Onde Impera a Paixão

Capítulo 3

_Calma, querida, calma, _pediu o almirante, a mão pousada no ombro da esposa, sempre rígido aos seus gestos afetuosos, além das infindáveis enxaquecas, que enchiam de libras os bolsos do farmacêutico de Broken Hill, Jefferson Willys, e as inúmeras consultas de Pat Beufort o único médico das redondezas. _Sabe os trens atrasam, e Pam pode ter pedido para dar uma volta na cidade, fazer uma boquinha antes de vir para fazenda direto.

Confio em Claude, apesar de um cabeça de vento, ele gosta muito da irmã, e tenho certeza não faria alguma pataquada, com ela por perto.

_São sessenta quilômetros eu sei, mas de carro, não tomaria mais que duas horas e meia para ir e voltar, Romeo, há de convir. _Retrucou Teresa veemente, um lenço de seda apertado entre um terço e as mãos em concha, torcidos de um jeito, que parecia uma trança.

_Já disse, vai ver Pam resolveu ir ao armazém comprar alguns doces, mulher.

_Ela tem dezessete anos, almirante, dezessete anos. Moças nessa idade preocupam-se em manter a cintura, não engordar com guloseimas de caramelo, de armazéns empoeirados, esteja certo disso.

_Vou mandar Sara preparar uma limonada, Tess, com bastante açúcar para sossegá-la os ânimos, Ivan está pra chegar, ele me prometeu o javali, vou dar uma olhada se o garoto apareceu, pode ser: ele tenha notícias dos dois.

_Então é com isso está preocupado, senhor Carter, com o retorno de seu eficientíssimo funcionário, e não com o atraso de seus "amados" filhos, é sério?

Romeo com a sugestão nada apropriada da esposa contraiu o rosto, sempre tão aparentemente relaxado, numa ruga mal humorada: _Sou um pai devotado, Teresa, e nunca nenhum dos meninos me foi distinto, em afeição até hoje, nem mesmo Bea, sabe disso melhor que ninguém. Eu a amava.

_Pois, por favor, senhor, já que está disposto a ir aos barracões em busca do tal forasteiro, e do infame javali ele "jurou" trazer essa manhã, sugiro, junte seus homens, e mandem numa busca até a cidade.

A última vez, tive essa intuição, perdemos Beatrice.

Portanto, não duvide dos pressentimentos de uma mãe, por mais alarmantes que sejam.

_Tem razão, vai que o carro possa ter quebrado um eixo, ou coisa parecida?_Coçou o queixo e apagou o charuto fino, num jarro de bronze, admitindo: _Claude saiu sozinho, logo depois do café. O sol nem tinha nascido direito, está certa, Tess, vou falar com Papa Sukru e Eoghan Davine, para dar uma olhada nas redondezas, está bem?

_Obrigada, senhor Carter, penso que devia me ouvir mais vezes, evitaria maiores problemas, mais do que já os temos, desde resolveu fechar a mina em Shadow Hurt. _Ela finalizou antes de checar outra vez o carrilhão, eram meio dia quarenta e cinco._A propósito, avise ao Eoghan, não ao "nativo", que desejo ele leve um bilhete meu até o jovem  McCallister na próxima semana, precisamente na terça.

_Claro, mas posso pedir ao Ivan que...

_Ivan,Ivan,Ivan tudo parece se resume a esse tal: Ivan? Francamente!_Abriu os braços teatral em descrédito sem largar o lenço, contudo._ N-ã-o eu disse: Eoghan, Romeo. É algo menos formal, apenas um convite para que Sean venha jantar conosco na sexta-feira. Creio está na hora dele conhecer Pamela, se é que me entende...

Os olhos azuis de Romeo Carter se tornaram escuros, por trás dos óculos, enquanto fitava a esposa subindo as escadas apressada. O rastro de perfume caro preenchendo o ar da sala, e antes ela batesse a porta dos aposentos, ele disse:_vou fazer o que pede, mas essa história não me agrada nada, ouviu bem mamãe?Nada mesmo. Sabe que acho o tal Sean um janota arrogante.

E pensou: "ora onde já se viu, apresentar Pamela ao ex-noivo da irmã?" Cuspiu com desdém no mesmo vaso onde apagara o charuto.

Embora, tivesse o tal acordo com o velho Prescott...E Weather Lake, já não rendia mais como antes, era verdade.