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A Aurora seis havia partido, e Flávio, comandante da NCO, não gostava da ideia de não ter como deixar o planeta se necessário, a base terrestre mais próxima ficava em um sistema solar há 95 anos luz de distância, o rádio era inútil como comunicação interestelar, se houvesse uma emergência a única forma de pedir socorro eram duas pequena sondas interestelares que a NCO carregava, cada uma do tamanho de uma bola de basquete.
Uma vez lançadas viajavam como as naves interestelares, dando saltos de hiperespaço, porém, devido ao pequeno tamanho, conseguiam dar quase o dobro de saltos das naves tripuladas e chegavam ao destino em quase metade do tempo.
Mesmo assim, uma sonda levaria algumas semanas para chegar à base terrestre mais próxima, não era possível prever o tempo exato, os saltos dependiam dos geradores de hiperespaço encontrarem condições apropriadas para saltar entre as dimensões, e com o tempo necessário para as naves de resgate viajarem até o sistema onde eles estavam, não teriam socorro em menos três meses.
Como todo comandante de naves humanas ele se preocupava com a dificuldade que sua raça estava enfrentando em produzir os geradores de hiperespaço. Todas as naves de combate do inimigo tinham esse componente vital, se tornando muito mais autônomas.
O inimigo podia mover uma grande frota de uma vez só. Os humanos tinham que levar as suas naves de combate de acordo com disponibilidade das naves de transporte.
Ele temia pelo futuro, muitas batalhas haviam sido perdidas ultimamente, e o pior era que o inimigo nunca tentava conversar, talvez ele pudessem chegar a um acordo se o outro lado não fosse tão beligerante.
Ele havia passado a sua vida adulta toda lutando no espaço. E agora com seus vinte e oito anos comandava aquela nave.
Aquela tipo de nave não era batizada com nomes individuais, elas eram construídas e destruídas em grandes quantidades.
As batalhas espaciais ocorreriam frequentemente, algumas vezes as tripulações conseguiam escapar nos casulos de fuga. Mas, em mais da metade dos casos, a tripulação era perdida.
Flávio já havia sobrevivido por duas vezes, quando as naves em que ele estava foram alvejadas e destruídas pelo inimigo. Ele podia se considerar um cara de sorte. Muitos colegas dele que serviam em outras naves haviam morrido no vácuo do espaço, e seus corpos nunca foram encontrados. Naquela época ele não era comandante ainda. Ele era o oficial de navegação. Ele sabia tudo sobre órbitas e como traçar trajetórias eficientes para a nave.
Flávio comandava a tripulação composta de outros cinco militares, cada um era especialista em sua área. Três deles haviam desistido de viver em planetas com gravidade. Eles viveram tanto tempo em ambientes com micro gravidade, que preferiam viver em estações espaciais.
Eles ainda usavam equipamentos para manter a massa muscular  e  a capacidade cardiorrespiratória. Sempre havia a possibilidade de ser obrigado a fugir em um casulo, e descer de paraquedas em um planeta.
Flávio ainda não havia desistido dos planetas, embora, cada vez mais, se sentisse mais a vontade habitando em ambientes sem gravidade.
Ele já começava a sentir incômodo com locais abertos. Ele havia crescido em um planeta agrícola, porém quando completou sete anos foi com os pais até um asteroide de  mineração. Eles eram engenheiros e estavam a trabalho. Flávio gostou tanto da experiência de sua primeira viagem espacial, que passou a estudar navegação espacial freneticamente.
Ele queria de toda forma trabalhar no espaço. Durante a fase I do treinamento básico, quando tinha oito anos de idade, ele já se destacava em simuladores de naves de combate. Então foi direcionado para o curso de preparação para tripulantes.
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Lucas usou a pá dobrável para cavar um buraco. Ele estava de saco cheio de ficar coletando amostras de solo. Ele pensava que iria para a guerra, e em vez disso estava coletando terra.
Pelo menos o planeta era muito bonito, e tinha o melhor ar que ele já  havia respirado em sua vida. O planeta em que ele cresceu tinha atmosfera respirável, porém a taxa de oxigênio era bem menor.
Ele levou a amostra para o veículo e usou o terminal portátil para catalogar o tubo com terra. Ele o colocou em uma caixa com os demais.
Nina o chamou para comer. Os soldados estavam sentados em círculo comendo as rações reconstituídas.
Carlos também estava comendo, e quando todos terminaram ele se levantou e disse:
- Pessoal vamos fazer um treino de tiro, munição real. Desde que saímos do Planeta Atlas você só tem atirado em simuladores. Raul, coloque essas embalagens de comida vazias nas pedras, uns duzentos metros pra começar. O resto formem uma linha de tiro.
Lucas se animou e correu para pegar sua arma, pelo menos um pouco de diversão.




rascunhoWhere stories live. Discover now