Capítulo 21

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Sem duvida fora a decisão mais difícil que já tomou. Afastar aquela mulher ia exigir muito dele, não seria fácil apagá-la se sua vida. E ele não queria de maneira alguma apagar.

Infelizmente tinha que tomar uma decisão e optou pelo que mais almejava. A empresa em vez de uma mulher.

O dia seguinte chegou e com ele as decisões, Christopher precisa esclarecer tudo com Dulce e seu pai. Queria dar o sangue pelo trabalho e começaria buscando coisas inovadoras para seu currículo e para a organização.

Dulce estava de atestado por três dias, mas ele sabia que não poderia demorar tanto para terminar com ela. Terminar. Essa palavra estava lhe doendo o peito. Não queria por fim a tudo aquilo, mas estava sem opção.

Passou o dia todo com a cabeça baixa, perdidos em pensamentos. Tentou dar o máximo de si na empresa, mas quase não conseguiu. Estava sendo tomado pelo desespero e culpa. Não queria ter uma conversa com Dulce.

Tentou adiar de todas as maneiras inventando desculpas para si mesmo e não ir procurá-la, mas estava inquieto e ciente que mais cedo ou mais tarde teria que fazer.

Chegou ao apartamento de Dulce o sol já estava se pondo. Assim que abriu a porta percebeu que algo errado se passava. Ele estava sem o brilho nos olhos, a testa enrugada e um semblante preocupado.

- O que houve? – perguntou quando se sentaram no sofá.

- Nada. – respondeu dando de ombros. – Está melhor?

- Sim o remédio está me ajudando e o gelo também. – se aproximou para abraçá-lo. – senti saudades.

Ele também havia sentido saudades. Muitas. E iria sentir pelos próximos dias e meses. Sentiria saudade a todo o momento de seu toque, seu cheiro, seus lábios, sua voz. Não iria saber como lidar quando perdesse tudo isso.

Christopher não lhe abraçou de volta e Dulce teve mais certeza que algo muito errado estava acontecendo.

- Sei que tem alguma coisa acontecendo. Me conta.

Ele permaneceu indeciso, aflito e triste. Não podia contar. Não queria contar. Iria por fim a história de amor mais linda que já havia começado a viver. O que sentia por Dulce nunca havia sentido por ninguém e queria tanto poder continuar com ela.

Muitas vezes as decisões a se tomar são difíceis e podem machucar. Ele já estava machucado. Porque não poderia ter ela e a empresa? Porque nem tudo é tão fácil?

Essas perguntas já haviam se passado por sua cabeça tantas vezes e tudo que ele queria era abraçá-la e estar com ela. Somente com ela.

Mas o dever o chamava, sua vida inteira foi para aquela empresa e infelizmente Dulce Maria estava lhe impedindo que alcançar o que sempre almejou.

- Dulce... – respirou fundo e pensou que palavras usaria. – Saiba que não é fácil para mim, e que se eu pudesse jamais faria isso. Sabe que goste de você não é? Aliás, eu gosto muito.

Dulce engoliu em seco. Aquela conversa iria tomar um rumo que ela não imaginava. Quando Christopher disse que viria, logo imaginou que era para passarem um tempo juntos Mas só pelo que havia ouvido percebeu que não.

Um nó já estava se formando em sua garganta antes de saber do que realmente se tratava aquela conversa.

- O que quer dizer com isso? – indagou o olhando.

Christopher respirou fundo mais uma vez buscando de onde tirar forças. Malmente começou e já estava sem forças para terminar. Aquilo lhe doía o peito e as palavras pareciam não se formar.

- Estive pensando Dulce e... Bom, o meu pai está analisando cada passo que damos. Acredito que em breve ele vai dar a sentença. Eu preciso me dedicar a isso, preciso conseguir aquela presidência... É o meu sonho.

Mais uma vez a presidência no meio deles. Não podiam se assumir por conta da presidência e agora o que tudo indica é que não poderiam ficar juntos por conta da presidência.

Dulce também tinha sonhos ficou com vontade de dizer, e largariam todos eles por Christopher. O maior sonho de sua vida estava chegando ao fim. Não teria mais Christopher Uckermann.

- Eu estou te atrapalhando é isso?

- Não, você nunca me atrapalha. Mas meu pai esta de olho na gente, e não quero que nada de errado.

- Entendi. – sua voz estava embargada, mas não iria chorar na frente dele. – A presidência é a única coisa pela qual você vive.

- Não. – tentou segurar as mãos dela, porém Dulce e o deteve. – Eu não vivo pela presidência, porém é o meu sonho. Eu quero ela Dulce, e não vou medir esforços para ter. – ela podia ver em seus olhos a ganância. Seu desejo exagerado. – Mas talvez depois que tudo acabar...

- Não! - o interrompeu. – Não vai acabar Christopher, o seu amor por poder e dinheiro nunca vai acabar. Mas nós acabamos não é? – disse firme, apesar de estar desmoronando por dentro.

- Vai acabar sim, eu também quero você Dul, e quando eu conseguir a presidência podemos tentar de novo. Por favor!

Ela pode ver lagrimas em seus olhos, mas em nenhum momento ele a olhou diretamente. Estava envergonhado. No fundo ela tinha razão, ele queria poder, jogar na cara de seu irmão que conseguiu e lutou arduamente por aquela empresa.

Mas ele também a queria. E naquele momento olhando de canto de olho para aquela garota dos cabelos ruivos e jeito delicado repensou seriamente o que queria mais. Um amor ou dinheiro? Ele queria os dois, mas estava afastando o primeiro.

- Me desculpa. – pediu baixinho, ela quase não ouviu.

O pedido foi o suficiente para as lágrimas caírem de seus olhos. Ela Não queria se afastar. O amava. Amava como nunca havia amado homem nenhum. Ele era o sonho dela.

- Você tem certeza disso Christopher? Você sabe que a empresa não é tudo. – segurou as mãos dele.

- É o que eu preciso fazer Dulce. Perdoe-me, por favor, não quero te fazer sofrer. Mas eu preciso focar na empresa, preciso ganhar.

Ele a abraçou e ela pode sentir seu coração ser despedaçado. Havia perdido Christopher Uckermann para a presidência de uma indústria de perfume.

- Me desculpa. – pediu mais uma vez e se afastou. – preciso ir. Eu ainda quero você Dul, muito. Mas acabou. Acabou tudo.

Levantou-se devagar sem ser capaz de olhar para os olhos dela. Podia ver o estrago que havia feito para ela. Sentiu-se tão culpado. Suas escolhas estavam machucando alguém. Estavam machucando ela.

Saiu a caminho da porta sendo torturado pelo soluço de Dulce. Precisava ir embora dali, correr para longe, chorar sozinho e se culpar por machucar a garota que tanto gostava.

- É isso que seu coração ta pedindo? – ela perguntou antes dele fechar a porta atrás de si.

Christopher parou de caminhar e sentiu as palavras ecoarem por toda a sala. Não. A resposta era não. O seu coração pedia desesperadamente para que continuasse naquela sala e amasse aquela mulher. Mas ele não podia.

- Estou fazendo o que precisa ser feito. – respondeu antes de bater a porta.

Doce Paixão.Where stories live. Discover now