Eric abriu os olhos. Um zumbido ensurdecedor tomava seus ouvidos. Tinha a impressão de que sua cabeça explodiria – não apenas pelo barulho, mas por uma dor tão forte como nunca sentira. Seus olhos enxergavam apenas um borrão, quando tentava focalizar a realidade ao redor – demorou alguns minutos para entender onde se encontrava.
Deitou-se, procurando respirar fundo e acalmar-se. Estava sobre uma superfície muito desconfortável, e suas costas doíam. O que estava acontecendo¿ Fechou os olhos e procurou se concentrar, para evitar o desespero. Quais suas memórias recentes¿
Lembrava-se que era noite. O último toque já havia soado e ele se recolhera. Estava à espera de Brad, que logo chegou. Depois de alguma conversa, ele surpreendeu o jovem:
- Tá afim de uma aventura¿ - Ele perguntou.
Tinha uma garrafa de vinho e duas taças na mão. Eric achou aquilo perigoso – o que nunca havia detido nenhum dos dois antes, era verdade – mas também bastante excitante. Estava em dúvida.
- Não sei ... parece meio arriscado.
Brad revirou os olhos.
- Você não tá lembrado, né¿
Eric franziu o cenho.
- Lembrado de quê¿
O homem sorriu.
- Hoje faz um mês que a gente começou a ... sair¿ Namorar¿
O jovem ficou sem reação.
- Você tá ...
Brad hesitou por alguns segundos.
- Te pedindo em namoro¿
O outro assentiu.
- To sim. Aceita¿
Eric explodiu de felicidade. Namoro¿ Tinha se pegado, na última semana, pensando naquela possibilidade. Quatro semanas tinham sido mais que suficiente para perceber que desejava um relacionamento mais sério.
- É claro que aceito! – respondeu, com um sorriso imenso no rosto.
Se beijaram. O jovem voltou-se para seu robô e disse que sairia. Desligado protestou por algum tempo, mas logo percebeu que era inútil.
- Tudo bem, senhor. Ficarei recarregando.
- Aonde vamos¿
- À Bolha!
Ele gostou da ideia. Nunca voltara ao lugar, embora sempre houvesse pretendido. Caminharam pelos corredores silenciosa e rapidamente. Já lá dentro, ficaram por um bom tempo admirando as imagens do planeta, através do telescópio.
Daí em diante as lembranças se tornavam escassas e embaralhadas. Lembrava-se da imagem das taças cheias de vinho – Eric não havia bebido muita coisa. Lembrava-se de que, a certa altura, se beijavam calorosamente. E então não havia mais nada - as memórias sumiam.
Qual era aquele lugar, afinal¿ Procurou se concentrar - estava começando a melhorar. Forçou sua visão e distinguiu, ao seu redor, algo que pareciam cadeiras. Cadeiras¿ Não fazia sentido. O único lugar em que havia tantas cadeiras era ... o refeitório!
Ele se desesperou. Se, de fato, estivesse no refeitório, poderia ser descoberto facilmente. Respirou fundo. Naquele estado, não tinha como pedir ajuda a Desligado. Não tinha como se levantar, também. Recorreu ao último recurso dos desesperados – resolveu rezar.
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Todas as Estrelas Cairão do Céu
Science Fiction"Aquele era, sem dúvida, o sujeito mais esquisito que havia visto até então. Era sinistro, na verdade. Vestia-se com uma imensa capa, que o cobria até os pés. Seu corpo não parecia sólido - era feito de um gás preto, que de alguma forma permanecia d...