Trinta (Segunda Parte)

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"Cuide dela" ela falou.

No quarto ela estava sorrindo mesmo com tudo aquilo ao seu redor acontecendo. Podia dizer que estava radiante. Como era um pouco difícil de se ver. Uma hora ela estava triste e na outra havia começado a sorrir.

Talvez estivesse convencida de que aquele seria seu destino.

Não.

Não pode ser.

— Senhorita Ethyne?

Virei minha cabeça limpando as lágrimas e procurando de onde havia vindo a voz.

— Ah... —sorri. — Me chame de Amanda por favor, Senner. —ele balança a cabeça. — O que faz aqui?

— Vi a senhorita saindo pelas portas do hospital, não acho que tenha percebido mas foi preciso encher o local de seguranças para a segurança e paz dos Harris. Mas gostaria de saber se está bem... Aconteceu algo?

— Ahm... —não sei se seria bom falar daquilo, muito menos para mim. — Eu...

— Tudo bem se não quiser falar, só achei que gostaria de ter alguém para escutá-la.

— Não... Eu estou bem, obrigada. —ele sorriu, e estava indo embora quando lembrei do quanto a Alexssandra o amava, era engraçado porque não era a cara dela gostar de alguém que estivesse atrás dela o tempo todo ,mas ela havia criado algum laço com ele que eu não seria capaz de explicar. — Ahm... Senner? —ele virou. — Acho que deveria saber que o bebê nasceu... —ele abriu um sorriso cheio de dentes. — É uma linda menina. —ela iria gostar que eu contasse.

— Oh que bom... —sorriu mais ainda. — Tenho certeza que é! —baixou a cabeça em reverencia e se retirou.

Fechei os olhos e encostei no banco. Com minha cabeça girando eu tentei relaxar e não derramar mais lágrima alguma, não era hora de chorar, era? Ele ainda estava ali e ia voltar, eu podia repetir isso até que me convencesse.

— Aman... —ouvi a voz e logo virei, mas acho que meus olhos vermelhos entregaram o choro e ele ficou parado, me observando, talvez maravilhado em descobrir que eu tinha sentimentos e que não era de pedra fria.

Acabou sorrindo.

Fiz careta virando o rosto.

Caminhou até sentar-se ao meu lado, ainda calado.

Talvez não soubesse o que fazer porque nunca foi necessário me consolar. Mas beijou minha cabeça e me abraçou contra minha vontade.

— Está bem?

— Sim.

— Tem certeza? —se afastou para me observar e ainda sorria.

— Tenho. —não sorri pois o meu sorriso tinha razão diferente da dele.

— Não parece.

— Eu sei. —mas não havia nada que ele podia fazer, nem me consolar, eu gostava de ficar sozinha nesses momentos. — Vamos entrar? —levantei as sobrancelhas e ele riu sem achar graça, aquilo... Para mim era ele tentando me consolar ou tentando entrar embaixo da minha "casca" mas não ia conseguir.

Deu de ombros eu levantei fazendo o mesmo, segui na sua frente.

Ele devia me odiar. Não éramos o casal mais amoroso do mundo e ele odiava aquilo, odiava o modo que eu era distante dele, se o desse chance ele pegaria na minha mão e andaríamos de mãos dadas, mas... Aquilo não era para mim. Eu era... Como é mesmo... Um fracasso? Até em romances.

***

Não era nada novo, mas aquele cenário ainda me assustava. Não sei quando sentei ao seu lado e comecei à chorar mais uma vez, mas eu não conseguia encarar aquilo de uma forma normal. Não era. Não devia estar acontecendo.

A Conveniência do CasamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora