QUARENTA E TRÊS

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Warna se acomodou na nave apertada. Era desagradável estar dentro daquela coisa – não necessariamente pelo desconforto, mas pelas lembranças que ela trazia. Era impossível não reviver o medo experimentado quando foi levada a julgamento, sem saber o que seria feito de sua vida.

A porta do Velocip se fechou com lentidão. Stagower estava distraído, observando o fundo do mar por uma das aberturas. Sua mente distraiu-se entre os mais diversos pensamentos, indo de uma preocupação à outra. Com um solavanco, começaram a viagem. Zoggi os acompanhava, eventualmente transmitindo instruções ao comandante. A distração do rei não lhe passou despercebida.

- Warna¿ - Ele chamou a amiga, evitando que os outros lhe ouvissem.

- Sim.

- Stagower não está bem.

- Também notei.

- Me sinto culpado, mesmo sabendo que não devia. Gostaria de ter notícias melhores para entregar.

- Você realmente acha que nossas chances nessa guerra são tão ínfimas¿

- Depois do que ouvi naquela ilha, não acho que sejam sequer ínfimas. São inexistentes.

- Não consigo imaginar o que esteja se passando na cabeça do rei. Saber que você não conseguirá executar seus deveres e tantos morrerão por isso ... é compreensível que ele esteja tão desolado.

- Penso o mesmo. Estou com medo, Warna. Por mim e pelos meus filhos.

- Eu também, Zoggi.

O Velocip seguiu viagem, sacudindo mais do que ela se lembrava. As águas da região estavam turvas e mais geladas - segundo Stagower, era o efeito da presença dos esfumaçados. Os animais marinhos, quando não estavam mortos, haviam assumido uma aparência cadavérica.

Demoraram a chegar. Todos tremiam quando o Velocip emergiu, revelando uma ilha coberta por nuvens baixas. Era difícil imaginar seu tamanho, à distância. Impossível entrar no mar e nadar até a costa – provavelmente chegariam mortos até lá, tão fria era a água.

O rei suspirou, como se o fardo lhe pesasse ainda mais.

- Pronta¿ - Perguntou a Warna.

- Sim. Mas ...

- Mas¿

- Você não pretende nadar até a costa, né¿

O rei deu um sorriso cansado.

- Não. Vamos até lá sem colocar os pés na água.

Warna-San fez uma cara desconfiada, provocando uma gargalhada espontânea em Stagower. O rei estendeu uma das mãos.

- Confia em mim¿

Ela assentiu. Não havia outra opção, de qualquer forma. Segurou a mão do rei e, sem que esperasse, ocorreu. Já não estava mais ali. Sentia seu corpo se mover em alta velocidade, sem a menor ideia de onde estava. Conseguia observar os raios de luz pelos quais passava mudando de cor e forma a cada segundo.

Sem aviso, seus pés tocaram o chão. Suas pernas bambas despencaram, fazendo-a cair sobre o que um dia fora um arbusto. Ficou ali por algum tempo, recuperando o fôlego. Sentia-se tonta.

- Warna¿ - Era a voz de Stagower.

Murmurou uma resposta. Continha-se para não vomitar.

- É assim mesmo! O enjoo e a tontura passam rápido.

Ele tinha razão: não demoraram a passar. Levantou, se apoiando sobre os arbustos. Olhou ao redor e não conseguiu ver muito coisa - as nuvens estavam tão baixas que cobriam a ilha.

- Não consigo te enxergar! – Ela gritou para o rei.

Sentiu uma mão agarrar-lhe o cotovelo e puxá-la.

- Estou aqui.

- Não vai dar pra ver muita coisa com essas nuvens.

Stagower concordava. Estava relutante em dissipá-las, pois alertaria os esfumaçados sobre sua visita, quando voltassem. Mas não parecia haver outra opção. Com um aceno, fez as nuvens ganharem altura, até estarem distantes o suficiente para que parecessem parte do céu.

À medida que elas subiam, uma imagem desoladora descortinou-se. O que fora, a certa altura, uma grande ilha tomada por vegetação exuberante tornara-se um cemitério. As plantas haviam secado até a morte, caindo sobre os esqueletos dos animais.

- Uau! – Exclamou Warna-San – Por que fizeram isso¿

- Não acho que tenham feito intencionalmente. A presença prolongada dos esfumaçados costuma ser fatal para formas de vida menos resistentes.

Começaram a explorar a ilha – que, apesar do relato de Zoggi, não parecia ter mais do que uma infinidade de árvores mortas. Longos minutos se seguiram até que conseguissem encontrar algo. Numa área devastada, a enorme estrutura de metal e vidro se erguia. Tinha forma de um cubo, embora a parte de cima fosse aberta.

- O que é isso¿ - A mulher perguntou.

O rei deu de ombros.

- Pode ser tantas coisas. Não tenho a menor ideia – respondeu, levando uma das mãos à cabeça, em sinal de desespero.

- Você vai entrar¿ - Perguntou Warna, receosa.

O rei olhou através do vidro. O interior era composto por espaço vazio. O que mais chamou a atenção de Stagower, no entanto, não estava ali. Ao contornar a estrutura, em busca de detalhes, acabou tocando o metal com força. Não tivera a intenção, mas ficou agradecido pelo acidente: o metal assumiu a forma de sua mão e, depois de alguns segundos, voltou a sua forma original.

- Não faz sentido ... fesere¿

- Fesere¿ - Indagou Warna-San – O que é isso¿

- Uma liga metálica. É feita a partir de um metal que só existe em Esp-Cor, chamado Fes. Era muito utilizado no tempo áureo das navegações, para fazer as velas dos navios. Ajudava a navegar com mais estabilidade. É a escolha mais inusitada, eu acho ... veja você mesma!

O rei segurou a mão de Warna-San e a pressionou contra a viga. Como antes, o metal assumiu a forma de sua mão e depois voltou ao normal.

- Por que usariam isso para uma construção¿

O rei deu de ombros.

- Não tenho a menor ideia. Mas acho que esta pode ser uma pista importante para descobrirmos do que se trata este lugar. Depois de vê-lo de perto, eu duvido que tenha alguma função militar.

- Isso é ótimo, não é¿

O rei assumiu uma expressão sombria.

- Ótimo¿ Algo me diz que isso é algo pior do que podemos supor.

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