Café ou chá

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MESES ANTES

Angelique Beaumont

Estou na fila do cinema com a minha mãe, ela não para de falar do Bartholomew e em como ele é educado, charmoso e bonito.

Estou escutando tudo mas continuo olhando para o fim da rua com um olhar fixo e um cigarro queimando entre os meus lábios, formando um monte de cinzas na ponta por eu não ter me movido por um bom tempo.

Eu acho que ele não vai vir...

Minha mãe vai ficar tão desapontada... Ela realmente pensou que pudesse dar certo dessa vez.

Um carro de luxo apontou na esquina e eu fiquei atenta, esperando que fosse ele. Quando o carro parou um leve sorriso surgiu em meus lábios, então eu tirei o cigarro da minha boca e o joguei no chão.

O motorista saiu do carro e abriu a porta de trás. Vi Bartholomew sair e abotoar o paletó.

Eu sorri e corri na direção dele, quando eu cheguei perto o suficiente eu saltei em sua direção e o abracei.

— Você veio! — Eu disse animada e ele sorriu para mim.

— Eu disse que viria — Ele sorriu também.

— Olá, Bart — Minha mãe surgiu atrás de mim e sorriu para ele.

— Olá, Madeleine — Ele sorriu de volta e eu soltei ele para que a minha mãe possa cumprimentá-lo.

Depois voltamos para o cinema e Bart comprou os ingressos, pipoca, chocolates e refrigerantes.

É estranho porque eu sempre assisti filmes com os meus amigos e não comíamos nada, apenas ficávamos amontoados juntos e prestando atenção no filme.

Pipoca era considerado uma distração, não queríamos perder nem um segundo.

Eu sabia que se eu comesse tudo isso eu teria que ficar dias sem colocar nada na boca para compensar, mas valeria a pena.

Eu estava tendo um momento em família... O Bartholomew não era meu padrasto ainda, ele ainda estava conhecendo a minha mãe, eles apenas tinham saído juntos umas duas vezes, mas as pessoas não sabiam disso.

Então eu fingi que ele era o meu pai que ia ao cinema comigo e com a minha mãe e comprava coisas boas para mim.

Dentro do cinema eu me empanturrei de pipoca, eu comi quase tudo como se nunca tivesse visto comida antes, como se o meu corpo soubesse que teria que comer tudo o que podia porque depois não teria nada.

As minhas mordidas no chocolate eram um pouco constrangedoras de tão grandes. Eu tinha muita quantidade dentro da minha boca e eu mastigava como se a minha vida dependesse disso, sentindo o gosto bom da maravilha marrom e recheada.

— Angelique — Minha mãe sussurrou para mim e eu a encarei com a boca cheia — Está parecendo uma morta de fome! — Ela disse baixinho e eu parei de mastigar — Bart vai pensar que não temos comida em casa...

Engoli tudo aquilo em minha boca e desceu rasgando pela minha garganta.

Comecei a me arrepender de ter comido e um enjoo surgiu, o vômito estava preso, quase saindo. Eu não sei se era porque eu tinha comido muito doce e meu estômago não estava acostumado ou era porque eu já sabia que eu tinha que fazer isso, tirar tudo aquilo o mais rápido possível de dentro do meu corpo...

Ou pior, talvez era nojo de mim por ser tão descontrolada!

Eu corri para fora dali segurando a minha boca e corri para o banheiro.

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