Capítulo XII

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Carolina


Saí da mansão de Mateus carregando minha mala. Aproveitei que ele estava em reunião e João estava dormindo, e passei pela porta dos fundos. Alguns empregados me olharam, mas não perguntaram nada, sempre eram muito discretos. Com certeza sentiria falta desse lugar, mas logo eu teria a minha própria mansão. Entrei no táxi e, durante o trajeto, relembrei os acontecimentos que me levaram a abandonar meu marido doente que sempre foi um fardo pra mim: Logo que chegamos a capital fomos recebidos pelo meu cunhado milionário. Mateus era o irmão mais velho, tinha 53 anos, e era o negro mais bonito e charmoso que conheci na vida. Ele desculpou-se por não poder nos acompanhar ás clínicas onde João deveria fazer os exames, mas nos deixou seu motorista a disposição e também outros benefícios que o dinheiro podia trazer. Em uma das consultas em que fui com meu marido, conheci um homem muito mais velho do que eu; Henry era um empresário norte-americano que detestava os filhos. Ele sabia que estavam contando os dias para que ele morresse e ficassem com toda sua fortuna. Por ocasião de uma viagem de negócios ao Brasil, descobriu uma fraude na filial daqui; seu coração não aguentou e ele enfartou. Lembro-me com clareza do nosso primeiro encontro. Ele estava furioso, queria que seus filhos pagassem, e teve a ideia de me usar para isso. Eu era o tipo de mulher que eles sempre afastaram do pai para proteger a herança. Henry me propôs deixar toda sua fortuna em meu nome com a condição de que partisse com ele para a América e infernizasse a vida de seus herdeiros. Amei a ideia, tenho muita prática nisso. Meu plano quando cheguei à capital era seduzir meu cunhado - bonito e rico - o que mais eu poderia querer? Mas tornar-me esposa de Mateus demoraria, e eu tinha pressa de ficar rica. O táxi estacionou em frente ao aeroporto; em poucas horas eu estaria em um país de primeiro mundo e viveria a vida que mereço.

_ Senhora, por favor, me acompanhe, o jatinho está pronto.

_ Pegue minha bagagem, precisarei dela até fazer compras.

Caminhei apressadamente até o jatinho, Henry já estava lá dentro visivelmente irritado.

_ Carolina, eu te disse para usar sua melhor roupa e você me aparece vestida com isso? - O sotaque de Henry me irritava, mas teria que me acostumar com isso.

_ Essa é minha melhor roupa. Se você tivesse me dado dinheiro para comprar algo melhor...

_ Você só verá meu dinheiro depois de anunciarmos nosso casamento para meus filhos.

_ E isso será quando?

_ Em dois dias. Meus advogados brasileiros entrarão com seu processo de divórcio amanhã, tem certeza de que seu marido não será problema? Não quero nenhum impedimento para você assumir meus negócios aqui quando eu morrer.

_ Tenho certeza de que ele vai assinar.

O jato decolou e eu me despedi da minha antiga vida sem nenhum arrependimento, finalmente teria tudo que sempre quis, e não precisaria mais aguentar João e sua filha estranha. Sorri vitoriosa enquanto a cidade sumia em meio às nuvens.

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