ela quando os BIPs da máquina ficaram mais rápidos. — Não se preocupe comigo, eu estou bem.

— O que ele fez com você? — O meu nariz ardeu quando o choro chegou, lágrimas rolaram em meu rosto.

— Não se preocupe, eu estou bem... de verdade. — repetiu ela acariciando meu braço. — Você precisa descansar.

As lembranças vieram com força: a dor na barriga, o sangue entre minhas pernas... - eu perdi meu bebê? - Eu não precisei perguntar a Fuller, ela sabia em meu olhar o que eu queria saber. A Dra. Fuller suspirou pesado e meu coração apertou.

Desejo ObsessivoOnde histórias criam vida. Descubra agora