VINTE E QUATRO

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Rebecca abriu os olhos - o mundo girava ao seu redor. Um zumbido estridente dominava seus tímpanos, parecendo capaz de explodi-los. Foram necessários alguns segundos para colocar a mente em ordem e lembrar-se do que acontecera.

- Está tudo bem¿

Rebecca assustou-se. Era a voz de Jay. Percebeu que estava deitada em um sofá – bastante confortável, aliás. Ele estava numa poltrona ao lado. Levantou-se abruptamente, ao percebê-lo tão perto.

- Eu sempre fui uma boa empregada, não fui¿ Lavava a louça direitinho ... bom, às vezes ficava uma sujeirinha ou outra, mas ... pra ser honesta, ficava muita sujeira, porque eu sempre odiei lavar ... o que eu to tentando dizer é que ... meu Deus, nem eu sei o que to querendo dizer, mais.

Jay arregalou os olhos, assustado.

- Becca¿

Foi a vez de Rebecca arregalar os olhos.

- Como assim, "Becca"¿ Tá querendo se fazer de bonzinho pra me atacar sem que eu espere, né¿

Jay fez cara de quem não entendeu.

- Te atacar¿

- Não adianta negar! Eu tava meio zonza quando você chegou no restaurante, depois que aqueles esquisitos tentaram me matar, mas eu sei bem que foi você me trouxe pra esse lugar ... – ela deu uma olhada ao redor – seja ele qual for, fazendo algum tipo de magia, que nem eles!

Jay começou a rir. Rebecca amoleceu por alguns segundos – sempre se distraía quando Jay sorria. Respirou fundo, contudo - era sua vida que estava em jogo.

- Tá rindo por quê¿

- Por que você acha que eu sou um mago ... ou algo assim.

- Bom, normal que você não é, né¿

- Isso é verdade.

- Então você admite! – Rebecca apontou em sua direção, como se houvesse chegado a uma constatação brilhante.

Jay começou a rir novamente.

- Se você me permitir elucidar, Becca, vai ver que existe uma explicação um pouco menos ... mágica.

Rebecca voltou ao sofá, um passo atrás do outro, ainda desconfiada.

- Promete que não vai me machucar¿

- Prometo.

- Ok. Pode falar.

O homem suspirou, procurando uma forma de iniciar.

- Becca, eu não sei como começar essa história – ele coçou a cabeça.

- Começar pelo começo sempre funciona – Rebecca revirou os olhos.

- Esse é o problema ... não dá pra achar um começo.

Ela suspirou, impaciente.

- Tem um resumo¿

Jay tentou achar uma forma delicada de contar a história. Não conseguiu encontrar outra maneira que não a verdade, sem rodeios.

- Bem, lá vai: – suspirou, temendo a reação de Rebecca – eu não sou deste planeta.

A mulher começou a rir, escandalosamente.

- Então isso quer dizer que você é o quê¿ ET¿ Porque isso realmente é muito mais sensato que magia, né¿ – Ironizou.

Jay manteve uma expressão séria. Levou algum tempo até que Rebecca percebesse que não era brincadeira.

- Tá falando sério¿

Todas as Estrelas Cairão do CéuOnde as histórias ganham vida. Descobre agora