JANEIRO, 01. 2015.

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Marcus não estava lá quando acordou. Ela virou-se na cama e se deparou com um café da manhã a esperando na cômoda.

Havia um pequeno bilhete encostado ao suco.

Foi feito de morangos verdadeiros. Não há açúcar no suco, não se preocupe.

P.S.: Cuide de Lucy.

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Após um rápido o banho. O primeiro que ela tinha em dias, Selena vestiu um vestido largo. Ele era uma peça antiga, a cor azul desgastada pelo tempo e por sucessivas lavagens. E a familiaridade dele era reconfortante. Selena estava terminando de pentear os cabelos, quando escutou batidas apressadas na porta. Ela abriu a porta. Lucy entrou para o quarto sem convite e sentou-se na cama, de frente para a mulher.

– Oi. – Selena murmurou.

– Como você está? – perguntou ela, parecendo mais curiosa do que preocupada.

Selena deu de ombros, porque ela sinceramente não sabia como responder a essa pergunta. O que uma pessoa implica ao perguntar como outra está? Refere-se à sua saúde? Ao estado físico? Às emoções sobressaltantes? Ela entendia Marcus agora...

– Quando Marcus me contou... – ela soltou um longo suspiro. – Eu poderia acreditar, mas não queria. Foi terrível que você tivesse que passar por isso, de verdade. Marcus ficou possesso.

Selena ergueu uma sobrancelha duvidosa. Ela não pretendia ser irônica, mas a expressão na sua face deveria ter passado tal conotação, pois Lucinda ergueu-se em um pulo, a expressão séria, o olhar distante.

– Eu sei que o meu irmão não é a pessoa mais comunicativa do mundo nem a mais carinhosa, mas... Para ele, não existe meio termo. Ou ele gosta completamente de uma pessoa, ou ele não se importa. Imagino que seja difícil para você entender, mas ele realmente gosta de você, do jeito dele. Não é um barulhento e expressivo amor, é algo quieto. Ele viveu muitas coisas, boas e ruins... É só quem ele é, sabe?

Não, Selena definitivamente não sabia. A única vez em que ela tentara se conectar com ele, ele a afastou e desapareceu por semanas. Isso nem era um amor silencioso. Isso era descaso.

Selena bufou.

– Eu não quero falar sobre Marcus.

– Desculpa – murmurou Lucy. Ela abaixou os olhos, como se estivesse envergonhada por ter aborrecido Selena, e a mulher pensou como ela parecia jovem. Anos mais jovem do que a própria Selena. – O que você quer fazer? Eu pensei que poderíamos sair...

– Eu não quero sair – disse Selena, abruptamente. Talvez, fosse injusto descontar a sua tensão na garota. Selena não estava com o humor certo para se importar. – Desculpa. Eu só quero ficar quieta.

– Tudo bem, eu entendo a raiva... Não a raiva que você deve estar sentido, claro, eu não teria como saber... Mas eu já sofri e quis quebrar mais do que alguns objetos durante essa vida. Se você quiser bater em algo, eu irei ajudá-la – Lucinda abriu um sorriso sugestivo.

Por que não? Selena pensou.

A garota nem esperou Selena responder e a puxou pelo braço para fora do quarto. Elas atravessaram a larga sala e entraram por um pequeno corredor. No final dele, uma porta. Não uma vermelha. Esta era preta. Ela abriu sem esforço e revelou um cômodo espaçoso com diferentes equipamentos de musculação e um saco de areia pendendo do teto, no centro de um grande tapete.

– Legal, né?

Selena estava surpresa, na verdade. Ela havia passado incontáveis dias reclusa no apartamento, e só agora percebeu que não havia o explorado para além das proximidades do quarto. O mais longe que havia chegado, uma vez, foi na cozinha.

A SIDE: SELENA // Under Your Skin //Onde as histórias ganham vida. Descobre agora