Capítulo 15

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O carrilhão do andar térreo marcava perto da meia noite, quando todos recolhidos, Pamela sem conseguir pregar os olhos, indignada por desde pronta para o jantar, viu-se acossada pelo vulto de Sean ao seu redor,sem lhe dar a chance de respirar um segundo sequer, como os homens de Agamenon teriam cercado o sopé de Troia até a derrocada da mesma.

Mas enganava-se McCallister ela cairia feito Cassandra dada como espólio ao fim da batalha, Pamela,na verdade via-se muito mais como uma orgulhosa Pentasiléia de arco em punho, disposta a lutar contra aquele disparate até o fim, e fazer o que fosse preciso, para escapar do que apenas conseguia enxergar como: escravidão?

Escravidão de seu ser.

Tolhimento inevitável da natureza rebelde, contestadora e provocativa, ela não sabia, tampouco desejava descobrir como sufocar.

Nunca!

Porquanto?

Tudo mais objetava  soltar ao mundo seria tão somente  gritar:Pamela Logan Carter era uma alma livre.

Ainda de mau humor, estava ruminando tais pensamentos quando ouviu uma leve batida discreta na porta.

Quem a procuraria à uma hora daquelas?

Descalça se levantou da cama, pegou o xale e jogou sobre os ombros.

Teresa fazia muito tinha ido se deitar, Romeo estava trancafiado no gabinete com Claude e Sean debatendo sobre a guerra na Europa, e Michelle alegando enxaqueca nem sequer havia descido para o jantar.

O som suave se repetiu, antes de ela poder girar a chave e pegar na maçaneta.

_Pamela, sou eu.Ralph...

Ela se surpreendeu ao vir o padre à entrada do quarto.

_Padre?O que deseja aqui, assim tão tarde?Pensei ia sair de viagem logo mais, antes do sol raiar.

_Deixe-me entrar sim?

Pam deu passagem e Ralph se esgueirou para dentro:_seu nariz minha pequena está vermelho.Andou chorando.

_É só alergia, faz tempo não venho a Weather Lake, acho estou meio constipada, só isso. _Mentiu, ela apesar de todo o auto discurso de guerreira nascida em abril,vinha comprometendo-se mentalmente de ser muito mais forte que aparentava sua delicada compleição, era ainda adolescente, e alguns momentos de choro abafado nos travesseiros, não fariam nada mal, no fim acabou por se convencer.

Ralph por sua vez, colocou ambas as mãos sobre os ombros dela e a fez mira-lo direto nos olhos:_para mim não precisa mentir. Sei o quanto é indômita e aguerrida, mas se permitir ser feminina, e de coração emotivo, também é uma dádiva, minha flor.

_Oh Ralph.

Pamela o abraçou e ele afagou os cabelos soltos da menina, enquanto ela fungava na camisa branca, deixando um rastro de lágrimas junto ao pescoço do sacerdote.

_Diga, vá fale-me, diga o que quiser.

_Eu sou uma farsa, um equívoco, queria mesmo ser essa pessoa você me pinta e faz: eu crer possa tornar um dia. Mas, mas nada que produzo gera frutos ou dá certo.

Ela o fitou como buscasse salvação, e de repente, parecia: a salvação não cabia mais ao amigo, um dia chegou a acreditar estava perdida e irremediavelmente apaixonada.

Não o reconheceu de certa maneira. Coisa esquisita.

Então, numa tentativa de camuflar o que real vinha mastigando insone, agarrada a um tomo de Ilíada, cuja lombada gasta não escondia era a milionésima vez, ela se debruçava sobre o amor maldito de Aquiles e Briseida, tentou desviar a conversa para outro foco, que nada tivesse a ver com Sean, e Ivan, no centro do conflito.

Onde Impera a PaixãoWhere stories live. Discover now