FIM,O FIM

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  Parei em frente do portão de casa, ou melhor, da casa dos meus pais no interior de São Paulo.

Minhas mãos suavam, embora estivesse fazendo um frio terrível com o céu nublado, bem diferente do clima lá de Roma onde estava nos últimos dias.

Não sabia se pegava a minha chave, abria o portão e já ia entrando, ou se apertava a campainha, ou se ligava para minha irmã dizendo que estava parado na frente de casa ou ainda se dava meia volta e ia embora para o Rio de Janeiro.

Estava com receio de como meu pai iria encarar a minha presença ali.

Naquele momento veio as últimas palavras que ele disse para mim quando me pegou na cama junto com o Renato: "Que ser viado, pois então será longe daqui! De hoje em diante você não pertence mais a esta casa".

Resolvi apertar a campainha e torcer para que quem atendesse fosse minha mãe ou irmã. Olhei no relógio que marcava 20 horas e 18 minutos do dia 16 de julho (Segunda-feira).

Apertei novamente a campainha e logo escutei o barulho de chave abrindo a porta da sala.

Meu coração parecia que sairia pela boca.

A porta se abre e lá está ele, meu pai.

Ele ficou parado, me olhando, sem falar nada. Não consegui encará-lo...

Baixei minha cabeça encostando na grade da frente de casa e comecei a chorar copiosamente. Era um choro de alegria em vê-lo, de tristeza pelas palavras que ainda ecoavam em minha cabeça, de dúvida de não saber o que fazer, de vergonha por não se tornar aquilo que realmente ele tinha pensado para mim, de carência por estar longe deles. Não conseguia me controlar, chorava, chorava, chorava... Meu pai veio rápido em minha direção e abriu o portão. Pensei "é agora que ele me pegará pelo braço e me xingará perguntando o que estava fazendo ali se ele tinha me colocado para fora." Com certeza ele começaria a gritar e eu iria passar vergonha ne frente dos vizinhos que sairiam para ver o que estava acontecendo. Vendo ele vir em minha direção dei um passo para trás e coloquei minha mão no rosto de vergonha por estar chorando. E realmente ele me pegou pelos braços, porém para me dar um abraço. Fazia exatamente um ano que não nos víamos e não nos falávamos. Ele começou a chorar também... Seu abraço era tudo o que eu precisava e queria naquele momento.

PAI: Perdão meu filho. Eu te amo... Você sempre será meu filho!

Choramos abraçados ali no portão de casa. Minha amiga Ana que não via a muito tempo veio até a porta de casa e viu que era eu, chamando minha mãe e meus outros primos pensando que nós estávamos brigando. Mas logo perceberam o que se passava e se alegraram.

Minha mãe também chorou pela minha presença ali e pela reação de meu pai. Foi tão bom, depois de tudo que passei estar novamente na minha casa onde cresci... Receber o carinho de minha família. Era tudo o que precisava para me recompor, para buscar forças para continuar e colocar a mente e o coração nos seus devidos lugares.

Nem preciso dizer o quanto fui paparicado naquele dia. Meu pai e minha mãe falaram que se eu quisesse levar meu namorado para lá, eles aceitariam numa boa, aceitavam a minha decisão e minha orientação, pois eles queriam, acima de tudo, me ver feliz. Fiquei contente com as palavras deles e eu disse que não estava mais namorando.

Contei para a minha amiga Ana, minha confidente, tudo o que tinha passado comigo, desde a minha briga com Renato, que ela não sabia, até os meus últimos dias em Roma. Ela me incentivou a ligar para ele e contar que tinha voltado, que estava no Brasil e queria falar com ele.

AMIGO DA FACULDADE (Romance gay) #Wattys2018Where stories live. Discover now