Thirty One

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Abro os olhos lentamente sentido o sol forte invadindo todo o meu quarto. Quando finalmente me acostumo com a luz, me sento na cama e olho ao redor. No relógio do criado mudo informa que dormi apenas três horas.

Quando saí do hospital durante a madrugada, estava exausta. Apenas me joguei na cama sem me preocupar com o que vestia. Minha roupa ainda está suja graças a minha visita a floresta. Antes de vir pra casa, Melissa e Allison procuravam uma maneira de curar Argent e Peter, que estavam cada vez pior, mas antes disso eu tenho assuntos a resolver sozinha.

Tiro o molho de chaves do bolso do meu shorts e olho pra ela como se ela pudesse me dar algumas respostas, mas infelizmente não faz isso. Deixo às chaves no meu criado mudo e me levanto em um salto, correndo para o banheiro e tirando a roupa durante o caminho. Já debaixo do jato de água quente, me lavo o mais rápido possível permitindo que a água tire a maior parte da sujeira enquanto massageio meu cabelo ensaboado.

Depois de vestir qualquer e dar uma penteada no cabelo, eu agarro as chaves, meu celular e ponho alguns dólares no bolso traseiro da calça. Dou passos largos até o meu carro e quando chego não desperdiço tempo e em poucos segundos já estou a uma esquina de casa.

Depois de alguns minutos dirigindo, dobro a esquina da rua onde Scott e paro enfrente a sua casa. Atravesso a sua rua e corro pelo gramado da casa de Camden. Paro de frente para a sua porta e toco a campainha várias vezes, mas ninguém responde. Aproximo meus ouvidos da porta, mas não há nenhum som dentro da casa.

- Hã...Malia?

- Hey, Camden! - Eu digo, disfarçadamente enquanto caminho em sua direção. Ele tira os fones do ouvido e pendura a camisa nos ombros molhados. Ele provavelmente estava correndo.

- Pode me chamar de Cam. - Ele diz, um sorrisinho torto no canto da boca.

- Eu preciso te fazer algumas perguntas, Camden. - Digo, o ignorando. Coloco a mão no bolso de trás da calça, e meus dedos tocam as chaves. Resolvo deixá-las ali, apenas por segurança. Ele ri e faz um sinal com a cabeça me incentivando a perguntar. - O que é Lahey?

- Hã... É o meu sobrenome.

Reviro os olhos. - Sim, eu sei. Eu quis dizer: tem algum significado? Origem?

Ele franze a testa como se tentasse lembrar de qualquer coisa. - Não que eu saiba. Mas grande parte da minha família é britânica.

- E você é filho único?

- Sou, sim.

- Você tem certeza.

- Absoluta. - Ele responde. - Uma vez meu pai me disse que minha mãe não queria mais de um filho. Portanto, só eu.

Mordo o lábio inferior, pensando na próxima pergunta. - Você gosta de motos?

Ele ri, secamente. - Não muito. Por que tantas perguntas?

- Nada, não. Sabe se o Scott está casa?

- Bom, quando eu saí pra correr a moto dele já não estava lá.

- Ok, eu tenho que ir. - Começoa andar rumo ao meu carro, mas quando passo por ele, seus dedos seguram meu pulso. Eu puxo pra fora de seu alcance e ele ri, de novo.

- Podíamos sair pra comer alguma coisa, um dia desses.

- É, talvez.-  Minto, eu nunca saíria com esse cara.

Eu corro para o meu carro e saio o mais rápido possível das rua. Dirijo em direção a delegacia, torcendo para que Parrish me ajude. Eu não faço ideia do que significa Lahey, mas eu definitivamente não acredito em uma só palavra de Camden.

Assim que entro na delegacia, encontro o Sheriff Stilinski debruçado sobre o balcão da recepção conversando com um policial. Quando ele me vê, sorri e me puxa pra um abraço.

- O que te traz aqui?

- Preciso falar com o Parrish...

- Se eu não me engano eles está em uma reunião agora. - Sheriff responde, e se vira para assinar alguns papéis.

- Eu espero. - Ele se vira, e me olha desconfiado. - É meio urgente.

Ele dá de ombros. - Tudo bem, pode esperar por aqui. Eu preciso sair 5 resolver algumas coisas...

- Ok.

- Até mais, Malia. - Ele diz, dando um tapa no balcão e saindo logo em seguida.

Eu me sento em uma cadeira próximo ao balcão e o policial da recepção me olha curioso. Faço uma cara feia e ele desvia o olhar, voltando a mexer no computador

Mais ou menos meia hora depois Jordan aparece e revira os olhos.

- Você de novo, não.
 
- Eu preciso de um favor. - Eu me levanto em um salto e me aproximo dele.

- Por que sempre que você me diz que precisa de um favor eu sinto que posso perder meu emprego? - Ele pergunta, andando em direção a sua sala.

- Eu só preciso que você procure por um sobrenome.

- O que você faz com essas coisas que tu vem me pedir?

- Pode fazer ou não?

Parrish se vira bufando. - Qual é o nome?

- Lahey.
 
- Lahey? Tipo, Camden Lahey?

- Conhece ele?

- Sim, servimos nos Exército no mesmo período. - Ele dá de ombros. - Qual é o interesse?

- Preciso saber sobre a família dele.

- Não é mais fácil perguntar a ele?

- Parrish, apenas faça.

O policial me olha de cara feia e se joga na cadeira de frente para o computador. Me posiciono atrás dele, monitorando cada ação dele. Ele abre uma página, digita "Lahey" e faz a busca. Três nomes aparecem: Ava, Andrew e Camden Lahey.

Ele clica no nome de Ava e me mostra as informações: americana, enfermeira, morta há um bom tempo. A ficha de Andrew é a próxima, britânico, professor e treinador na BHHS, assassinado há cerca de 2 anos. E a ficha de Camden mostra tudo o que eu já sei.

- Tem certeza que é só isso? Ava não teve outro filho?

- Sei menos que você. Ela pode ter perdido algum bebê antes que pudesse registrá-lo, mas o único jeito de saber isso seria com uma ficha médica dela, que por acaso são confidenciais.

- Droga! - Resmungo.

- Sinto muito... Era só isso?

Concordo com a cabeça e saio da delegacia correndo até o meu carro. Respiro um instante, tentando me convencer de que não há motivos para estar tão revoltada e obcecada com isso.

Quando meu pequeno surto passa, giro a chave e começo a conduzir em direção ao hospital, mais preocupada com Argent do que com o meu próprio pai.

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