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MAXON:

Após ter sido levado para uma pequena sala escura com uma cadeira e uma mesa a minha frente e cercado de guardas, Alessandro adentra o recinto dispensando alguns guardas que passaram e trancaram a porta.
Seu olhar era de reprovação, em quanto eu apertava os olhos na escuridão na esperança de conseguir identificar especificamente onde eu estava.
— Que lugar é esse?
Pergunto ainda correndo os olhos pelo lugar. Ele me encara confuso, como se já não fosse óbvio.
— Você não sabe?
Indaga se sentando a minha frente.
— Não.
— Acho que você sabe sim.
Rebate abaixando o tom de voz e seu olhar cai para o chão soltando um suspiro.
— Vai ser bem mais fácil para todos se você confessar logo o que fez antes que eu perca o controle.
Essa última parte ele sussurrou mais para ele do que para mim.
— Posso pelo menos saber do que estou sendo acusado?
Digo relaxando na cadeira, deixando meu peso se apoiar de um só lado dos braços.
Outro suspiro.
— Pois bem, como você sabe, Nicolleta foi para a ala hospitalar após seu....estado, ela estava no quarto e alguém jogou uma pedra, bem grande, usada para quebrar a janela, fiquei bem aborrecido, e inclusive, sua ex selecionada e America estavam lá, então foi burrice sua, sei que você ainda gosta dela, America podia ter se machucado sabia? Assim como Nicolleta ou Celeste.
Demorei uns dois segundos para entender, a ficha caiu e no ato, protestei levantando da cadeira num pulo.
— Espera?! Acha que eu fiz isso?
Instantemente dois guardas vieram até mim me obrigando a me sentar de novo, totalmente contra minha vontade.
— Todos os fatos indicam que sim. E tenho todos os direitos de te prender Maxon. Sinto muito. - completou-
Ele não estava falando sério, estava?
— Não fui eu! Pergunte para Kriss, ela me mandou um bilhete pedindo que eu fosse até os jardins. Você sabe que eu jamais faria isso. Não faz sentido.
— Exatamente! Não faz sentido, é isso que eu quero entender. E esse tal de bilhete, está com você?
Abaixei a cabeça decepcionado.
— Não, me livrei dele....
— Então não tem provas?
— E nem você.
Rebati quase vacilando a voz na tentativa de me defender. 
Seus olhos azuis eram penetrantes, parecia até que ia perfurar minha alma,   Mas eles tomaram outro caminho, agora estavam voltados para os guardas ao meu lado.
— Podem levá-lo, amanhã conversamos de novo.
— O quê?!!
Digo inconformado, minha voz saiu mais estranha do que eu esperava.
Sem dizer mais nada, Alessandro saiu da sala e os guardas agarraram meu braço com certa brutalidade, da qual nem tive como revidar.
Só sei que eu tinha que fazer algo, e rápido.

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AMERICA:

Me sentei no sofá ao lado de Celeste com algumas famílias reais em volta, o clima era tenso, ninguém sabia o que fazer, ou o que estava acontecendo.
Logo vejo Adam se aproximar com olhos tensos e os ombros eretos, ele se senta ao nosso lado e nós nos viramos para ele.
— Ei.
Ele chama e eu retribuo.
— Oi.
— Tudo bem?
Celeste diz entrando na conversa.
— Ah sim.
Responde meio ensaiado demais. Pelo visto nós três estávamos sem assunto.
Celeste se levanta graciosamente.
— Vocês me dariam licença por um instante?
Assinto meio desconfortável por ter que ficar sozinha com Adam, eu ainda me sentia confusa sobre nós dois, essa nossa relação tem sido muito complicada. Ainda mais depois de Nicolas.
Balancei a cabeça para deixar o pensamento de lado quase soltando uma lágrima.
— Ainda temos de conversar.
Sussurra para mim discretamente com um sorriso fraco no rosto.
— Não acho que este momento seja apropriado.
Disse querendo me livrar da conversa, não sei se estava me sentindo muito disposta para isso.
— Tudo que eu quero America, é uma nova chance, com você. Nada mais, por favor me perdoe, não posso te perder novamente.
Suplica com olhos marejados. Tenho que virar o rosto para esconder minha surpresa.
— Não sei se estou pronta. Como posso voltar a confiar em você de novo?
Falo como se minhas próprias palavras pudessem me machucar, seus olhos eram irresistíveis, seus lábios subiram num movimento leve, era quase um sorriso.
— Vem comigo.
Diz num som quase insurdível, pegando em minha mão da qual hesitei por um momento.
Adam me arrastou até os jardins e segurou em minha cintura com um pouco de pressão, me deixando até um pouco excitada.
— Acontece America, que se eu não te amasse, jamais teria te tirado das garras daquele psicopata.
Diz segurando em meu rosto com as duas mãos, e depois colocando uma de suas mãos em minhas costas. Seus lábios encostaram nos meus com intensidade e paixão, minhas pálpebras ficaram pesadas, e pude sentir um sentimento que a muito tempo eu não sentia, saudade, saudade do toque de suas mãos,  mas ainda assim, algo era estranho, só não sei o que.
Interrompemos o beijo por causa de alguns gritos que vieram do salão, nos entreolhamos e corremos até lá.
Era uma cena perturbadora, Maxon sendo escoltado por vários guardas que tentavam impedir a passagem do rei Clarkson e da rainha Amberly que chorava desesperadamente ao lado de Kriss, que por incrível que pareça estava para, sem reação.
— Wallace!
Gritou o rei Clarkson ao ver o rei francês se aproximar.
— Clarkson.
— O que está acontecendo?!!
O clima era pesado.
— Seu filho- começou o rei- está sendo acusado de tentativa de assassinato contra minha filha Nicolleta.
Fiquei perplexa. Assassinato? Acham que Maxon jogou a pedra na jenela?! Sei que não foi ele, minha intuição me diz isso.
— Eu quero todos, de volta para seus quartos!
Ordenou Adelaine, parceira de Wallace, sua voz era firme e elegante, ela era perfeita como rainha, assim como Amberly.
— Venha America. Pode ficar no meu quarto até as coisas passarem.
Como?
— Adam!
Repreendo-o num sussurro forte.
— Não foi Maxon! Ele jamais faria isso. Temos que ajudá-lo.
Seu olhar era confuso, misturado com surpresa talvez.
— Não há nada que possamos fazer. Sinto muito.
Lamentou já me puxando até as escadas, olhei para trás e vi os olhos castanhos de Maxon voltados em nossa direção.
— Ele vai passar a noite é no calabouço!
Alessandro discute alto olhando com fúria no olhar, diretamente para Clarkson. Um ato corajoso.
— Isto é um ato de guerra!
Esbraveja Clarkson.
— E o que vai fazer?
Desafia Alessandro, deixando todos boquiabertos, menos Kriss, por que será?
— Alessandro! Pare com isso!
Grito praticamente puxando os cabelos, agora todos os olhos estavam voltados para mim, e o queixo de Maxon foi ao chão.
— Você sabe que não foi ele!
— Alguém precisa se responsabilizar.
Rebate endireitando os ombros e eu faço o mesmo.
— Um inocente?
Ele arregala os olhos, e eu simplesmente não tenho coragem para olhar a reação de Maxon.
— O que está fazendo America?
Indaga Adam. Não respondo.
Fiquei com medo de Alessandro por um minuto, parecia que ia sair fumacinha por suas orelhas.
— Como é?! Por que está defendendo ele America? Ele não confiou em você, praticamente te traiu na seleção.
Engoli um seco, sentindo um frio na barriga, aquelas palavras foram mortais.
— E-eu....
Maxon fez um sinal com a cabeça, tão surpreso quanto.
— Libertem-no.
Alguém ordena com a voz firme, só podia ser uma pessoa. Com certeza era ela.
— Nicolleta? Filha, o que faz aqui, e por que não está descansando.
Sua aparência era impecável, nem parecia que estava na ala hospitalar.
— Eu estou bem mãe. Obrigada. America?
Ela me chame e minha voz vacila, mesmo sabendo que somos amigas
— S-sim.
Seu olhar é de carinho, isso me tranquilizou.
— Acha que Maxon é inocente?
— Acho.
Disse firme, me senti uma rainha. E pude ver o olhar de orgulho da rainha Amberly, ela era como uma mãe, senti a falta da minha neste momento, mesmo com ligações todos os dias.
— Isto para mim basta, é meu casamento e eu decido. Podem soltá-lo.
Ninguém disse mais nada, os guardas obedeceram e Kriss correu para seus braços depois de Amberly e Clarkson que vinha logo atrás.
Mas o olhar de Maxon, estava em mim, e o meu no dele.
— Vamos?
Adam diz me tirando do transe e passando a mão por minha cintura.
— Sim.
Digo sem ter mais nada para fazer. Pelo visto essa será uma noite longa.

Um final diferente (a seleção)Where stories live. Discover now