Capítulo 2

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_Se é ensopado de javali, o que a senhorita filha do patrão prefere de jantar, ensopado de javali, é o que ela vai ter, quando regressar, Senhor Carter. Tem minha palavra.

_Muito obrigado, Ivan, sabia que podia contar com sua ajuda. Nunca tive um funcionário, tão disposto a acolher meus pedidos extravagantes, como você, meu rapaz. Jura que não aceita um acréscimo em seu ordenado semanal, por esse serviço? É o certo, não lhe pago pra ser caçador, meu jovem. Sua recusa me surpreende.

_Lamento se o ofendi, mas de modo algum senhor, eu poderia me permitir receber mais do que já me oferece na fazenda, como salário e alojamento, comida que não falta em minha mesa. Simplesmente, não seria justo.

Não, depois de ter-me concedido à reforma do piano, eu levaria no mínimo três anos, para comprar um muito inferior ao que me deu, sem perguntas, chefe, e sempre serei grato por isso. De mais a mais eu gosto, de ficar no campo, sob as estrelas. Até chegar aqui tinha ciência que existiam tantas, mas nunca as tinha visto dessa maneira, em Peter ou San Isidro, Bangkok.Será um prazer atendê-lo, acredite.

_É um bom sujeito, garoto. Decente, reservado, mais viajado e vivido que a maioria dos bem nascidos eu conheço, integro, saudável e de excelente aparência. Apesar de estar a pouco tempo, entre nós, meus anos na marinha de Sua Alteza Real, ensinaram-me muito bem a julgar o caráter de um homem. Sei que esconde segredos, mas nada disso interessa na Austrália, se aqui espera começar uma nova vida, Weather Lake é um bom lugar para tentar, meu jovem.

Curvando os cílios espessos por sobre os olhos cinza cintilantes, quase no tom de gelo dos iceberg da Antártida, Ivan Alexander Petrovitch Alkaev, meneou a cabeça, e agradeceu tocando a aba do chapéu surrado com a mão direita enluvada em respeito.

_Bondade sua, patrão, sempre serei agradecido por ter-me tirado das minas e me oferecido o lugar de capataz, acreditou em mim, quando nem eu sabia, seria capaz de cuidar de algo tão grande quanto é sua fazenda senhor.

Foi honesto.

_Admito, Tess não vai muito com sua cara. Mas ela é assim, não gosta de ninguém, suspeito que nem mesmo de mim, _Romeo riu sem graça dando um trago no charuto, e derreando na cadeira por trás da escrivaninha, cruzou as pernas sobre a mesa,_ uma mulher incomum, mas não vivo sem ela. O amor da minha vida. Um dia vai saber como é ser louco por uma mulher, como eu sou por dona Tess, Ivan._ Augurou certeiro, sem rodeios.

Sorriu pensativo, uma sugestão surgindo-lhe na mente de rompante. Mas mudou de ideia, tão rápido a esse respeito, como numa brisa fria de outono ela lhe havia estranhamente ocorrido naquele instante.

E depois qual vital fosse justificar a indiferença de Teresa Marie, completou:_a pobrezinha tem lá suas razões, não a culpo. Ficou desse jeito cismada com tudo, depois da morte de nossa doce Beatrice, faz quatro anos.

_Minha falta, senhor, nunca disse isso até agora, mas na primeira manhã aqui, fui dar uma volta de reconhecimento nas terras, e vi sem querer a lápide da moça na ravina debaixo do velho salgueiro.

_Não carece se desculpar, Ivan, não é nenhum segredo, a forma estúpida como Bea morreu.

_Entendo.

_Pamela, sei, ainda se sente culpada pelo acidente. E quero ela entenda isso ficou pra trás, e imaginei, que melhor forma de mostrar isso a minha menina? Do que mandando fazer-lhe o guisado favorito, concorda ?Foi Sara Rhys quem me disse, e nem eu sabia, ela gostava tanto de javali, e como é um exímio atirador...Pensei, está feito.

Ivan moveu o peso do corpo de um lado para outro, e sentindo-se desconfortável no cômodo apertado, que mal cabia toda sua altura, tentou manter-se a uma distância respeitosa da mesa, e se recostou a lareira com o ombro, para não ter de pisar no caro tapete indiano, e marca-lo com o solado gasto pelo trabalho, das botas rotas de couro duro de canguru.

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