Capítulo 19

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Sydney, 23 de dezembro de 1914


A palavra desertor não combinava com Ivan Alkaev.

A palavra irresponsável lhe era detestável.

Tampouco: covarde constava da lista de seu vocabulário de amante de seis tiros afilhado do diabo.

Mas se queria ter uma conversa de homem para homem com o almirante Romeo Theodore Carter, antes o patrão entrasse no primeiro vapor de volta a Broken Hill, que apostava: àquela altura do dia no pregão já devia ter negociado a manada, Ralph estaria trazendo para entrega em poucas horas, ele não teve escolha, a não ser pela primeira vez na vida quebrar o fio de barba loira empenhado, e deixar de lado suas obrigações contratadas de forma atabalhoada, impensada.

Cretina.

E isso duplamente, por quê também devido ao que ali no grande salão da filial do Fleurieu dos McCallister, coberto de poeira, a pele curtida marcada por suor e camadas impregnadas de terra vermelha, foi diligente resolver.

Insone, amarfanhado, e mais parecendo pronto para sacar Melody Lane e a pederneira e assaltar o banco, no lugar de tomar parte como preposto no leilão, fez com que todos os olhares voltassem para ele naquela véspera de recesso de feriado: quando as esporas no silêncio cerimonial, ameaçadoras, tilintaram no granito negro, que polido refletia feito um espelho no pavilhão térreo e circular do prédio de tijolos cor de creme bem no centro de George Street.

O ponto nervoso de Sydney.

A pérola de Nova Gales do Sul.

Ivan cheirando uísque se aproximou bandoleiro de cabelos longos e embaraçados, que por baixo do chapéu escapavam até o meio dos ombros, e cobriam o couro do casaco comprido que batiam nos tornozelos, os olhos cinza impressionantes, mais brilhantes que nunca na pele bronzeada do sol do deserto, um par de alforjes em cada ombro.

Com apenas uma ideia na mente "duzentas e cinquenta mil libras em espécie."

Spirit havia sido conveniente amarrado com laço frouxo num tronco no flanco direito do edifício que dava para uma esquina, e ele com ar de poucos amigos, entrou na agência que também era correntista.

De imediato assim botou os pés, Ivan foi recebido por dois grandalhões, que abrindo os casacos dos ternos engomados, mostraram suas munições, no que com um sorriso arrogante o vaqueiro os surpreendeu ao sacar uma papeleta de cliente preferencial do bolso da camisa, novidade, no lugar de uma navalha: credencial em cartão negro e dourado, que mesmo amassado e dobrado várias vezes, assinalava uma condição para quem possuía o mínimo de cento e cinquenta mil libras investidos na Instituição da família McCallister há mais de dois anos.

V.I.P?

_Vim falar com Ferdinand Stanley, o gerente, por gentileza parceiros: avisem é Ivan Alexander Petrovitch Alkaev de Broken Hill quem está aqui.

Faço remessas quinzenais para esta unidade em particular, vim sacar uma soma.

Podem baixar suas armas, não tenho intenção de assaltar ninguém, _"por enquanto" pensou, porque sim em último caso, se houvesse alguma resistência em permitirem o levante do montante ele possuía na conta, talvez tivesse de fazer dançar uma mazurca o senhor Stanley, o que seria engraçado.

Divertido no mínimo.

O que divertido não era aguardar, droga.

Nisso em nada residia qualquer graça.

Chegaste ao fim dos capítulos publicados.

⏰ Última atualização: Dec 31, 2017 ⏰

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