t r i n t a & o i t o

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Trocando os pés, ele desce as escadas num desespero do qual jamais pensou em se encontrar. Era como se o chão desaparecesse e tudo ao redor fosse arrastado consigo. Antoine podia sentir os seus pés o tocarem, mas não o via.

Nada mais fazia sentido.

Tudo havia deixado de fazer sentido para ele no instante em que escutou Amberly dizer que ele destruiu a sua vida.
E ele destruiu.
Agora ela foi embora, e levou o coração dele consigo. Ele já não conseguia sentir nada além da dor. O escuro do qual fugiu dois meses antes, havia retornado para buscá-lo. Amber, sua luz, havia ido embora, deixando como lembrança os olhos azuis cinzentos que ele tanto amava transformados num vermelho não-indentificável.
Ódio. Dor. Medo.

Ele não queria ter criado aquilo. Quando Amber foi embora para a Inglaterra, ele só queria afogar a porra das suas merdas em qualquer coisa que fizesse. Frequentou boates, bebeu como se não houvesse amanhã, tentou foder garotas e broxou. Mas então Erika apareceu, o atiçou e ele a fodeu, um dia antes do sorteio que colocava o Atlético contra o United. Ele a fodeu de novo quando viu a foto de sua garota com o De Gea.
O quê diabos estava fazendo consigo? Nem ele sabia. Mas tinha certeza de uma coisa: Ninguém se comparava com Amberly Herrera.

Os respingos de lágrimas caem contra a sua camisa, manchando-as quando ele chega no andar de baixo dando de cara com expressões agitadas que aguardavam por sua presença.

- ANTOINE -Erika grita, vendo-o ir na mesma direção em que a garota acaba de sair aos plantos. Sua mãe estava presente, a família dele também, e ele não dava a minima. - Você não vai ir atrás dela. Você não vai me humilhar desse jeito! Não vai!

Era impossível para ela acreditar que o rapaz que conhecera desde a adolescência com um status de não dar a minima para relacionamentos, estava mesmo chorando por uma garota. Alguém que não era ela. Alguém que ela sabia que nunca seria aos olhos dele. Tentou durante semanas planejar com Maud uma forma de fazer com que Amber soubesse sobre o noivado dos dois, e, quando finalmente conseguiram, ela se via em desespero por não ter imaginado que ele também a amava.

Nervosa, ela tenta segura-lo fracassadamente pelos braços mas ele se esquiva e larga-se facilmente do toque bruto da garota.

- VOCÊ NÃO MANDA EM MIM, PORRA!

Vocifera, quase afundando o botão do elevador para que o mesmo suba novamente e traga a garota de cabelos negros consigo. Amber, a mulher de sua vida. A mulher que ele teve certeza que amava quado vivenciou o sentimento de perde-la; Quando a chama devastadora surgiu em seu peito no momento em que ela foi embora.

- Eu sou a sua noiva, porra! -grita a morena, metendo-se na frente do botão do elevador. Sem pensar, ele a empurra para que saia da frente.

- MAIS QUE MERDA, ANTOINE! -Maud protesta contra o irmão, desesperada ao ver a melhor amiga na situação mais humilhante que alguém poderia. De joelhos, grávida, num chão gélido após ter sido ignorada por seu próprio homem.

Antoine olha para a irmã com sangue na vista. - Não se mete nessa porra nunca mais. Você! Vocês duas! Vocês armaram toda essa merda para que ela descobrisse. Vocês... Eu odeio voc...

Uma poça de sangue paira nos seus pés.

Ele olha para baixo.

- PUTA QUE PARIU CARALHO -grita, puxando o corpo da garota molenga para o seu colo.
Theo, que ficou calado por metade do tempo, aperta descontroladamente o botão e o elevador chega em questão de segundos. Érika está chorando, sangrando, e Antoine deseja morrer. Não bastava perder a mulher que amava, ainda causara o principio da perca de seu filho. Um filho que sonhou durante todos os anos de sua vida. Alguém que ele ainda não conhecia, mas amava. E ansiava.

E não podia perder.

No fundo, queria largar tudo e ir atrás de Amber; ajoelhar-se aos seus pés implorando por perdão, beija-la e dizer o quanto ela era tudo para ele, mas, não podia o fazer pois sentia-se na obrigação de priorizar Érika, que esperava o seu filho.

Mal sabia que do outro lado da cidade estava um primogênito. Um filho esperado do qual ele não teve a chance de descobrir.






















Um homem de idade-média aparece na sala de espera com o seu jaleco impecavelmente branco e os óculos caídos no nariz, olha para uma par de pessoas e encara os papéis a sua frente.

- Familiares de Érika Choperena?

Maud se levanta, puxando o irmão desanimado consigo. - Somos nós. Esse é o noivo dela.

- Você pode me acompanhar? -questiona o médico para o louro acobreado que acena com a cabeça afirmando. Ele antes dá uma olhada para a mãe da garota, perguntando se não é ela quem deveria ir, mas ela parece não dar a minima.

Os dois esgueiram-se pelos corredores até uma sala com entrada autorizada apenas para funcionários. O médico subtitulado por "Dr. Fernandez" tecla algo em seu computador e então olha para Antoine.

- Ela perdeu o meu filho?

Pergunta Antoine, desesperado.

- Graças a Deus ela foi traga a tempo de que pudéssemos estancar o sangramento vaginal. Mas, fique tranquilo, ela não perdeu o bebê. Não ainda.

- O que isso quer dizer?

- Erika Choperena terá uma gravidez de risco. O estresse que sofreu foi muito grande, e, dado às circunstâncias pelo início da gestação, terão de ter todo o cuidado do mundo á partir de agora.

- Isso vai afetar a criança? Quero dizer, ele... Ele pode ter problemas futuramente?

- Não podemos afirmar nada ainda. Mas, ela não poderá sofrer qualquer tipo de estresse como esses. Evite brigas, aborrecimentos e qualquer coisa que a deixe para baixo. Tente ser o melhor para sua esposa nos próximos oito meses e meio, e nós teremos então um bebê bonito e saudável.

O louro repuxa os cabelos sentindo-se um completo idiota por ter motivado tudo aquilo. Sentia-se um idiota inconsequente por ter criado tudo aquilo.
Érika sabia sobre Amber. Sempre soube do amor do jogador para com a garota. Mas Amber, será que ela teria o perdoado pela traição? Ele pensava.
Nada disso teria acontecido se ele tivesse sido verdadeiro.
E agora, com a família de Érika e toda sua religiosidade, ele pagava por suas mentiras sendo obrigado a ficar com alguém que não amava.
Que talvez nunca iria amar.

- Você quer vê-la?

O médico pergunta, arrancando-o de pensamentos.

- Melhor deixarmos para um outro momento. -responde sereno. - Eu tenho que ir a um lugar!

Ele ao menos olha para o médico quando sai em disparada pela porta. Pega um elevador de funcionários que dá no estacionamento para que não seja impedido por seus familiares.

Ele sabia que era incorreto deixar Erika sozinha naquela posição, mas, era o seu coração que estava em jogo naquele momento.

Estava desesperado para desculpar-se com a mulher que ama. E faria isso.





STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Where stories live. Discover now