Doug Assustador Calliêr.

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 No dia seguinte, quando pensei que estaria livre de qualquer tipo de provocação, tive de ir para a escola e enfrentar Doug Assustador Calliêr

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No dia seguinte, quando pensei que estaria livre de qualquer tipo de provocação, tive de ir para a escola e enfrentar Doug Assustador Calliêr.
Ele é um garoto grande e forte, cabelos alaranjados e uma determinação inigualável quando o assunto é fazer a professora chorar.

Se mamãe soubesse metade do que acontece aqui, permitiria que eu ficasse em casa, longe dos olhares inquietantes e palavreados novos que aprendo diariamente com meus coleguinhas de classe.

A verdade é que eu não gosto de ninguém.

Vincent?

— Sim, Sra. Monroe? — desvio a atenção dos meus lápis de cor.

— Poderia abandonar o seu desenho e se juntar a nós na leitura? — sinto meu rosto queimar. — Oh, não me leve a mal! O seu desenho está lindo, eu adorei a ovelha.

Encaro as linhas que eu mesmo havia traçado e franzo o cenho. Não havia ovelha alguma ali.
Dentre as poucas habilidades que tenho, desenhar nunca foi realmente uma delas, mas ainda assim eu tento. É divertido misturar as cores, sujar as mãos de tinta e dar vida ao desenho.

— Você não desenhou uma ovelha, desenhou? — me viro para trás, encarando a garota de cabelo castanho claro, quase dourado.

Se tem uma coisa que não falha nunca, esta coisa é a minha memória. Eu nunca havia visto esta garota antes, e não compreendia o motivo de seu sorriso fácil.
Será que ela me conhece? Será que já brincamos juntos em algum parquinho da cidade? Será que o meu rosto está sujo de tinta?

— Eu desenhei sim. — protesto. — Não está vendo? Ela é rosada e rechonchuda, parece um algodão doce, mas é uma ovelha.

— Não existe ovelha cor de rosa, Vincent. — como ela sabe o meu nome? — O seu nome é este, não é? — ela batuca os dedos na mesa. — A professora te chamou assim.

— Qual é o seu nome? — não gosto de ficar para trás, e só pelo fato de ela saber o meu nome e eu não saber o dela, já me sinto preso à linha de partida, penso. — É aluna nova?

— Noora. — ela estende a mão pequena, mas eu não a aperto. — Decidiram exterminar de vez a turma C. — percebendo que não apertarei sua mão, ela recolhe o braço aos poucos. — Eu era da turma C.

— Sinto muito.

Na verdade, não sinto, mas mamãe disse que é legal confortar as pessoas quando elas estão sofrendo.

— Eu não sinto. — ela brinca com as próprias sobrancelhas, levantando as duas. — Acredita que cortaram o meu cabelo?

Desde que nasci, nunca consegui compreender essa fissura que as garotas possuem com seus cabelos.
É apenas cabelo, não? Cresce com o tempo.

— Por que? — bufo impaciente, tentando demonstrar o mínimo de interesse.

— Porque disseram que ele era muito armado. — ela mordisca o lábio superior. — Eu nunca mais sentei na frente desde então.

Homeboy - amigavelmente amigável (livro 1).Onde as histórias ganham vida. Descobre agora