Capítulo XXV

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Artur


Abri os olhos e encarei confuso, a garota sentada ao meu lado.

_ Morgana?

_ Oi! Como você se sente?

_ Um pouco tonto.

_ Sente dor.

_ Não, mas estou com sede.

_ Vou buscar água.

Quando ela saiu, tentei organizar meus pensamentos. Lembrei de Dalila, da garota torturada no porão do hospital, da cena de filme de terror que vivi com a pequena loura e Otávio, da sala de cirurgia, depois disso, tudo era um vazio. Morgana voltou com um copo de água e me entregou. Bebi e tomei coragem para fazer uma pergunta que estava martelando em minha cabeça.

_ O que você é?

Sabia que a resposta podia mudar toda a minha concepção do que era real e do que era conto de fadas, mas não tinha como escapar disso. Ela me encarou séria e eu ouvi de sua boca algo tão absurdo que não teria acreditado se não fossem os acontecimentos dessa manhã.

_ Sou uma bruxa.

Arregalei os olhos e pensei nas histórias de princesas onde a bruxa era sempre malvada. Como se pudesse ler meus pensamentos, ela sorriu de leve, para a minha surpresa também sorri.

_ Você não parece uma bruxa má.

_ Hoje é meu dia de folga. - Sorriu de novo.

_ Não costumo julgar as pessoas pela aparência, mas você parece ser muito jovem pra ser uma bruxa. Quantos anos você tem?

_ Tenho quinze anos, e para o seu governo nasci bruxa, na verdade fui a bebê bruxa mais rebelde da história.

Olhei para ela atentamente; blusa de uniforme escolar customizada com taxinhas e correntes, saia jeans preta, coturnos de cano curto pretos com uma meia sobressaindo listrada de preto e branco. Anéis, brincos, pulseiras...

_ Nunca imaginei uma bruxa metaleira.

Ela soltou um riso alto, e não era o riso que as bruxas tinham nos filmes, era um som harmonioso... A garota a minha frente era linda. Cabelos negros, longos e lisos, emolduravam um rosto branco perfeito; seus olhos eram cor de esmeralda. Com certeza eu nunca tinha imaginado uma bruxa assim.

_ Tem outras bruxas na cidade?

Ela me encarou zombeteira.

_ Sim e você conhece mais bruxas do que imagina.

Pensei nas minhas pacientes mais estranhas e foi como se ela lesse minha mente de novo.

_ Você não as conhece do hospital; nossa saúde é ótima.

_ Estou curioso; quem são elas?

_ Dr. Artur, vai saber disso na hora certa.

_ Por favor, me chame de Artur.

_ Ok! - Ela me olhou curiosa.

_ O que foi?

_ Você nunca reparou nada de diferente em seu corpo?

Encarei Morgana com dúvida; o que podia haver de diferente em meu corpo?

_ O que você quer dizer?

_ Você é um mestiço de troll. - Arregalei meus olhos.

_ O quê?

_ Você é provavelmente um mestiço de humano e troll. - Minha cabeça girava.

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