Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)

Blasfêmias

Christopher Goldschmied

Eu olhei nos olhos de Angelique e vi preto.

É a cor da sua alma... Preto como a noite.

Mas preto sempre foi a minha cor favorita.

Puxei ela para os meus braços e a abracei com toda a minha força. Tão forte que nada poderia nos separar agora.

Nesse momento nós pertencíamos um ao outro.

Eu me levantei e a levei junto comigo, depois eu a peguei em meu colo como se fosse uma criança.

Meu braço por debaixo da bunda dela fazendo com que ela circulasse as pernas em mim.

Eu apoiei a minha outra mão nas costas dela e mantive o seu corpo junto ao meu enquanto a carregava pelo extenso corredor...

Ela chorava em meu ombro, molhando a minha camisa com as suas lágrimas, e então ela circulou os braços em mim e abraçou-me também.

Eu sofri ao ver ela assim.

Ela era tão doce para sofrer desse jeito.

Quando cheguei no meu quarto, eu a deitei sobre a minha cama.

Ela olhou para mim apenas por um breve momento antes de se virar e agarrar o travesseiro, praticamente escondendo o seu rosto ali.

Sei que ela está com vergonha de mim. Mas ela não precisava ter vergonha de nada.

— Fique aí — Eu disse com o tom mais suave de voz que já usei em minha vida — Eu vou pegar água para você.

Saí do quarto e caminhei pelo meu playground de jogos e fui até o meu bar, abri o frigobar e peguei uma garrafa de água.

Estou tenso e triste. Fazendo várias perguntas em minha cabeça...

Juntando as peças...

Não gosto nada do que estou descobrindo.

Peguei um copo e levei junto com a garrafa de água para o meu quarto.

Sentei-me ao lado de Angelique na cama, pousei o copo em cima do criado-mudo e servi com a água.

Angelique continua na mesma posição que antes. Sua mão está apertando a fronha do meu travesseiro e o rosto dela está pressionado ali.

O cabelo negro dela está por toda parte.

— Angel — Eu ofereci o copo com água mas ela não se moveu — Toma um pouco para tentar se acalmar — Suspirei quando ela não respondeu.

Deixei o copo sobre o móvel e depois me levantei da cama e caminhei até o meu closet.

Peguei uma camiseta e uma cueca nova minha, levei para o meu quarto e encontrei ela um pouco sentada e ainda um pouco deitada para tomar a água.

Ela ainda está com o vestido do casamento e agora ele está sujo de bolo.

— Tire essa roupa — Eu joguei as peças que peguei no colchão bem ao lado dela — Use isso para dormir.

Quando eu estava saindo do quarto novamente para ir ao banheiro eu ouvi ela falar:

— Eu não posso dormir aqui.

Eu ri um pouco sem humor e voltei a olhar para ela.

— Eu não vou deixar você dormir sozinha e no seu quarto não tem lugar para mim.

— Seu pai não vai gostar... — Ela contestou.

— Meu pai não está aqui — Eu afirmei e me controlei para não brigar com ela. Por que ela tem que ser tão difícil às vezes? É só dormir...