Tortura

2.5K 243 105
                                    

Christopher Goldschmied

Fiquei em silêncio por um longo momento tentando assimilar o que Angelique estava me dizendo no celular.

— O que? — Perguntei atônito e sentei-me na cama.

— Eu saí escondida com a mercedes do seu pai, e eu tinha bebido... A polícia me parou e agora estou na delegacia.

— Cacete, Angelique — Esfreguei o meu rosto e cocei a minha cabeça — Que porra é essa que você fez?

— Eu preciso desligar. Por favor, me ajude! — Ela disse tudo muito rápido e depois desligou a chamada na minha cara.

Afastei o celular da minha orelha e fiquei encarando a tela. Que loucura... Presa? Meu pai vai surtar se souber disso.

Levantei-me da minha cama e fui para o meu banheiro lavar o rosto e os dentes, depois entrei no closet para vestir uma roupa. Peguei os meus documentos, cartão de crédito e dinheiro... Provavelmente vou ter que pagar uma fiança para que ela não durma na cadeia.

Saí de casa no meu carro e fui para a delegacia da mulher. Eu estava dirigindo o mais rápido que podia para chegar logo e tirar ela logo de lá.

Mas eu estava puto. Nem eu já fui preso com todas as merdas que fiz em minha vida e ela conseguiu essa proeza.

E o carro provavelmente foi apreendido, como estamos no final de semana eu só vou conseguir tirar ele do pátio na segunda-feira, e o meu pai vai sentir falta da mercedes na garagem. Vai ser impossível esconder isso dele.

Estava pensando em várias possibilidades de limpar a bagunça que a Angelique fez sem que o meu pai fique sabendo até que cheguei na delegacia sem nenhuma ideia.

— Olá — Cumprimentei a policial no balcão — A minha meia-irmã foi trazida pra cá, ela foi presa ou está detida, eu não sei... Gostaria de saber se tem algo que eu possa fazer... Se eu posso pagar uma fiança ou algo assim... Ela é apenas uma garota de dezessete anos.

— Qual o nome dela? — A moça perguntou e se preparou para escrever no computador.

— Angelique Beaumont — Informei e a policial digitou, depois olhou para mim e ofereceu um sorrisinho.

Continuei sério. Não estava para sorrisos.

— Ela está detida aqui na delegacia por dirigir alcoolizada. Você pode pagar a fiança dela para que ela fique em liberdade provisória até o julgamento.

— Julgamento? — Perguntei.

Sou muito ignorante nesses assuntos.

— Ela vai ter que comparecer ao tribunal, mas ela pode esperar por isso em liberdade provisória — A policial disse e anotou em um papel o valor da fiança.

— Ela sai agora se eu pagar? — Perguntei e a policial confirmou.

Peguei o meu dinheiro de dentro do meu bolso; a fiança é mais barata do que pensei que seria e eu tenho esse valor em mãos.

A mulher contou o dinheiro e eu assinei um papel.

— Chamem a bonequinha de porcelana — Ela disse para uma outra policial que riu como se isso fosse um tipo de piada interna entre elas.

Eu olhei para as duas tentando entender algo mas elas não disseram mais nada.

Depois de pouco tempo a policial trouxe a Angelique pelo braço. Meu queixo caiu ao ver o olho dela vermelho e já um pouco roxo.

Cicatrizes de Ouro (Grátis até final de dezembro 2022)Where stories live. Discover now