(1887) Silêncio

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Por dias fiquei em silêncio, minha mente simplesmente não conseguia entender o que estava acontecendo e por que fui parar a mais de 100 anos para trás, não me lembrava nada desta minha vida, só uma coisa eu me lembrava, mas essa era em 1987, quando Fritz me disse que sua esposa sofreu um trauma muito grande, acabou se esquecendo dele.

Aquilo parecia não ser verdade, eu deveria estar em uma viagem ao passado em minha própria mente, talvez, por um segundo talvez eu possa sim estar viva, meu corpo deve estar vivo, mas a minha mente está vagando.

Fritz deve ter me trazido a essa época e me mantém presa para que se complete aquilo que não foi terminado.

Eu escutava Fritz e Martha falarem comigo, mas ao mesmo tempo estavam distante, não comi todos esses dias, apenas vegetei sobre a cama, largada olhando para o tempo

Até que no oitavo dia, minha mente resolveu funcionar e escutar aqueles que agora faziam parte da minha vida, Fritz estava deitado ao meu lado na cama, girei a cabeça para olha-lo, pois sentia que a cama tremia, Fritz estava de olhos fechados, as lágrimas corriam de seus olhos molhando seus cabelos ruivos, a barba estava bastante grande, sua aparecia estava cansada e abatida, me compadeci dele, pois é um homem muito bonito, trabalhador e me parecia bastante honesto.

Toquei em sua mão e a segurei apertando seus dedos, ele me olhou com o susto que levou, sorriu levando a mão livre aos olhos secando os olhos.

- Eu não sei mais o que faço para voltar a me amar como antes...

- Não faz isso com você mesmo Fritz... - Me senti tão pequena naquele momento. - Me perdoa, eu não sei de mais nada, é como se não tivesse mais passado, e vivi a minha vida toda no futuro.

- Volta para mim, Marjory! - Fritz virou-se de lado e me abraçou forte, chorando como uma criança.

Fiquei sem reação, porque tudo era louco para mim, por que podia jurar que me sentia viva e Fritz também estava vivo, ele era quente, senti a minha pele do pescoço molhar com suas lágrimas, ele agarrou meus cabelos, sentindo a maciez deles, beijou o meu rosto e eu o abracei, não sei por que fiz isso, mas ele estava tão emocionado.

Acariciei suas costas com ternura, deixei que chorasse e quando nos olhamos depois de um tempo, ele me beijou, um beijo apaixonado de quem realmente me amava o suficiente para suportar tudo aquilo, o beijo foi se intensificando até que o impedi de levantar mina camisola.

- Me desculpe... Por favor, Fritz... Mas não estou preparada... - Engoli em seco e ele concordou com um aceno de cabeça e se afastou.

- Eu é que peço desculpas... - ele respirou fundo e se sentou na cama. - Amanhã vou viajar para o Canadá... Resolver uns assuntos de família e volto o mais rápido possível.

- Vai nos deixar aqui sozinhas? - Me alarmei.

- Meu primo Bryan esta vindo para cá e é provável que chegue hoje. - Ele me olhou sobre os ombros. - Vão ficar bem, ele é um ótimo atirador.

- Quanto tempo vai ficar fora?

- Um mês ou mais, não sei ainda... a Viagem é longa.

- Sim... Ainda mais... - Me calei, eu iria dizer coisas que no futuro iriam existir.

- É... Vou levar os dois cavalos para revezar no caminho.

- Tudo bem! - Disse me sentando com dificuldade, puxei uma das pernas para fora da cama e a outra também, estava me virando com mais facilidade para me sentar e não precisar de alguém para me ajudar.

- Eu vou fazer você me amar novamente. - Ele disse baixinho.

- Sim!... Eu sei que vai... - Sorri mesmo estando um de costas para o outro.

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