v i n t e

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 — Fique aqui e não saia deste carro à menos que eu o grite!

— Mas por que não posso ir com você?

Sua expressão confusa me faz ter vontade de rir. Ele fica tão fofo.

— Você não precisa presenciar essa vida — é minha única resposta antes de deixar a Maserati. — Por favor, Antoine. Prometa que não vai me seguir!

— Eu não... — reviro os olhos, ele ri. — Ok, prometo!

Megan era uma das pessoas que eu mais amava no mundo, mas era viciada em cocaína; raram eram as vezes em que eu não a flagrava usando daquilo.

Antoine, apesar de estar me proporcionando a viver todos esses momentos fora de meus padrões comuns, ainda era um cara de vida perfeita, bonito, muito bem sucedido, e bem criado; Se acreditara que eu havia me tornado stripper por passar fome, aposto como olharia diferente para mim se entrasse naquele apartamento e presenciasse o que já sou acostumada; se olhasse para minha realidade de vida e se desse conta de que não somos iguais, que nunca seríamos.

O lugar continuava do mesmo modo; os mesmos três andares, a tintura das paredes gastas e pichadas com frases de ódio e frustração sobre a administração da cidade; a rua vazia e mal iluminada pelos poucos postes em funcionamento.

Papai me enviava dinheiro mensalmente para pagar "custos" da faculdade, mas ao invés de usá-los, guardava quantia por quantia em uma conta para emergências; aquele pequeno apartamento que dividia com Megan não era dos melhores, nossos ganhos com o striptease podiam até pagar algo melhor, mas havia algo ali, naquele pequeno bairro econômico, que nos fez permanecer.

Mas eu sabia. Sabia que aquela realidade não era minha, tampouco de Antoine.

Em passos longos e rápidos, logo estou nas escadas, temendo a deixar Antoine sozinho com aquele carro extravagante em uma noite deserta; Megan devia estar na boate agora, mas sempre deixara a porta aberta, sempre tivera esse costume.

Só que quando abro a porta e percebo que ela ainda mantinha o costuma, não contava com a parte em que a pegaria sendo chupada por Mia enquanto um homem está nu no sofá se masturbando ao encarar o ato das duas.

Ai, meu Deus! —sufoco um grito, surpresa, enojada.

As duas se afastam e Megan está olhando para mim, nervosa.

— Eu fico uns dias fora e é isso que você faz com nossa casa?

Usar suas drogas, tudo bem; o apartamento também era dela.

Agora usar nosso lar para os programas de Mia?

— Ei, baby, o que foi isso... — Antoine desobedece meu pedido e surge do meu lado, tocando-me, com a expressão apavorada. — Você gritou! Eu achei que..

— Grizi — Mia se afasta de Megan e vem em nossa direção, eufórica.

Os peitos grandes e siliconados maiores que seu cérebro.

Antoine simplesmente a ignora.

Me viro para seu rosto impassível, depois para a cena promíscua a nossa frente e sinto-me mortificada. Era essa a minha vida. — Você pode me esperar no carro, por favor? —meu tom é quase suplicante, sentindo vergonha de mim mesma, do que aconteceria um minuto depois daquilo, de como ele ia olhar para mim.

Para minha surpresa, e de Mia, ele segura meu rosto e me dá um selinho.

— Não demore, mon cheri.

Estou piscando, o coração mais acelerado que uma britadeira.

Encaro as garotas peladas, o velho nojento com o pau molenga, o olhar de inveja descarada de Mia, mas nem isso me importa, nada parece importar por que Antoine Griezmann acabou de me dar um beijo. Carinhoso e significativo.

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Where stories live. Discover now