Músicas que nos Inspiram (Internacional)

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por Henggo

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por Henggo


CONFESSO: não gostava/gosto do One Direction - musicalmente falando, é claro. Talvez pela vibe em torno do grupo ou por achar um exagero tanta exposição sobre os cinco garotos, talvez por nunca ter parado para escutar as músicas com mais atenção (reconheço meu preconceito), algo na banda não me agradava. Contudo, quando escutei os primeiros acordes de "Sign of the Times" (Sinal dos Tempos) e logo em seguida a primeira estrofe, eu admiti o óbvio: Harry Styles é, sim, um grande cantor e, não bastasse isso, mostra-se também um bom compositor.

Admiro artistas capazes de escrever as próprias músicas; de doar-se aos versos de modo a revelar-se ao mundo e expor a própria alma - e o jovem Styles, sem dúvidas, conseguiu isso.

Minha primeira audição de "Sign of the Times" veio devido a quantidade de reportagens sobre o assunto e a onda de expectativa em torno da carreira solo do rapaz. Eu visitava sites de músicas e lá estava o Harry, ia aos portais dos jornais e havia fotos do Styles, abria o Facebook e, aqui e ali, alguém comentava sobre o single.

Fiquei curioso.

Comprei a música.

Não me arrependi.



"[...] Just stop your crying

It's a sign of the times

Welcome to the final show [...]"

*Apenas pare de chorar / É um sinal dos tempos / Bem-vindo ao último show


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Com algo à la David Bowie, o single do primeiro CD de Harry Styles distancia-se da sonoridade do One Direction e evoca a maturidade do cantor. Em sua letra, há uma urgência por mais comunicação interpessoal e mais olhares; por mais atenção aos pequenos momentos. Vivemos em correria (mesmo quando não queremos) e a vida passa despercebida ao final do dia. Estabelecemos metas, criamos listas, instalamos aplicativos para monitorar nossa rotina e, mesmo assim, prosseguimos vazios, com uma sensação de que falta algo...

Mas que algo seria esse? Acima disso, esse algo é assim tão importante ao ponto de tirar o sono ou somos nós que o legitimamos para nos causar tanto incômodo?

Obviamente, não trato aqui de coisas como um trabalho importante ou um problema de saúde, mas sim daqueles pequenos temperos "adicionais", que parecem dar gosto às nossas vidas quando, na verdade, são meros excessos jogados por nós mesmos em nossas próprias panelas - algo que o Styles chama de "balas" no refrão de sua música. São coisas como:

Eu tenho que... ter aquela roupa.

Eu tenho que... ir àquele show.

Eu tenho que...fazer aquela viagem.

Eu tenho que...ter mil amigos no Facebook.

Eu tenho que...ter muitas curtidas.

Eu tenho que...ser absurdamente feliz.

Eu tenho que... ter alguém para amar.

Eu tenho que... ter o celular da moda.

Eu tenho que... ser o melhor.

Eu tenho que...

Tenho que...

Tenho..

Ufa!

Haja pressão...


"[...] Hope you're wearing your best clothes

You can't bribe the door on your way to sky [...]"

* Espero que você esteja usando suas melhores roupas / Você não pode subornar a porta em seu caminho para o ceu


Eu mergulhava em muitas dessas frases; dava braçadas longas e me deixava levar pelas ondas. Até que, ante um problema de saúde há 10 anos, quando me vi à beira do fim, o "Eu tenho que..." ganhou outro gosto, certas coisas não fizeram mais sentido e houve mudança.

Não, não virei o Buda.

Longe disso.

Mas aprendi que o "Eu tenho que" é um estresse desnecessário. Já não bastam as "balas" reais, sociais e culturais das quais sempre fugimos, as "balas" atiradas pelos jornais, pelas redes sociais, pela política todos os dias, ainda vamos fugir de nossas próprias "balas"?

Quantos tiros aguentamos, afinal?

Como o próprio Styles questiona, "não aprendemos nada em nossa jornada"?

Eu espero que sim...

Esta canção surge em um momento de tensão em nossa sociedade e faz perguntas pertinentes sobre a falta de empatia, saudade, medo do futuro e da morte, ausência de união, o desespero das pessoas em um mundo em queda.

Porém, "Sign of the Times" deixa, sim, uma mensagem de esperança.

Um pedido para darmos as mãos.

Para seguirmos adiante.

Para acreditar.


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***


TRECHO MARCANTE:


"[...] We don't talk enough

We should open up

Before it's all too much [...]"

*Nós não conversamos o suficiente / Deveríamos nos abrir / Antes que seja tarde demais



*

Projeto "Vamos Conversar" (1ª Temporada)Where stories live. Discover now