- Você fala e faz perguntas demais para alguém que vai matar. Só faz logo e pronto, aproveita que a bebida esta fazendo efeito - Digo e ele da de ombros.

Quando ele vira um pouco o tronco para trás, para pegar na cintura, na parte de trás do cós da calça dele a adaga. Parece que tudo fica em câmera lenta, quando no mesmo tempo que ele vira já com a adaga na mão, levanto os dois braços indo em direção ao rosto dele. Ele se sente ameaçado e encosta a adaga na minha barriga ao mesmo tempo que encosto meus lábios nos deles. Fechando os olhos, pois tenho quase certeza que os dele estão arregalados. A adaga ainda está encostada em minha barriga, mas não a movimento de adentrar ao meu corpo.

Uma leve pressão nos faz se afastar e quando abro os olhos, uns feixos amarelos saem de mim e caem no chão. Consegui, o azar saiu, agora é só correr. Empurro o peito dele, fazendo-o cambalear para trás. Ainda confuso com o que aconteceu.

- Obrigada por me livrar do azar, creio que o lance de me matar vai ficar para depois - Falo e ele parece entender o que aconteceu, será que ele sabe o lance dessa maldição. Que seria nós dois ficarmos juntos? Tomara que não.

- Você... - Nem termino de escutar o que ele vai falar, pois me ponho a correr. Completamente feliz pelo azar ter ido embora e constrangida por ter roubado o beijo de um caçador que quer me matar. Toda cambaleante, corro sem olhar para trás.

Me enfio no meio da multidão e logo chego correndo ao palco em que meu pai se encontra. Fico ofegante, chamando a atenção de alguns.

- Filha - Meu pai me chama e olho para onde ele está, no canto do palco falando com uns homens que já sei que ele quer que eu namore um de seus filhos - Venha conhecer seus ...

Não tenho tempo de ouvir a frase do meu pai, pois meu braço é puxado e logo estou sendo pressionada contra o corpo do Gabriel, ah, e com a boca na boca dele. Ele puxa minha nuca e tenta aprofundar um beijo. Que céus, eu deixo, ele ta com um gosto bom na boca. É tão estranho está beijando ferozmente alguém, em cima de um palco, com olhares sobre mim e muitos suspiros de susto. Fico totalmente sem reação quando ele se separa de mim, com um sorriso e a boca meio avermelhada.

- Quando for beijar alguém, faz direito - Dito isso, ele pula do palco e some em meio a multidão. Ainda estou totalmente sem reação e só consigo ver os olhares sobre mim.

- Mérida, o que ... - Não deixo minha mãe terminar de falar.

- É o caçador mãe - Digo apontando para onde ele sumiu e começa um alvoroço. Eu nem pensei direito no que acabou de acontecer e ainda entreguei ele para um bando de gente que adoraria tirar a pele de um caçador. Mas também, quem mandou ele me beijar. Ta, eu beijei ele primeiro, mas foi escondido e não na frente de todo mundo.

- Onde ele está? - Escuto um grito e olho pro lado, meu pai está muito alterado e com uma arma em mãos. Céus, o que eu fiz? - Me tragam o caçador - Diz e logo começa um burburinho. De repente la no fim da multidão, uma roda se abre e consigo ver o Gabriel no meio dela. Com adagas nas mãos, tentando se proteger das vaias e avanços que dão para cima dele.

Meu pai começa a descer e ir em direção a ele, o pessoal abre caminho até o local em que ele está. Fico completamente nervosa por tudo e também por nada, minha cabeça ta uma confusão.

- Mãe, mãe, mãe - Começo a chamar por ela e logo ela aparece - Se ele matar o Gabriel, eu, eu, eu me descontrolo pra sempre - Digo por fim, aceitando toda a maldita realidade que me foi imposta.

- Parece que alguém leu ...

- Mãe, não. Ê serio, eu beijei ele primeiro. Então eu selei com ele tudo isso, se ele morrer por alguém do nosso clã, vai ser pior - Eu li todo o livro, então eu aprendi bastante. Se fosse ele a me beijar primeiro, ai sim, caso algo acontecesse com ele. Eu teria outra pessoa para me ajudar a controlar, mas não foi o que aconteceu e eu to com medo. Eu não pensei muito bem no que estava fazendo. Eu também não fazia ideia de que ele correria atrás de mim e me beijaria na frente de todo mundo.

Flecha do DestinoWhere stories live. Discover now