Capítulo XXIII

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Ester


Otávio disparou a arma enquanto Rodrigo o lançava para longe com um movimento das mãos. Corremos para o Dr. Bonitão e Karen.

_ Vocês vieram!

_ Claro que sim, nunca abandonaríamos você. - Sara era sempre melosa.

_ Vamos curar você, não se preocupe. Rodrigo cuide do Otávio.

Rodrigo obedeceu Morgana; foi quando percebi que a bala disparada pelo vice-prefeito maluco tinha atingido Artur.

_ Ele acertou você.

_ Está tudo bem, acho que foi só de raspão. - Artur nos encarava com um misto de surpresa e dúvida.

_ Não, o tiro atingiu seu peito, era pra você estar morto, não era? - Eu já não tinha certeza de nada, meus instintos estavam enlouquecendo.

Dulce pegou Karen e a afastou de Otávio, enquanto Sara começou um feitiço de cura. Morgana abriu a camisa do príncipe encantado de ébano, coisa que eu me imaginei fazendo muitas vezes. A bala atingiu um lugar onde o coração deveria estar, ao vê-lo sem camisa e ferido, perdi o controle e me transformei.

_ Ester acalme-se! - Quando dei por mim já avançava sobre o vice-prefeito que estava caído.

_ Ester, você não quer machucá-lo, se fizer isso vai se arrepender depois.

Rosnei para Rodrigo; a verdade é que queria machucar os dois, então me lembrei que Artur estava ali; aquele homem alto, negro, forte, com olhos verdes tão lindos... Ele não ia ter uma boa impressão minha se eu estraçalhasse Otávio. Contive meus instintos e consegui assumir a forma humana.

_ Você tem sorte do Artur estar aqui. - Resmunguei já na forma humana, enquanto voltava para perto do bonitão. - Como ele está?

_ A bala está dentro dele, temos que levá-lo para o Dr. Vicente.

_ Então vamos sair daqui.

Dulce carregou Karen como se ela fosse feita de papel. O feitiço de Sara tinha a deixado menos pior, mas ainda não conseguia andar. Rodrigo ajudou Artur a caminhar, coisa que eu preferia fazer, mas estava meio suada e não queria que ele sentisse meu cheiro. Saímos do porão e deixamos Otávio preso.

_ Vou avisar a Assembleia e deixá-los decidir o futuro dele.

Senti o cheiro de fumaça enquanto subíamos a escada, isso não era nada bom.

_ Está pegando fogo.

Quando nos viramos, vimos as chamas se alastrando rapidamente. Senti alívio ao lembrar que meu pai estava de folga.

_ Minha nossa!

_ Temos que apagar o fogo ou o hospital já era.

_ Dulce, leve Karen daqui, Ester, ajude o médico. Eu, Morgana e Sara vamos apagar o incêndio.

_ Tudo bem.

_ Eu não vou a lugar algum. Não sei o que vocês são e nem porque o Otávio fez isso, mas, tem muitas pessoas internadas aqui; elas estão fracas e não vão conseguir sair a tempo se não forem avisadas. Vou avisá-los e só saio quando todos estiverem em segurança.

Nessa hora eu fiquei mais que derretida; lindo, inteligente e com espírito de herói... Era perfeito.

_ Não será necessário. Vamos apagar o incêndio antes que se alastre. Ester, tire ele daqui.

Dulce correu com Karen nos braços pelo hospital enquanto eu e Artur percorremos os corredores o mais rápido que o ferimento dele o permitia andar, até chegarmos à sala de cirurgia. Ajudei-o a deitar e fui procurar o Dr. Vicente.

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