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O desespero cresceu quando ouvi os seus passos do lado de fora. Ele cantarolava o meu nome, causando-me calafrios por todo o corpo; sua voz saia rouca e cheia de excitação. Aquela caçada de gato e rato o divertia. Abracei mais as minhas pernas, soltando o ar lentamente de meus pulmões; Ele entrou no escritório, fiquei imovel outra vez.

Tudo se silenciou e mesmo que por um milésimo de segundo acreditei que o mesmo havia saído de lá. A casa era grande, eu poderia estar em qualquer outro cômodo dela. Entretanto, ele sabia que eu estava no escritório. 

Suas mãos tocaram os meus calcanhares, puxando-me para fora. Eu soltei um grito de pânico. Ele me arrastava pelo carpete, eu batia as minhas mãos no chão procurando por alguma coisa onde eu pudesse me segurar; minhas unhas quebrando enquanto eu arranhava o carpete. As lágrimas sempre caindo. 

— Não… me solta. — mandei, puxando as minhas pernas até finalmente conseguir me livrar de seu aperto. 

Comecei a engatinhar para longe, tentando me erguer do chão e correr, mas ele me segurou de novo e pelos cabelos me levantou, os meus pés tentando se firmar no chão de uma forma desajeitada. Eu o empurrei com o cotovelo e puxei minha cabeça, sentindo alguns fios do meu cabelo saírem do meu couro cabeludo. O meu corpo se chocou contra a estante vazia.

— Me deixe ir, Jon. — Pedi já cansada — Fuller já deve ter chamado a polícia, se me deixar aqui, pode fugir.

Ele negou.

— Isso nunca. — Ele deu um passo à frente, mas parou quando eu tentei recuar mais. — Eu não posso te perder de novo.

O choro se tornou mais desesperador, eu conseguia ver em seus olhos que não era mais a mim, Sophie, que ele via, mas sim a Elena. Eu fechei os olhos, o cenho franzido. Ele não me deixaria ir nunca. 

— Você finalmente voltou pra mim, depois de quatro anos, você voltou pra mim. — Falou ele, sua voz carregada de uma emoção perturbadora. — Nós temos que ficar juntos.

— Eu não sou ela… — Ainda de olhos fechados, disse a ele. 

Jon pegou pelo meu braço e quando eu o olhei, os seus olhos estavam mais escuros e sua respiração pesada batia em minha pele… o aroma de morango em seu hálito me devolvia lembranças horríveis. Ele me puxou para fora. Eu estava tão fraca que não conseguia mais lutar contra ele e então, o acompanhei.

Ele me levava em direção a porta principal, o molho de chave já em sua mão livre; o meu coração bateu mais rápido, porque eu sabia que, se ele me tirasse de lá, talvez eu nunca mais fosse encontrada. Eu teria o meu filho ao lado de um louco que o criaria para ser tão louco quanto ele. 

Puxando o meu braço de seu aperto, me afastei vários passos. Eu não queria sair dali com ele… não queria. Eu inclinei a cabeça para o lado e aos prantos eu neguei com a cabeça, implorando pra que ele não fizesse aquilo. O meu queixo tremia, o meu corpo cedia cada vez mais a fraqueza. 

Ele se colocou a centímetros de mim, o meu corpo encostado na parede, os meus olhos sustentando os dele. Jon sorriu enquanto acariciava a pele da minha face, ele colocou sua testa na minha e respirou fundo. 

— Vai ficar tudo bem. — Ele tocou a minha barriga. — Nós vamos ficar bem. 

Eu virei o meu rosto, afastando a minha testa na dele e o empurrei. Ele deu alguns passos para trás e me fitou de cima a baixo. Eu estava tão enojada e ele sabia, tê-lo tão perto, tocando-me me fazia querer vomitar. O ódio que eu sentia por ele apenas crescia e crescia cada vez mais. 

No segundo em que Jon deu o primeiro passo na minha direção, ouvimos o disparo atrás dele. O meu corpo encolheu e recuou automaticamente, bati minha cabeça na parede. Os meus olhos arregalados pelo susto, encaravam Jon que estava paralisado a minha frente. Ele deu meia volta, tampando a minha visão. Sangue escorria pela lateral da sua camiseta de cor clara.

Desejo ObsessivoWhere stories live. Discover now