Verdade Oculta

259 33 6
                                    


     A primeira vez que a vi... Num enterro. No enterro do seu próprio irmão, o caçula. Teimosa e arrogante, se negava a demonstrar fraqueza. Não vi uma única lágrima rolar quente pela sua bochecha. Aquela palidez toda tinha um brilho especial, aquela mera humana me fez sentir em perigo. Não era apenas um perigo que eu sentia que podia aniquilar, era um perigo que fazia meu coração frio ganhar vida, meus olhos terem apenas uma direção, meu corpo desejar tanto e ao mesmo tempo, sentir-me imponente. Me via incapaz de tocar-lhe um dedo para agredi-la, "não Miguel, não vou ganhar essa aposta. O sangue desta humana não serei eu a derramar." Senti meu irmão aproximar-se de mim, vestido de preto, assim como eu.

     - Me parece uma boa presa, Cadriel. Sinto prazer apenas olhando sua pele macia e branca... - Ele sussurrou em meu ouvido.

     Algo se mexeu em mim, algo que não queria que aquela garota se machucasse. Mas, não seria uma humana que faria meu orgulho ir ao chão.

     - Ela é toda sua, Miguel. Divirta-se. - Respondi, me retirando daquele lugar.

     No entanto, uma força maior me impediu de abandonar aquela garota que eu nem sabia o nome. Fiquei apenas de longe, observando. Vi o exato momento em que Miguel a atacou em um beco, para o qual ela havia ido depois de tomar bebidas alcoólicas. Ela andava sem geito, aos tropeções, quando foi encurralada e mordida. "Não é tão forte, garota". Mas, em menos de 15 segundos, vi meu irmão cair ao chão com suas veias absurdamente negras e seus olhos escuros. Humanos imunes era algo raro. A garota começou a correr, tentando escapar do monstro que meu irmão havia se tornado naquele momento. E eu queria muito não ter me metido, porém foi impossível resistir ao impulso de proteger a dita ruiva que deu vida ao meu coração morto há tantos anos. Sim, eu permiti que ela fugisse, permiti que ela encontrasse sua casa e ficasse em segurança. Segurei meu irmão revoltado.

      - O que pensa que está fazendo, Cadriel?! - Gritou.

      - Salvando sua vida. - Respondi.

      - A minha, ou a dela?! Você mesmo me alertou quando me aproximei de Francielle, agora eu estou avisando você: ou fica longe daquela humana, ou mata. Você escolhe. Mas, de uma forma ou de outra, nosso pai saberá da existência dessa garota. - Ele avisou.

     - Você não vai falar nada. - Segurei em seu braço firmemente.

     - Me solte, antes que eu mude de idéia e avise nosso pai agora mesmo! - Ameaçou.

     - Eu vou matá-la, fique fora disso. Vou lidar com essa ameaça sozinho.

      Dias depois, acabei por protegê-la, não matá-la. Afinal, ela era linda, de uma forma dura e séria. E quando meu pai a trancafiou no palácio, realmente pensei que eu não poderia fazer mais nada para mantê-la a salvo, cheguei a me pegar em pleno desespero. Mas, acordar com a notícia de que ela havia fugido, me fez sorrir por dentro e ao mesmo tempo, me preocupar novamente. Mas, incrivelmente, tive que ficar contra meu irmão que teve uma queda por Skyla. Eu tinha a NECESSIDADE de protegê-la... Queria aquela humana apenas para mim e ao mesmo tempo, tinha medo dela. Medo por que eu sabia que ela podia me matar se quisesse. E, até quando eu a protegi, cuidei, vigiei, parei de perseguir humanos para me alimentar, ela me exigiu mais. Ela me queria por perto, eu estava todos os dias por perto, porém ela não me via. Nem podia permitir que ela descobrisse que eu estava tão encantado pela sua beleza e coragem.

      Fui capaz de pedir à uma Caçadora que a cuidasse por mim, quando ela pediu que eu me afastasse. Eu iria fazer sua vontade, pois estava cada vez mais preso aquela humana desumana. O pior, era que eu tinha prazer em cumprir sua vontade, exceto quando me mandou ficar longe.

     E eu fazia de tudo para atrapalhar meu pai de encontrá-la mais rápido, quando descobri que ela estava doente e não acordava por nada. Contra a vontade de Aestória eu a mordi, ela não podia me deixar tão cedo. O simples pensamento de vê-la morrer, me levava a loucura. Ela trazia cor ao meu universo sombrio. Mas, precisei deixá-la, mais uma vez. Tive que mordê-la para que suas células lutassem contra o veneno e a doença. Mesmo que todas as palavras que saissem de sua boca fossem me mandando ficar longe, eu não conseguia. E ver aquele mero bilhete que ela deixou me deu raiva. Aquele "eu te amo" me deixou feliz, mas as palavras anteriores me fizeram perceber o quanto meu pai havia ido longe. Ela se entregaria, por conta de uma ameaça.

      - Seu monstro! Quantas garotas inocentes sua família tragará?! - Gritou a Caçadora, cheia de ódio.

      Ela não era a única que me odiava. Skyla iria se entregar achando que eu não me importava. Estava mais do que na hora de eu falar toda a verdade. Estava mais do que na hora de salvá-la e confessar tudo.

         &&&&&&&&&&&&&

Olá, meus amores!
Se vocês acompanharam meu outro livro, devem saber que eu começo a aparecer quando uma história está chegando ao fim... E é isso mesmo, gente! Sei que essa história do gênero vampiro é a mais diferente de todas! Mas, essa sempre foi a ideia, pois a Skyla é uma humana! É claro que todo esse mundo, esses seres estão dexando a pobrezinha confusa e atordoada, mas pela 1° vez, estamos conhecendo o lado do Cadriel. Bem, espero que estejam gostando, por que aí vem coisa! Ainda temos alguns capítulos pra gente ver, por que essa história aqui é única! Kkkkk É, né? Eu sei. "Ella faz um finalzinho legal pra Skie!" Tranquilo, gente! Vai acabar tudo bem! Será impressionante!

Bom, gente é isso! Um forte abraço!

Ella Bloomore

A PassageiraWhere stories live. Discover now