(1997) - Sonho estranho

97 17 3
                                    

A semana passou e fiz o repouso recomendado pelo médico, Odilon já estava bem melhor e conformado, não dizia mais nada para deixarmos a casa e voltarmos para o centro de Chicago e nem tinha como fazer isso, a minha sorte que tinha Owen para me ajudar, e agora tinhamos um mascote que apareceu do nada, um gato amarelo que se engraçou com Toddy, um pangaré que Owen cuidava, demos o nome para o gato de Garfield pela sua cor alaranjada e era a diversão da fazenda, o vacinei, vermífuguei, por uns dois dias ele nem chegava perto de mim, até que descobriu que eu tinha um arsenal de petiscos gostosos e voltou a ser meu amigo.

- Boa noite... - disse Odilon assim que entrou em casa.

-Boa noite... - Sorri e fui até ele, nos beijamos.

- Não devia estar fora da cama...

- Eu preciso andar um pouco e é um tédio ficar na cama o dia inteiro... - Sorri e voltei para a cozinha.

- O que temos para o Jantar? - Odilon me abraçou pela cintura  foi abrindo as panelas. - Nossa... Caprichou hoje...

Sorri o olhando e beijei seu rosto.

- Sabia que iria gostar.

- Vou me trocar e já volto.

Enquanto Odilon se trocava no quarto, eu colocava os pratos e talheres na mesa, Owen essa noite iria jantar conosco, pois o fogãozinho dele resolveu dar problema e não era justo deixa-lo com fome, escutei batidas na porta, corri para abrir.

- Boa noite Sra. Folley...

- Boa noite Owen... - Dei risada. -Nos vimos faz vinte minutos, não precisava me cumprimentar novamente. - Disse dando as costas para ele. - Feche a porta e vá lavar as mãos.

Odilon se juntou a nós, nós sentamos e conversamos o jantar inteiro, as nossas vidas estavam voltando ao normal, a conversa foi bem tranquila e calorosa, tomamos um café e depois de duas horas de conversa e louça lavada e guardada, Owen foi embora e eu e Odilon nos vimos sozinhos novamente naquela casa, ficamos um bom tempo em silencio vendo TV e abraçados, algo faltava entre nós, um bebê, uma vida para nos ocupar, comecei a considerar a possibilidade de adotar uma criança assim que as nossas contas ficarem equilibradas.

- Vamos dormir... - Disse Odilon se levantando e me puxando para irmos dormir.

O segui com meio sorriso no rosto, a tensão sexual entre nós era grande, nunca ficamos tanto tempo sem sexo, e o médico deixou claro que estava de quarentena e Odilon sabia respeitar isso, mas sabia que estava subindo pelas paredes.

A noite inteira sonhei com papai, eu corria atrás dele, brincamos e muito pelos campos da fazenda, então paramos diante da casa antiga, ela parecia inteira, reconstruída, apontei para casa, sorri animada, não sei o que disse, me vi criança, deveria ter em torno de 9 anos, papai se virou para mim e sério pediu para eu não ir até lá, um caderno de capa de couro velho estava em suas mãos, tentei pegar, levantei a mão para tocar no caderno e o tempo se fechou a chuva começou a cair forte e corri sozinha para me abrigar, só que tomei o caminho errado e entrei na velha casa, a porta se fechou atrás de mim, o estrondo foi tão alto que me fez acordar.

- O que foi isso? - Odilon também se sentou na cama ao mesmo tempo que eu, no olhamos assustados

- Não foi só eu quem escutou? - Perguntei a ele assustada, respirava acelerado.

- Fique aqui... - Odilon saiu da cama as pressas, atravessou o quarto vestindo o sobretudo e os chinelos, espremi as cobertas nas mãos, estava assustada.

Não aguentei ficar na cama e fui atrás de meu marido, ele e Owen estavam com lanternas apontadas para uma direção, estranhei e caminhei até eles.

- Voltei para dentro Meg... - Ralhou Odilon.

- Quero saber o que está acontecendo.

- Um coiote atacou o Garfield... - Owen me olhou. - Eu atirei, mas não consegui pegar ele.

- Cadê o Garfield? - Me adiantei e corri para o estabulo. comecei a chamar pelo bichano e o encontrei encolhido e assustado num dos estábulos, estava arisco e nervoso. - Ah... Tu bem meu anjo, me aproximei devagar, até ele se acostumar com minha presença, o peguei no colo e o enrolei em uma manta. - Ele está ferido...

Disse passando pelos rapazes que ainda procuravam pelo coiote e segui para o meu consultório, Garfield estava estressado e com dor, tentando me morder e escapar das minhas mãos, não podia seda-lo até ver se estava ou não com hemorragia, examinei o bichano com cuidado, Owen veio me ajudar, ele estava tão apegado ao gato que chorava enquanto fazia os procedimentos de socorro, Ody ficou na porta olhando o que fazia, braços cruzados e atento a qualquer pedido meu, por fim, Garfield tinha sua patinha traseira esquerda mordida, luxação no joelhinho e quatro furos em seu quadril, provavelmente o coiote o largou por ter tudo sido ferido com as garras do gato.

- Pronto... Vamos deixa-lo dormir na gaiola com o soro e amanhã as... - consultei o relógio. - 6hda manhã trocamos o soro, vamos mantê-lo no soro com remédio para dor até ver que ele está mais animado.

Acariciei o ombro d Owen que estava desolado.

- Ele estava sumido... E não quis esperar para ir dormir, estava cansado e tranquei o celeiro...

- Não se culpe Owen... Acontece, gatos são noturnos... - sorri amável.

- E coiotes também... - Disse Odilon. - Vamos todos dormir, o seu gato está salvo e vai se recuperar. - Odilon deu as costas, seguindo para dentro de casa.

Suspirei com a falta de carinho pelo gato, mas Odilon nunca gostou de felinos, eles os assustavam desde criança, isso era engraçado; Owen se ajeitou no sofá da clinica, trouxe cobertas e travesseiros e ele dormiu por lá, queria ficar perto de seu bichano e o deixei.

VIAGEM AO PASSADOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora