CINQUENTA E CINCO

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De repente, tudo voltara ao normal. Warna-San estava com os pés sob a água gelada dos mares de Esp-Cor, observando o horizonte. Era um dia agradável: nem quente, nem frio. O sol brilhava no céu e uma brisa agradável brincava com seu cabelo. Há quanto tempo não sentia aquela brisa!

A ilha tinha um cheiro inconfundível. Um cheiro de casa. Mesmo nos dias mais tempestuosos o lugar tinha um aspecto protetor – como se Warna estivesse dentro de uma bolha, defendida de qualquer perigo.

Olhou para trás, se deparando com a cabana onde morara durante toda a vida. Sentia saudade. Um cheiro familiar vinha dali – cheiro de comida. Havia alguém lá¿ Caminhou em sua direção, apreciando a areia fofa afundando debaixo dos pés. Entrou pela porta e, para sua surpresa, deu de cara com a mãe, que se alimentava.

- Warna-San! – A mulher reconheceu a filha com surpresa.

- Mãe!

Lágrimas vieram aos olhos de Warna. Correu até a outra e a abraçou com força.

- Sente-se e coma comigo! – Ordenou, com alegria, ao se livrar do abraço da filha.

Warna fez como a mãe mandara.

- Há quanto tempo não nos vemos!

- É verdade!

- Me conte! Você conheceu a capital¿

- Sim! Como é maravilhosa! Mesmo que esteja num estado decadente, ainda é magnífica. Meu lugar preferido é o palácio real. Nunca imaginei que houvesse algo tão requintado, mesmo na capital!

Sua mãe acenou afirmativamente.

- Também acho aquele prédio incrível. Imagino que tenha conhecido Stagower.

- Sim! Um homem muito agradável, embora triste.

A outra concordou.

- É assim desde que o conheci. Sinto muita pena, para dizer a verdade. Um único momento de fraqueza e hesitação o marcou para o resto da vida. Por falar nele, como está o treinamento¿

- Bem. Ótimo, para dizer a verdade. Ele tem ficado surpreso com a velocidade com que minhas habilidades têm se desenvolvido.

Sua mãe sorriu, com uma expressão de orgulho no rosto.

- Desde que você afundou aquele navio, anos atrás, eu soube quão grande era seu poder.

- Você sabia que eu tinha feito aquilo¿ - Warna ficou assustada.

A mulher deu de ombros.

- Imaginei.

- No fundo, eu também sabia.

Ficaram em silêncio. Por algum tempo, a mulher ficou examinando a filha, como se buscasse compreender algo.

- Não é o que eu esperava – A mãe concluiu.

- Como assim¿ - Warna ficou intrigada.

- Você. Seu estado de espírito. Por que não está feliz¿ Conhecer o mundo fora desta ilha sempre foi seu sonho. Quando você finalmente conseguiu, volta com essa expressão¿

Warna-San sorriu palidamente.

- Bem, descobri que o mundo que eu procurava existia na minha mente, e só ali.

- Explique-se.

- Quando eu sonhava com a vida fora da ilha, imaginava um mundo cheio de excitação. Queria conhecer os palácios, as ilhas distantes, até mesmo outros planetas. Queria me apaixonar por quantas vezes fosse possível por criaturas exóticas, queria conhecer as civilizações avançadas, queria viajar numa nave pelo espaço. Pensava que a vida seria algo bonito.

Sua mãe sorriu, com compaixão.

- Ao contrário de tudo isso, quase morri afogada. Fui levada a julgamento, me dei conta de que ser protegida do rei significava algo não tão empolgante e percebi que tudo o que eu sabia sobre minha vida, até ali, tinha sido uma mentira.

- Isso é o que nós chamamos de vida, minha querida.

- Eu sei. Mas não deixa de ser ruim.

A outra assentiu.

- E nem tudo foi mentira. Eu posso não ter dito a verdade sobre sua origem, mas tudo o que nós vivemos nesta ilha foi verdadeiro. As alegrias, as tristezas, os dias de fartura e os de fome – e o amor, acima de tudo. Você é minha filha.

- Obrigada por dizer isso.

Warna deitou no ombro da mãe, que lhe acariciava o cabelo. Fechou os olhos, deixando-se tomar pelo calor que o amor de sua mãe inspirava em seu coração. Pensava que aquela sensação estava perdida para sempre.

- Queria poder voltar para a ilha. Queria que tudo fosse como antes – Warna-San afirmou.

A mulher sorriu.

- Acho que todos os seres humanos desejam, minha querida. Mas eventualmente nós temos que remar o barco para longe e enfrentar a correnteza.

- Não devia ser assim.

Sua mãe deu de ombros.

- Podemos questionar a vida pela eternidade, Warna. Muitos se perdem na fúria, na frustração, na tristeza. É preciso coragem para encarar a existência, para estar em paz com o fato de que provavelmente teremos um motivo a menos para sorrir a cada lua, que perderemos muito mais do que ganharemos. É preciso serenidade para entender que não somos o centro da existência.

A mulher olhou nos olhos da filha.

- Mas nunca se esqueça – ela continuou – de que por pior que sejam as tempestades, eu e nossa ilha sempre estaremos em seu coração. Lembre-se disso quando as dificuldades parecerem intransponíveis.

Warna-San abriu os olhos, deparando-se com a escuridão de seu quarto na Base. Uma lágrima escorria por seu rosto, calmamente. Sentou-se na cama, ainda emocionada pelo sonho.

Não conseguia colocar em palavras a sensação de estar com sua mãe, outra vez. Ela sabia que fora um sonho. Mas havia sido real o suficiente para que se sentisse estupefata. Mesmo depois de sua morte ela continuava a ser um porto seguro. Fora necessário se reencontrassem em sonho para que Warna-San descobrisse algum sentido no que vinha vivenciando.

Levantou-se, andando de um lado para o outro. O sol ainda estava longe de se levantar - levaria tempo para digerir aquele sonho.

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