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Gillo, um soldado Stall de elite, era o segundo no comando nas forças em terra no Planeta UH 9536, e braço direito de Priste. Ele estava no veículo de combate que funcionava como central de comando. Ele atualmente passava a maior parte do tempo ali ultimamente.

Há quinze minutos eles haviam perdido o contato com a nave de desembarque tático. Naquele vôo estava Priste. Eles também captaram um transmissão massiva de ondas de rádio, coisa típica de humanos para bloquear a transmissão de rádio em uma área.

Os humanos provavelmente haviam derrubado a nave de Priste. Ele gostaria de pedir um bombardeio orbital para a área da transmissão de bloqueio. Mas Priste devia estar na área, se tivesse sobrevivido, e não "pegava bem" mandar uma chuva de fogo para onde seu chefe podia estar.

Gillo ordenou a decolagem das outras duas naves de desembarque disponíveis para iniciar a busca, elas estavam sendo preparadas naquele instante e logo iriam partir. Ele também pediu um levantamento das imagens dos satélites e mobilizou soldados para realizar buscas por terra se fosse necessário. Agora era a hora de avisar Quelem, o comandante não ia ficar nada feliz.

O canal de comunicação com as naves em órbita já estava sendo aberto, porém as luzes de alerta haviam se acendido nas telas de controle e alarmes quebraram o silêncio. Gillo constatou surpreso que mais uma onda de flashes pipocavam acima da área onde estavam. Uma das maiores que já havia visto, centenas de pontos luminosos ocorrendo.

Os computadores haviam sido programados para contar os flashes e rastrear as cápsulas. E um dos soldados com com especialização em análise de dados acompanhava os números evoluindo pelas telas, e, quando ele percebeu o que ocorria soltou um grito de desespero e exclamou:

Os paraquedas não estão abrindo! E as cápsulas não estão caindo! Elas estão subindo!


Os soldados alucinadamente verificaram as imagens das câmeras, selecionaram uma e a ampliaram. A tela mostrava uma pequena nave, do tamanho de uma cápsula, porém em formato cônico, totalmente aerodinâmico. Ela subia propulsionada por quatro pequenos motores, os quais deixavam um rastro de luz azul.

Depois de verificar outras imagens eles constataram que todos os flashes eram pequenas naves, um total 960 delas. E elas subiam e aceleravam. Gillo pediu um cálculo de trajetória, era óbvio que elas iriam entrar em órbita, mas ele necessitava saber para onde elas iam.

Imagens das naves e cálculos foram enviadas para as naves Stall em órbita.

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Lucas estava se preparando para fazer uma evacuação de emergência. O desfiladeiro não era mais um lugar seguro. A Raia iria denunciar a presença deles naquela área, eles não podiam permitir, e Carlos foi obrigado a usar os transmissores para inundar o espectro eletromagnético com ondas de rádio, visando interferir com a transmissão da nave inimiga. Ele havia ganho tempo, mas o inimigo viria investigar.

Ele pretendia usar as VICDs, para levar os soldados para longe. E o material mais essencial seria levado pelos VACs, não ia dar para levar tudo. Ele não sabia o que fazer com o prisioneiro cinza claro.

Ele estava na caverna com o quatro braços quando a Raia caiu. Ele voltou correndo para o acampamento do desfiladeiro. Assim que ele chegou um soldado lhe entregou "a caixa", ela havia chegado.

Agora Lucas não sabia se conseguiria usar aquele recurso tão valioso. A "caixa" era um supercomputador, no qual rodava uma software de inteligência artificial. Era um entidade cibernética. Aquela coisa era muitas vezes mais inteligente que um ser humano.

Aquele tipo de tecnologia havia sido desenvolvida há cerca de 10 anos, porém o receio de utilizá-la era muito grande. Não era permitido a sua conexão com qualquer rede de dados, não podiam correr o risco dela se alastrar e sair do controle. A caixa tinha um botão vermelho embaixo de uma trava plástica, era só apertar o mesmo e o hardware se incinerava. O protocolo de segurança dizia que se a caixa fosse ligada, sempre deveria haver alguém ao lado dela para apertar o botão se fosse necessário.

Lucas e a equipe diplomática pretendiam usar a caixa para acelerar a pesquisa em um tradutor para a língua do inimigo cinza claro. Porém tudo havia mudado agora. O quatro braços era uma oportunidade mais atraente naquele momento, uma vez que aparentemente já estava querendo um acordo com eles.

Ele estava caminhando para sua central de comando improvisada quando soldados correram para olhar os monitores de vídeo. Ele se perguntou se os Stall estavam atacando, porém ao conseguir se aproximar das telas viu pequenas faixas de luz azul subindo, enquanto ondas de flashes ocorriam ao seu redor.

Lucas respirou profundamente, ele necessitava de um minuto para se recompor, era demais, "pelo menos os Stall também devem estar confusos", ele pensou.


---x---


Priste acordou sentindo o corpo todo doer. Ele agradeceu, em sua mente, pelo projetista da nave de desembarque ter equipado ela com airbags para proteger a tripulação. Ele tinha sofrido diversas escoriações, porém não havia fraturado nenhum membro, nem sofrido ferimento grave. Os dois pilotos não tiveram a mesma sorte, foram feitos em pedaços pela arma dos humanos.

Ele saiu dos destroços, infelizmente não achou sua arma, ele andou se apoiando nas rochas, o terreno era íngreme, se não tivesse cuidado iria sofrer uma queda fatal.


Ele olhou montanha acima e viu soldados humanos descendo em cordas por um paredão vertical, deviam ter vindo do platô em que ele atirou. Possivelmente estariam vindo verificar os destroços da nave de desembarque. Agora ele tinha que fugir.


rascunhoWhere stories live. Discover now