Capítulo 7

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Teresa com a escova de cabo de tartaruga, o longo chambre cor de creme arrastando até o chão, fitava a própria imagem no espelho oval.

As sobrancelhas arqueadas num ar de superioridade, vislumbrava a si própria, a beleza, que por encanto, os anos não lhe haviam roubado, muito pelo contrário, teriam aprimorado, deveras. Lapidado com cuidadoso refinamento.

Efetuadas três passadas rápidas nos cachos curtos, que balançaram com o gesto de cabeça, Tess afastou do colo e dos ombros delgados a fina renda, que abriu espaço para a camisola cara de cetim colada ao corpo.

Um corpo fenomenal, que qual ser vivente no mundo diria, ela teria dado a luz aos dezesseis anos a primeira filha:Beatrice?

Borrifou dois jatos de perfume por baixo da orelha, e estava quase satisfeita com a toalete noturna.

Mas de que adiantava fingir, estava tudo na santa paz, quando há menos de sessenta metros, à esquerda, Pamela agonizava.

E toda aquela atitude, vinha tomando em agir, como se algum pesadelo distante, por um deus pagão, sem permissão, adentrado seu magnífico império erigido com falsos sorrisos, e um coração trancado até chegasse a hora de beijar Satã: guardava a intenção de mantê-la afastada de tão inoportuno assunto, como a morte?

Obstáculo que já com a dor devida, ultrapassado ao perder Bea, logo, prematuramente dirimido de dedicar a quem quer fosse além da primogênita.

Seria esse o motivo extraviara a total empatia?

A ansiedade a morte não havia-la preservado, do curso natural, a mãe enterrar a filha mais amada?

O que havia de errado consigo?

Ainda era humana. E cristã devotada. 

Não obstante Teresa tinha pegado nos braços, a pequenina, e melindrosa Pamela. Porque razão não nutria qualquer pesar de sentimento maternal natural, com a última Carter?

Num arroubo de fúria, sacou a escova e atirou contra o espelho, seguidamente derrubou todo o estojo de maquiagem, pó de arroz, cremes e perfumes da penteadeira camarim em tom pastel.

Ranger de dentes, a única coisa capaz de por um lampejo, deformá-la as feições de perfil clássico. E ah, como Teresa rangeu.

_Eu não sou tão má.Não sou.Não tão má..._Começou a conversar com o brilho do espelho rachado, igual teia de aranha. Ciente dali instantes, Romeo iria sair de seu posto de vigília, e presto averiguar o que diabos estaria ocorrendo ali dentro.

_Como "ele" se parece com Edgard..._Tapou o rosto com as mãos. _Pamela não pode entender, é melhor ela morrer mesmo essa noite, antes, antes que...Oh eu sei, eu sinto, sinto.Vai cair em desgraça. Então morra, morra, sua condenada, facilite meu trabalho em acabar com isso antes tenha início, e morra, por favor morra...

A lembrança de Edgard qual evocada por um conjurador, na figura daquele homem, que fosse ele filho do próprio Lacey, duvidava, seria tão semelhante.

O que certamente, não se limitaria a aparência, mas também ao coração, o caráter, e as atitudes, sem vacilar. Ela diria.

E se era pra existir uma vergonha na família?Talvez fosse melhor se Pamela morresse.Porque um sujeito como aquele, era isso que trazia para o seio das casas, somente tormento, e desonra. O pressentimento, forte de que isso estaria mais cedo ou mais tarde engatilhado a acontecer, quando o vira surgir na chuva com a filha de Romeo, entre os braços, concretizou sua ideia de ocasional adivinha.

Onde Impera a PaixãoWhere stories live. Discover now