Ivan fingiu não ouvir a ofensa e deu de ombros.

_O que quer eu faça? Não sou da família. Não sou um Carter. Era você quem devia estar no quarto com ela, ao menos como apoio moral, eu diria.

_Tem razão Ivan, a culpa foi minha, eu queria me exibir pra Pam, corri mais do que devia, e agora ela está lá em cima e...

De repente nesse instante, houve o tropel solene, e tanto Ivan quanto Claude, ambos sentiram simultâneo como um soco de pugilista carcamano, fosse enfiado no meio da barriga sem dó nem piedade, pois juntos, igual estivessem de combinação se levantaram num salto em respeito.

As cadeiras feito harpias de azar fazendo barulho no piso lustrado.

Sara veio na frente chorando, enxugando as lágrimas no avental engomado, seguida de Tess que muito rija estava abraçada ao almirante,  de charuto aceso; o que era um sinal ruim, muito ruim, Claude reconheceu, pra sua imensa culpa e tristeza.

Romeo Carter  trazia os olhos vermelhos, embora sem lágrimas.Ivan notou.

Ainda assim, a efígie apática do cavalheiro, mal recordava o homem vivaz e bem humorado, o funcionário conhecia desde a época trabalhara na mina de Shadow Hurt, pra lá das colinas rubras.

Entretanto, se sua observação pudesse ser levada em conta ou valesse de algo, Ivan, julgava: quem parecia mais abalado de todos, por mais incrível que fosse, de longe dizer-se-ia em choque, seria o doutor Patrick Gunther Beaufort, Ivan percebeu franzindo o cenho, e largando a caneca, que o médico sem se preocupar com o que tinha dentro, enfiou uma boa dose de conhaque que tirou do colete, e bebeu de uma vez.

_Uma coisa tão pequena, não acredito vou perder essa menina, eu conheço desde ela teve sarampo._Esmurrou a mesa. _Foi você quem fez o torniquete não foi?

E súbito Ivan gelou, pensando que talvez tivesse feito alguma cagada, tipo cagada grande, ainda que a intenção fosse a melhor.Se bem que, sabe como é, o inferno está coalhado até as tampas de boas intenções.

_Sim, foi._Era homem pra admitir, e pagar pelo erro, qual fosse à punição e consequência.

O médico idoso, mas bem postado, de cabelos brancos escorridos na testa e amigáveis olhos verdes por trás de lupas, em mangas de camisa, bateu no ombro de Ivan: _belo trabalho garoto.Nem eu, em mesmas condições talvez, tivesse feito melhor. Onde aprendeu primeiros socorros, cirurgia de campanha?

_Li num livro.

Foi à resposta curta e honesta de Ivan, somente escondeu: esse livro era chinês, e seu mentor um quiroprata de Hong Kong, que atendia nas barcaças em troca de ópio, aguardente e arroz.

E sem imaginar numa circunstância igual aquela, Ivan meio que fuzilado pela tropa de Sergei, mais uma vez,estava na mira de Teresa Marie Logan Carter. _É, mas pelo visto de nada adiantou, suas inesperadas "habilidades" como o doutor disse: mesmo? Ah sim, de cirurgia de campanha. Pat já desenganou minha filha, senhor Ivan Alexander " nome impronunciável do meio" Alkaev.

_E vejo como emocionada a senhora se encontra. Vai ver é o baque, correto, de perder a segunda menina em menos de uma década, madame?

_Calma aí Ivan, sei que fez o melhor que pôde, mas não vou permitir que trate minha esposa dessa forma. Outra dessa e está no olho da rua, ouviu bem?

_Certo chefe. _Desculpou-se sinceramente.

_Como está Pamela? _Perguntou Claude, quase sufocado, se arrependimento matasse...

_Sua irmã vai morrer.A não ser houvesse nessa casa um milagre.

_Milagre?_Claude repetiu num sussurro.

Onde Impera a PaixãoWhere stories live. Discover now