Prólogo - Mérida

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Ando apressada pela floresta atrás daqueles três pestinhas. Não sei que incrível capacidade é essa que eles tem, de simplesmente sumir e depois aparecer como se nada tivesse acontecido. Ai sobra para mim.

- Mérida faz isso – Cantarolo – Mérida faz aquilo – Bufo – Mérida, seus irmãos? Onde estão? – Paro e cruzo os braços.

Eu não vou servir de babá para eles. Eles sumiram, eles que voltem só. Coloco o arco atravessado em mim e a bolsa com flecha nas costas. Retiro uma maça do bolso da larga calça e dou uma lustrada nela, na roupa. Antes de comer. Levo até a boca e dou uma mordida. Meus olhos vagueiam pela floresta e vejo algo estranho. Doces, jogados no chão. Como se fosse uma trilha.

Do de ombros e ando até onde os doces começam. Sigo a trilha de doces e começo a escutar alguns sons, de longe. Em alerta, jogo a maça fora e pego o arco, logo armo a flecha e ando devagar em direção ao som.

Paro na hora que vejo a cena a minha frente. Uma sombra negra, puxando um de meus irmãos pela mão, enquanto os outros seguram ele pela perna. Um em cada, ele esta voando, junto a sombra. Sem pensar eu atiro a flecha na sombra, o que após ter feito. Me sinto muito burra, o que uma flecha faria a uma sombra?

Eu sei que é a sombra do Pan, mas não faço idéia de como detê-la. Não posso deixar ela levar meus irmãos. Corro em direção a eles e seguro meu irmão com força, junto aos outros dois. Com a força, agora maior. A sombra começa a balançar, puxo mais forte e parece que a sombra ficou mais forte.

Começo a ficar com raiva e bufando. Fecho os olhos para não me descontrolar, mas estou quase cedendo. Sinto a transformação começar e solto meu irmão, caindo para trás. A sombra parece satisfeita, mas logo isso é mudado. Ainda deitada no chão, algo passa pela sombra e aparentemente lhe causou algo. Uma menina magra de cabelos castanho, surge do nada e lança outra coisa na sombra, fazendo ela soltar meu irmão. Engatinho até ele e o puxo para um abraço, os outros dois se juntam também. Olhamos a cena atentos.

- Ally, você não pode usar crianças ruivas para ... – Uma voz masculina começa baixa e quando o menino vê a cena, ele para de falar. Aquela garota, USOU MEUS IRMÃOS PARA CAPTURAR A SOMBRA? A sombra começa a rodear o lugar, muito rápido. A garota tira algo do bolso e joga na mão. Quando a sombra passa por ela, ela assopra nele e segura em seu pé – Ally – O garoto grita assim que a sombra começa a subir, parecendo voltar para casa, com a garota agarrada em seus pés.

- Eu vou matar ele irmão – A menina grita, antes da copa das arvores a consumirem.

- Maluca – Ele murmura e logo olha para mim. Que me levanto decidida e com muita raiva, querendo fazer alguém pagar pelo que meu irmão acabou de passar.

- A sua irmã é maluca? – Grito e ele se afasta – Como ela pode usar meus irmãos para conseguir seus feitos? – Cruzo os braços e me controlo. Não posso me perder.

- Não foi nada de mais – Fala e nesse momento dou uma risada.

- Nada demais? – Chego perto e cutuco o peito dele com o dedo – Meu irmão quase foi levado, por culpa de vocês – Digo e ele revira os olhos. Malditos caçadores de merda.

- Deixe de drama garota. A sombra não levou seus irmãos, né? Então cala a boca e dê o fora daqui. Não podemos ferir humanos, mas eu não estou nem aí – Fala debochadamente e pronto. Meu controle vai para o espaço.

- Corram – Grito para as crianças que assentem. Elas saem correndo e caio no chão. Ótima hora para virar um urso Mérida. Frente a um caçador. Esses dias para cá não estou conseguindo me controlar muito. Perco o controle de mim, não sei o motivo.

Caio para frente no chão. Fazendo ele se afastar, meus dedos entram na terra. No momento que aperto com força o chão. Sinto meus olhos queimar, provavelmente estão vermelhos. Quando sinto meus ossos estralarem, jogo a cabeça para trás e consigo ver rapidamente o rosto do caçador. Ele está mais distante e nas suas mãos, suas armas já se encontram.

Meu pai disse que iria pesquisar o motivo de estar me transformando assim, só de ficar estressada, mas até agora nada. Caio de barriga no chão, assim que perco as forças do braço.

- Um belo presente de aniversário – Escuto a voz dele – Matar um monstro urso. Vocês se escondem bem – Escuto o som das folhas sendo pisadas. Mas já não tenho força alguma para fazer alguma coisa. Fecho os olhos com força e começo a cantar baixinho a canção que meu pai cantava para mim.

- Ventos frios me chamando. Vejo o céu azul brilhar. As montanhas sussurrando. Que pra luz vão me levar. Vou correr, vou voar e o céu eu vou tocar – Uma dor forte me atinge e não consigo completar a música.

- Vou voar e o céu eu vou tocar – Escuto o garoto murmurar baixinho as letras finais. Levanto a cabeça e olho de lado para ele. Parece perdido, ele balança a cabeça e me olha novamente.

Apoio meu peso nas mãos e consigo sentar devagar, parece que a transformação pausou. Ele agacha em minha frente e segura meu queixo com força. Fazendo uma onda de energia, anestesiar todo o meu corpo.

- Você teve sorte – Olha para o lado – Estão precisando de mim agora. Na próxima eu não terei piedade de você – Empurra meu rosto com força pro lado e fica de pé. Cuspo nele que apenas ri, balançando a cabeça.

Escuto um barulho vindo de longe e parece que ele também, pois assim que escuta. Entra na floresta e some. Me jogo para trás, caindo de costas na terra gelada. Respiro fundo e logo três coisas ruivas estão ajoelhada diante de mim. Minha cabeça e colocada no colo de Harry. Vejo o olhar preocupado de cada um deles, Harry, Hubert e Hamish.

- Eu estou bem – Murmuro e eles sorriem.

- Não completou a transformação – Hubert diz e assinto.

- Eu me acalmei – Sorrio e fecho os olhos. Logo sinto um peso em cada ombro meu e o Harry fazendo carinho em meu cabelo. Abraço os que se achegaram a mim e espero o corpo ficar melhor para ir embora.

Primeiro eu começo a me transformar sem motivos aparente, sempre que fico levemente alterada e agora isso, a transformação não se completa. Muito estranho tudo isso. Sem contar que agora aquele caçador ficará me caçando, agora que sabe que um clã vive por aqui.

SEGUE PRO PRÓLOGO DO GABRIEL ➡

Flecha do DestinoWhere stories live. Discover now