Capítulo 06

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Uma noitada de orgia louca não estaria completa sem a parte final: A marcha da vergonha.

Eu acordei ainda de madrugada, sufocado pelo Maikon que dormiu atravessado no meu estômago. Hian dormia logo ao seu lado, os dois se abraçando em uma conchinha torta e bem desconfortável.

Hora de ir embora. O Gabe era legalzão, aceitava as paradas loucas do filho dele, mas não entendia o motivo de um casal de namorados querer transar com um cara bem mais velho. Eu não queria abusar da boa vontade dele.

Maikon grunhiu um resmungo quando eu o empurrei para o lado, mas consegui sair sem acordá-lo. Foi difícil catar minhas roupas com a luz apagada, mas tive quase certeza que vesti a cueca certa.

Após me vestir mais ou menos bem e deixei o quarto. Se eu soubesse que o Gabe já estava acordado, teria pelo menos esfregado o gozo seco da minha jaqueta.

"Bom dia, Shane." Gabe deu um longo bocejo, levantando da mesa do café para pegar outra xícara. A julgar pelo terno e gravata, ele logo sairia para trabalhar.

"Ahm... e aí, Gabe. Não é o que parece." Eu tirei a jaqueta manchada e apenas piorei a situação, minha camiseta estava mais grudenta ainda.

"Shane, minha tolerância a mentiras está bem pequena ultimamente." Ele sentou de novo e serviu café passado na outra xícara. "Não me importo que tenha... seja lá o que você tem com o Hian."

O cheiro de café seduziu meus sentidos. Eu sentei ao lado do Gabe e saboreei o gosto amargo e revigorante, começando a acordar de verdade.

"Pensei que fosse dormir no hospital." Falei.

"Eu dormi, mas voltei agora pouco. Tenho três reuniões que não consegui cancelar, então a Kandi se ofereceu para ficar, e aí o Michel apareceu. Deviam ser três da manhã, ele parecia um zumbi."

"Não sei como ajudar meu pai." Falei, ainda envergonhado pelas minhas roupas.

"O Michel é meu melhor amigo, mas não estou preocupado apenas com ele, Shane. O Hian e o Maikon são bons meninos, mas são jovens e inexperientes sobre muitas coisas. Não quero mais ninguém machucado."

"Eu não vou machucar o Hian, senhor Dolinsky, pode ficar tranquilo."

"Não estou falando do Hian. E nem do Maikon. Tem muito do Michel em você, Shane, por favor não ultrapasse os próprios limites."

Eu arregalei os olhos em surpresa. O filho dele fazia orgias com um metaleiro de trinta anos e era com o metaleiro que Gabe estava preocupado?

"Agradeço o conselho, senhor Dolinsky, prometo não confundir as coisas." Eu ajudei a levar as xícaras até a pia. "Eles são garotos querendo se divertir, e eu sou um cara que oferece diversão. Apenas isso."

"Se você diz..." Gabe desmanchou a expressão torta e pegou sua maleta. "Preciso ir, quer carona para algum lugar?"

"Eu vim de carro, pode deixar." Falei, acenando a ele. "Vou passar no hospital antes que a minha mãe encontre a gaveta de analgésicos."

"Excelente ideia." Gabe riu. "Se sobrar tempo passe no meu escritório da loja. Tenho algo para você."

Eu franzi a testa. Algo para mim, em uma loja de surfe?

****

Foi difícil, mas consegui afastar meu pai do Alisson uma segunda vez. Mas ele só saiu porque precisava conversar com o Hian, e pelo visto era conversa séria.

Pelo que meu pai falou, o Hian insistia em dar a luz ao completar nove meses de gestação. Mas neste dia o ovo poderia eclodir por dentro e causar complicações. Gabe quase morreu dando a luz a ele, então fazia sentido aquela preocupação excessiva.

Romance ao Som de Violão (AMOSTRA)जहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें