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Dia 28 da chegada ao planeta, 05:00 hs horário do planeta UH-9536

Amanhecia no oitavo dia em que os soldados terrestres estavam no canyon e Raul estava de guarda na entrada. Ele olhava para o horizonte, quando repentinamente pequenos flashes de luz ocorreram no céu ao norte de onde eles estavam. Eles ocorriam um depois do outro, com uma pequena fração de segundo de intervalo. Ocorreram por volta de 40 flashes e quando o Raul conseguiu levantar os binóculos eles já haviam parado. Depois de mais alguns segundos pontos brancos apareceram no céu em uma posição abaixo de onde tinham vindo os fenômenos luminosos. Raul apontou os binóculos para os pontos brancos e viu que eram paraquedas, e que eles estavam presos em pequenas cápsulas. Raul apertou o botão de alarme, podia não ser uma ameaça iminente, porém os outros tinham que saber daquilo. Eram óbvio que a posição delas e os flashes estavam relacionados e Raul levantou os binóculos para cima calculando que o intervalo dos flashes e da abertura dos paraquedas era compatível com o tempo de queda livre das cápsulas. Raul estava com os binóculos apontados para a posição do fenômeno inicial quando uma segunda onda de flashes ocorreu. Ele ficou surpreendido quando olhou para uma lugar no céu onde não havia nada, aí aconteceu um flash, e depois do fenômeno luminosa, havia no mesmo local um cápsula saída do nada, e ela entrou em queda livre.

Raul acompanhou a queda das cápsulas, já prevendo o ponto em que os paraquedas iriam se abrir, o que se confirmou alguns segundos depois. Raul pensava se ainda haveriam outras rajadas de flashes, e que diabo de tecnologia alienígena era aquela? Como era possível aquelas coisas saírem do nada? As dúvidas faziam suas preocupações dominarem sua mente. Ele pensou que talvez aquelas cápsulas estivessem fazendo saltos de hiperespaço, mas pelo que ele sabia o salto não podia ser feito próximo de planetas ou outros corpos celestes com campos gravitacionais significativos. E o pior é que houve outras duas rajadas de flashes, sempre iguais, e Raul já havia percebido que os flashes sempre ocorriam a uma distância mínima de algumas centenas de metros um do outros, parecia tudo perfeitamente organizado e calculado.

Os soldados estavam todos reunidos, com exceção dos vigias, os quais acompanhavam a discussão pelos comunicadores de curto alcance. Ao consultarem os mapas em seus dispositivos de consulta eles verificaram que as cápsulas provavelmente haviam descido em uma região plana, próximo ao vale de que partiu o ataque contra eles dias atrás. Era bem possível que fossem reforços e suprimentos para os Stall. Era meio que evidente que devia ser uma nova tecnologia Stall.

O dilema era cruel, fugir ou ficar, eles eram apenas dezesseis soldados, e, as cápsulas poderiam ser apenas suprimentos, mas também poderiam ser tropas Stall. Os soldados confabularam entre si e concordaram que cada cápsula podia tranquilamente abrigar dois soldados Stall totalmente armados e equipados.

Os soldados passaram a rever em seus dispositivos de mídia pessoais o material áudio visual sobre os soldados de infantaria Stall, eram vídeos de batalhas e exames realizados em corpos e equipamentos Stall. O inimigo básico não era forte, talvez por viver ambiente de gravidade diminuída, mas era ágil e seu armamento era compacto e leve, permitindo seu uso, tanto em locais apertados como corredores, como em terrenos abertos, uma vez que tinham um bom alcance e os Stall eram excelentes atiradores. Eles eram altos, mais de 1,90 m, esguios, pele cinza escuro, cabeça oval, com grandes olhos pretos, os quais lembravam os de alguns peixes terrenos, boca pequena, sem nariz e com orifícios respiratórios nas laterais do pescoço.

As conversas entre os soldados entraram noite adentro e Pablo disse:

- O comando nos colocou nessa fria, deviam ter mandando veículos robôs para fazer essas patrulhas.

- Você sabe que a política sobre robôs mudou há alguns anos, agora só são usados apenas para transporte - respondeu Carlos. Ele explicou para os mais novos os fatos que levaram a essa mudança nos procedimentos militares dos humanos. Carlos já era um veterano de guerra com seus 25 anos de idade, ao contrário dos outros membros do grupo, todos com menos de 18 anos.

Ele disse que antigamente se usavam veículos e naves autônomos em abundância. Os Stall não tinham essa cultura, todas as naves e veículos deles eram tripulados. Era uma vantagem muito grande para os humanos, todos achavam que a vitória viria em alguns anos. Porém depois de muito tempo analisando a tecnologia humana os Stall conseguiram hackear um modelo de drone de ataque orbital, não se sabe ao certo como fizeram isso, parecia tecnicamente impossível, mas aconteceu. Muitas mortes ocorreram quando as pequenas naves autônomas, do tamanho os antigos ônibus da terra voltaram e atacaram suas próprias bases.

Felizmente não havia muitos daquele tipo de equipamento, o qual já era antigo e estava sendo substituído por modelos mais recentes, porém houve a perda de um sistema solar para o inimigo na confusão gerada pelo hackeamento. Agora não se usavam naves e veículos autônomos armados, isso era explicitamente proibido. Nem mesmo para reconhecimento, se eles fossem hackeados eles poderiam enviar mensagens falsas dizendo que não havia presença inimiga em um local, sendo que havia uma frota inimiga estacionada ali. Até mesmo os satélites de vigilância estavam sob suspeita ultimamente. Drones de reconhecimento, só mesmo os mais simples, controlados diretamente por soldados a curta distância.

Carlos mandou que fossem dormir, precisavam estar descansados para o dia de amanhã, afinal, qualquer coisa podia acontecer naquele ponto.

rascunhoWhere stories live. Discover now