Capítulo 19

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Após o banho de mar, Byron precisou trabalhar e sugeriu que eu descansasse um pouco. Claro que recusei, mas assim que ele decepou a cabeça do primeiro peixe eu voltei para dentro da casa e decidi tirar um cochilo no sofá macio.

E eu acordei com algo puxando o meu nariz.

Assim que abri os olhos, quase gritei com o susto. Dois olhos azuis encaravam os meus, quase grudados no meu rosto. Era o Madhun equilibrando-se nas pernas de trás, tentando arrancar meu piercing.

Madhun se assustou com o meu espanto e cambaleou para trás, eu o segurei antes que caísse e sentei no sofá, o colocando no meu colo.

"Já está querendo caminhar, seu pestinha?" Eu brinquei com as bochechinhas escuras, fazendo voz de bebê. "Esses pinos de metal são meus, consiga seus próprios piercings."

"Se colocar piercings no meu filho, precisaremos conversar." Disse Byron, à beira do riso. Ele estava trocando a fralda do Ronan sobre a mesa de jantar.

"Ah, cara, pensa só: Um alargador nessa orelha, uma argola bem aqui..." Provoquei, beliscando cada parte do Madhun e fazendo-o dobrar em risadas. "E aqui uma tatuagem de dragão, rawwwwwr!"

"Devo avisar que os bebês recém tomaram o café da manhã. Prevejo outro banho de vômito."

Eu continuei brincando e causando gargalhadas, até perceber algo estranho.

"Espera, café da manhã?" Eu olhei pela janela e percebi o sol nascente. "Caralho!... ahm... digo... que coisa! Quanto tempo eu dormi?"

"Se está perguntando a quantidade de horas, devo lembrá-lo que não medimos o tempo desta forma por aqui. Mas posso conseguir um relógio, se for de seu agrado." Byron terminou de ajeitar Ronan e colocou-o no berço, então foi à cozinha e pegou uma bandeja no balcão.

"Que confusão deve ser. E horário de trabalho e tal? Não dá tipo uma confusão louca? Como vocês medem o tempo?"

"Trabalho é um conceito bastante novo aos tritões. Egarikena viveu mudanças significativas em poucos anos e pretendo apresentar-lhe tudo. Peço paciência."

Byron deixou a bandeja na mesinha à minha frente e eu salivei ao ver a quantidade de comida. Pães com patê, geleias, café, leite e bombons.

"Nossa, onde conseguiu isso?" Eu abocanhei um dos pães com patê e me deliciei. Apesar do gosto desconhecido o patê era delicioso e o pão fresquinho. O cheiro de café quente atiçava ainda mais meu paladar.

"Creme de ovas é um alimento comum em Egarikena, imaginei que fosse gostar." Byron esfregou o cabelo para trás, corando. "Pedi a um cunhado meu que preparasse o pão de centeio, ainda tínhamos alguns produtos do continente."

Ah, então aquelas eram as sobras do Isha. Mas não deixei aquilo me chatear, apreciava o esforço do Byron em me agradar e tudo aquilo era delicioso. Eu provei empolgado a todos os pães e geleias e servi leite em uma das adoráveis xícaras de porcelana.

Mas quando provei o leite, o gosto me fez cuspir tudo longe. Madhun se matou de tanto rir.

Byron entrou em um pânico exagerado, ele quase se jogou em mim para limpar meu rosto e o rosto do bebê, todo respingado de gotas brancas.

"Ah, peço mil perdões. O leite de animais terrestres acabou, então servi leite de baleia, pensei que..."

"Leite de quê??" Eu tossia engasgado para o gosto forte. "Como se ordenha uma baleia??"

"Mil perdões, mil perdões." Byron continuava desesperado, o que era meio cômico

"Tá de boas, cara. Não é horrível, eu apenas me surpreendi." Falei, bebericando o leite de novo e mudando de ideia. Era horrível pra caralho. "Acho que aceito um copo d'água."

Romance ao Som de Violão (AMOSTRA)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora