Capítulo XXXVIII

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Isís / Verônica


Fechei a porta e me apoiei com as costas nela. Encarei a sala vazia e soltei um suspiro.

_ Qual é destino? Minha vida já estava complicada o suficiente.

Eu sempre soube sobre os portais, as Predestinadas e tudo mais. A maior parte dos místicos sabe e a outra parte ignora para seu próprio conforto. Quando as garotas me encontraram no começo da noite, eu confiei nelas, deixei que me vissem fazer um feitiço proibido, de alguma forma eu sabia que elas nunca me entregariam para a Assembleia Puro Sangue. Isso era muito estranho.

Ouvi um miado seguido de um latido; meus bichinhos vieram correndo e pularam em cima de mim. Agachei e acariciei ambos.

_ Olá! Onde minhas feras selvagens estavam?

O gato de pêlo negro olhou em meus olhos e vi tudo o que ela tinha visto nas últimas horas, só que uma velocidade incrível.

_ Tudo certo por aqui, Noturno. Sua vez Precipício.

Olhei nos olhos do enorme cachorro cinzento e fiz o mesmo feitiço.

_ Muito bem! Não temos nenhum criminoso nesse prédio. Vou dar a comida de vocês; venham comigo. Depois temos que ligar pra mamãe; ela vai surtar.

Meia hora depois, coloquei minha bacia de prata em cima da mesa da cozinha e recitei o feitiço de comunicação. Minha mãe estava do outro lado do mundo em uma reunião da Assembleia e demorou a responder a minha magia.

_ O que quer Verônica? Estou ocupada. - Respirei fundo; pensando bem, esse negócio de ser Predestinada podia ser bom pra mim, que sempre fui desprezada pela minha família.

_ Eu, Verônica Vidotti, sua filha, peço a benção da Primeira, peço a proteção da água e da lua.

_ Eu, Yara, sua mãe, a Primeira, concedo a benção e a proteção.

_ Obrigada!

_ Estou com os Primeiros, temos problemas; fale logo o que quer.

_ Mãe, eu sempre fui rejeitada por algo que não tenho culpa. Já a minha irmã mais nova, Cristal, sempre foi a queridinha da família, mas quer saber? Esse Assembleia Mística vai ter que me engolir.

_ Me ligou pra uma sessão de acusações e psicologia barata? Estou ocupada Verônica.

_ Aposto que Cristal está aí não é? Acompanhada do seu marido perfeito; o mestiço elfo de primeira geração. Vocês nunca se importaram comigo. Não viam a hora de eu fazer doze anos pra me por pra fora de casa.

_ Chega! Devia ligar pro seu pai; você é responsabilidade dele.

_ Estou certa de que agora sou responsabilidade sua também; sua e da sua Assembleia dos Primeiros. Sabe por quê? Não é sua preciosa Cristal a membro mais importante da família; a primeira feiticeira de espelhos em milênios. Dane-se ela e seus espelhos e dane-se toda a humilhação que ela fez comigo! - Fiz uma pausa e respirei.

_ Verônica, está passando dos limites! Sua irmã é uma raridade, uma joia para família enquanto você é uma vergonha; então se ponha no seu lugar e só me ligue se for algo realmente importante.

_ Ah! Quer algo importante? Então escuta essa: Eu, Verônica Vidotti, a vergonha ambulante da família, rejeitada pela mãe, negligenciada pelo pai, sou uma das Predestinadas.

Minha linda mãe arregalou os olhos e parecia não acreditar no que tinha ouvido.

_ Como assim, "Predestinada"?

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