(1997)

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A semana passa rápido, estamos a um passo para começar as obras, eu e Odilon passamos o Domingo na fazenda, demarcando e escolhendo o local para fazer o estábulo, o cercado já tinha escolhido muito antes de comprar as terras, agora tudo estava se concretizando, Odilon finalmente estava feliz, pois até o momento ele achava que era um erro gastar tanto dinheiro naquele local, mas para quem nunca viveu no interior, não sabe o quanto é bom.

O cheiro da terra quando chove, o vento que sopra num dia de outono quando se está na varanda enrolada em uma manta e uma xícara de chá entre as mãos, jogando conversa fora com amigos ou até mesmo consigo mesma, eu sentia falta disso, viver na cidade grande é muito bom, mas tem suas desvantagens como a vida corrida e a cobrança de uma vida cada vez melhor.

Quem me escuta falando assim, acha que vivi a minha vida inteira naquele local, mas não, meu pai se desfez das terras quando tinha apenas 8 anos de idade, mas sempre íamos lá, visitar e matar a saudades, até que os estudos e a adolescência me levaram a rumos diferentes, me tornando uma amazonas aos 14 anos, treinando apenas no Jóquei Clube das cidades onde competia, eram raros os momentos que ia para um local tão afastado da cidades, mesmo assim conservei meu jeito interiorano e simples, e foi isso que encantou em Odilon, que se esbarrou em mim caminhando apressadamente pelas ruas de Chicago, ele me segurou para não cair, me senti tão intimidada pelos seus olhos azuis, seu sorriso de lado, cabelo na época bem cortados, trocamos meia dúzia de palavras, a curiosidade para saber mais sobre aquele homem me deixou a flor da pele e passei a fazer aquele caminho todos os dias, até que uma semana depois, o vi parado em uma banca de jornais, tomei coragem e parei ao seu lado.

" Oi... – Disse ao jornaleiro pegando um jornal da The New York Times, estendi o dinheiro.

- Você é a garota que esbarrei outro dia! – Disse Odilon olhando para mim.

Sorri sem jeito e concordei com a cabeça.

- Eu... é... – Ele apontou para a cafeteria logo atrás de nós. – Aceita tomar um café?

- Claro! – Abri um sorriso enorme, não esperava ser tão receptivo.

Entramos na cafeteria, Odilon escolheu uma mesa mais reservada, nos sentamos, fizemos o nosso pedido e nos olhamos, cada um com seu melhor sorriso.

- Não consegui tirar você da cabeça...

Corei na hora, olhei para suas mãos apoiadas na mesa, ele estava lindo e não existia uma aliança ou marcas de que foi casado.

- Qual seu nome?

Odilon riu gostosamente.

- Verdade... Estou me declarando primeiro antes de te dar meu nome. – Ele estendeu a mão por cima da mesa. – Odilon Folley, muito prazer!

- Margareth Geere, muito prazer. – Aperte suas mãos com gosto, elas estavam quentes, mesmo no inverno gelado de Chicago, sorriamos um para o outro.

- Trabalha aqui perto? – Odilon e eu descansamos os braços na mesa, mas sem soltarmos nossas mãos.

- Não... Na verdade eu trabalho como Amazonas em jóquei... E no momento estou afastada por problemas de saúde do meu cavalo... E... Entrei para a universidade esse ano.

- Puxa... Que interessante. – Ele sorriu intrigado e soltou minha mão. – Nunca fui a um Jóquei Club.

- Deveria ir... É bem interessante.

- Como chegou a essa profissão?

O olhei de lado, olhei para o relógio preso a parede.

- Adoraria te contar, mas eu preciso ir, tenho aula agora de manhã...

- Podemos marcar um jantar? – Odilon se mostrou interessado, era justamente o que eu queria, sorri alegre.

- Sim... Adoraria jantar com você.

Marcamos um jantar e seguimos cada um para seu afazeres"


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