c i n c o

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Mia esqueceu o celular sobre a bancada da pia do banheiro.

Aproveito este momento sozinha para verificar se o dinheiro do show entrou em sua conta bancária, para minha surpresa, fora depositado os dez mil duas horas antes de aparecermos por aqui. Ponto para Fernando Torres!

Acabou.

Na segunda feira terei uma entrevista em uma empresa renomada - talvez conquiste a vaga, talvez não, mas não vou desistir. Talvez eu ainda frequente a boate por algumas semanas, até decidir que rumo tomar de minha vida.

Talvez visite meus pais, talvez direi a eles a verdade.

Talvez encontre um novo mantra além de talvez, talvez, talvez.

Agora é o fim.

Apesar de muitos momentos nesta vida libertina que me levariam ao tormento, se lembrados, haviam os bons também. Haviam pessoas, momentos, lembranças. E este show privê fora uma boa despedida, no entanto.

Carpe diem, quam minimum credula postero.

"Aproveite o dia de hoje e confie o mínimo possível no amanhã".

Estou tentando tirar proveito disto. Prefiro pensar no que fiz lá embaixo como um momento de insanidade temporário. Ele me masturbou, chupou meus peitos. Isso deveria entrar para uma lista de proveitos? Afinal, não transo desde...

Bem, um estupro não conta como uma transa.

Decido parar de pensar nisso. Decido viver, renascer.

Chega de medo, chega de temor.

Decido que este será meu primeiro passo.

Visto uma nova lingerie - bem menos chamativa - e visto-me rapidamente; ansiando ir embora, ansiando viver, renascer, me sentir viva outra vez.

Encaro o reflexo muito pálido no espelho por uma última vez antes de pegar a bolsa com meus pertences apoiada no chão; Hora de ir. penso eu.

Quando me levanto, é quase como um filme de terror.

Uma figura está parada na porta do banheiro, os braços cruzados à frente do corpo muito bem malhado e definido, sorrindo calorosamente para mim.

- Tu pars, belle?

Não faço a menor ideia do que ele diz. Minha nuca coça.

- Ei, hmm, eu já estava indo embora. - minha voz treme um pouco - Feliz aniversário, aliás. Espero que você tenha tido um dia incrível.

Esboço um falso sorriso - caloroso mas amedrontrado - e tento passar ao seu lado para ir embora do lugar que tornou-se minúsculo demais para nós dois.

No geral, mesmo após aquele estupro, eu já costumava não me sentir intimidada por caras como ele, mas havia algo intrigante em sua forma de olhar para mim.

Como se eu já o conhecesse, como se os olhos me fossem familiares.

- Você não vai embora - quem disse? - Não ainda. -segura o meu braço, não para me machucar ou me forçar, mas firme o bastante para me impedir de sair do lugar. E quem disse que eu quero sair? - Não sem me explicar o quê aconteceu lá em baixo...

Livro meu braço de seu toque com um puxão sútil. - Você não manda em mim.

- Sei que não mando -morde o lábio segurando uma risadinha e com rapidez fecha a porta do banheiro com chave. - Você também sentiu aquilo entre nós? O fogo, a quimica... - É claro que eu senti. Eu queria dizer, mas não ia. Nunca.

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Où les histoires vivent. Découvrez maintenant