Capítulo 3

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Com um estalo no chicote de cabo duplo que silvou estridente no ar seco, sem nem mesmo apear de Spirit.

Ivan com uma mão laçou o garanhão numa sebe desfolhada, e se apoiando em pé na coluna do animal. Hábil como houvesse feito isso à vida toda, e não a primeira vez.

Pulou por cima da cerca, igual faria um ancestral cigano, aterrissando a poucos centímetros da lateral do veículo num escorregão que aparou com a palma direita prodigiosamente calçada, ciscos voaram com a queda do homem de uns bons metro e noventa, sujando as calças do gibão com pó terracota.

Mas não tinha tempo a perder, o Daimler poderia explodir a qualquer instante, "Meu Deus! É mesmo o filho do chefe"... Pensou, puxando Claude para fora do carro, sem vacilar.

Ao notar atordoado, o resgate "deux ex machina", Claude piscou incrédulo, com o inesperado milagre e abriu os olhos castanhos, "graças aos Céus", Ivan agradeceu em pensamento, rapidamente averiguando o herdeiro de Weather Lake não parecia tinha quaisquer ossos importantes quebrados, ou ferimento mais sério, além do filete de sangue seco na testa, e um belo olho roxo.

A mão inglesa o havia de certa maneira o protegido, do pior, inteligente Ivan interpretou.

_E...Eu estou bem, por favor, precisa ajudar Pamela..._Conseguiu com certa dificuldade Claude articular num murmúrio o pedido de socorro, após Ivan tê-lo recolhido em fração de segundos, há uns mais ou menos dez metros de segurança do local do acidente.

_Claro, vou cuidar disso imediatamente. Mas não a vejo, patrão, em parte alguma.

Garantiu Ivan de cenho franzido, enquanto trazia a cabeça cuidadosamente apoiada de Claude, de encontro a um gole de água do embornal, que Carter sorveu num suspiro, como se dali a vida fosse gerada.

Ato contínuo, Ivan cobriu o corpo do rapaz com o casaco do terno, e sem receios retirou da cabeça o próprio chapéu gasto, e o depositou sobre o rosto de Claude, pois o sol do meio dia naquele estado de fraqueza poderia lhe ser mais letal que os pequenos traumas havia sofrido, enquanto com olhos de leopardo o russo sondava onde raios estaria o corpo da tal garota Pamela?

Que obviamente não conhecia, mas, um reboliço incomum nas próprias vísceras bizarramente o alertavam: a tal moça lhe cheirava problemas.

Enfim...

Ela não estava à vista.

_Não se mexa, vou buscar ajuda._Deu a entender meio se levantando as pressas, mas Claude o tomou pelo pulso com o resto de forças ainda guardava.

_Primeiro Pam...Eu posso aguentar um pouco mais, ela foi lançada do veículo, creio deva estar para além do barranco a esquerda, Ivan.

_Não faça movimentos bruscos, respire devagar, senhor. Vou encontrá-la. Eu juro.

Tess era a vigésima vez olhava para o carrilhão da sala de estar, passava do meio dia e meia, e nenhum sinal dos filhos desmiolados.

Não era segredo: Pamela nem de longe dizia-se dela a favorita, mas ainda assim, devia se preocupar com a menina, afinal era uma Carter, e tinha também Claude.

O único varão, e futuro herdeiro de Weather Lake, lamentavelmente.

Um bon-vivant que esbanjava mais que prometia alguma glória futura, à perpetuação do bom nome da família Logan Carter; mesmo assim produto de seu ventre na juventude, e como mãe precisava zelar pelo casal, de alguma forma.

Onde Impera a PaixãoWhere stories live. Discover now