AGOSTO, 16. 2014.

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Uma risada cortou o sossego da noite.

Selena despertou-se assustada, piscando para a escuridão. Ao tentar erguer-se da cama, sentiu algo pesado pressionando-a para baixo.

– Você acha que eu sou uma fantasma?

A voz... Doce como mel derramado no leite, e igualmente cruel. Era ele novamente, o demônio que vigiava os sonhos dela e que lhe devorara os dias.

– Não. – A voz dela estava fraca com a frieza dele.

– Um delírio seu, talvez? – ofereceu ele. O tom de risada nunca saiu de sua voz. – Por isso foi procurar uma psicóloga? Você acha que está enlouquecendo?

– Isso é um sonho, você não é real! – disse para si mesma. Mas no corpo faltava certeza e determinação para afastá-lo. Mesmo que ele não tocasse diretamente a sua pele, Selena começava a sentir o desejo por ele crescer entre suas pernas. – O que você quer de mim?

Os olhos dele pareceram brilhar, o vestígio de uma piada que seria para sempre desconhecida para ela. O homem, o monstro inclinou-se para sussurrar-lhe no ouvido.

– Eu quero mordê-la. – Mordiscou o lóbulo da orelha dela, fazendo-a arfar e aproximar-se do corpo dele. Ela estava errada, ele não era frio; os lugares onde a pele dela tocava a dele ferviam como se tivessem sido marcadas por ferro quente. – Até provar do seu sangue.

Algumas mulheres poderiam ter gritado, assustadas por tal insinuação. Não Selena. Ela encontrou-se rindo baixo, como se somente agora compreendesse a piada secreta dele.

– Então você é um vampiro?

– Eu já lhe contei – a mão dele afastou os lençóis, revelando-a. Até mesmo a expectativa do toque dele a fazia vacilar. Ela parecia tão fraca. Ela não queria ser fraca. – Eu sou o seu pior pesadelo favorito.

Ela o puxou para baixo, e ele sorriu da demonstração de ousadia dela.

– Sim, você o é. – Ela disse na boca dele.

– Você irá me dar seu sangue?

Quando ele pressionou um dedo no clitóris dela, Selena considerou que faria o que ele quisesse. Então, abriu as pernas e virou o rosto para expor a linha de seu pescoço.

Ele abaixou-se, um sorriso perverso sobre os lábios.

Mas Selena teve uma ideia ainda mais perversa.

Ela virou-se para encará-lo. Os olhos dele pareciam dois sóis ameaçando consumi-la com seu calor. Engoliu um gemido e ergueu o queixo.

– Um segredo por um desejo – ofereceu-o. E se ele parecia divertido e enigmático antes, agora ele parecia segurar uma gargalha estrondosa no corpo.

– Eu nunca teria a imaginado, nem mesmo em mil anos de existência. – Ele distribuiu mordidas dóceis no vale dos seios dela. A mão no clítoris dela moveu-se para testar a umidade em sua entrada. Ele sorriu de novo, um daqueles sorrisos que prometiam longas noites de prazer seguido de diferentes orgasmos potentes. Selena prendeu o ar, surpresa. Noites como essas eram raras, em que a boca dele se demorava sobre a pele dela, provando-a com língua e dentes, em que as mãos dele tocavam-na com certa reverência. Não carinho. Jamais qualquer demonstração de afeto. Mas um profundo entendimento de que a mulher era o ser mais forte e destrutivo de algumas espécies, e de que Selena poderia também o consumi-lo de desejo, se assim quisesse. – Eu aceito.

– Qual o seu nome?

– Você já sabe. – Ele afastou o tecido da camisola dela e abocanhou um mamilo. Primeiro o mordeu de leve e chupou, usando a língua para adicionar a fricção certa para fazer a mulher debaixo de si arfar e inclinar-se em sua direção, oferecendo o seu corpo para ele. Em seguida, arranhou-o com os dentes, fazendo-a soltar o gemido que havia engolido antes.

– Eu não sei quem você é – disse Selena, exasperada.

– Nós já nos conhecemos, você me convidou para entrar. – Era evidente que ele prestava mais atenção à sua tarefa do que à expressão confusa da mulher.

– Quando?

– Você barganhou apenas uma questão. – Ele brincou com o outro mamilo dela, esperando fazê-la finalmente calar a boca para palavras fúteis e voltar a gemer.

– Você não quer me ouvir dizer o seu nome? – Havia alguma sensualidade em sua voz, mas o desespero nela parecia mais evidente.

– Nós apenas fodemos, não há necessidade disso. – Ele ergueu a cabeça, subitamente, como se houvesse se lembrado de algo. – Agora que respondi a sua pergunta, posso mordê-la.

Selena cruzou os braços sobre os seis, mais por teimosia do que por vergonha de sua nudez.

– Você não a respondeu.

Ele estreitou os olhos e o sorriso sumiu de suas feições.

– Nós podemos fazer isso do jeito difícil.

A noite começou com a promessa de um sexo calmo, mas terminou com Selena frustrada numa cama fria. Três vezes, ela havia contado, ele a havia levado em direção ao que poderia ter sido um orgasmo potente, somente para afastar-se e deleitar-se com a visão dela implorando por mais. Mais dele. Apesar dos terremotos afetando seu corpo, tornando fracas e quebradiças suas vontades, ela continuou a recusá-lo justamente o que ele queria. O demônio ejaculou sobre o rosto dela e desapareceu na noite. Selena conseguiu se limpar minimamente, antes de masturbar-se para dormir. Mas nem seus dedos nem o vibrador eram suficientes. Ela o queria. Dentro dela. Fodendo-a forte contra a parede, o choque de seus corpos seria o único som mais alto do que os gemidos fervorosos dela.

Selena não sabia explicar o motivo, mas queria chamá-lo pelo nome. Talvez este tivesse a propriedade mágica de evocá-lo e de torná-lo prisioneiro dos caprichos da mulher, como o verdadeiro nome de anjos e demônios nas histórias.


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Gente, eu morro de medo de comentar qualquer coisa e soltar um spoiler. Mas espero que estejam gostando. Em breve, respostas e mais dúvidas muahahaha

A SIDE: SELENA // Under Your Skin //Onde as histórias ganham vida. Descobre agora