Nine

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Malia's Pov

-Malia?- Lydia chama baixinho, a atrás de mim.

Tiro a atenção do meu livro e me viro para a ruiva.

-Allison e eu vamos fazer compras agora tarde, que tal ir com a gente?

-Oh, não! Com certeza, não.

-Por favor? Eu te pago uma chance e é uma oportunidade de  minhas duas amigas favoritas, e talvez únicas, se conhecerem!

Olho para as letras destacadas com marca texto vermelho, pensativa. Eu não consigo me convencer em nada porque fico pensando em Isaac e eu não faço a mínima ideia do que isso significa. E eu até que gostaria de conhecer Allison.

-Tudo bem. - Suspiro, derrotada.

Lydia sorri abertamente antes de mergulhar a cabeça nos livros novamente. Estamos no último ano, então tudo o temos feito é estudar, bem, nas horas vagas.

Defender a cidade já não tem mais a mesma adrenalina de um ano atrás. No começo era empolgante e eu gostava do perigo, mas agora, as ameaças simplesmente ficaram muito sérias para um bando de adolescente e é meio assustador pensar além de proteger a cidacidade, ainda temos que estudar para entrar na universidade no próximo ano.

A palavra "universidade" me dá mais medo do que qualquer criatura sobrenatural. Todos têm em mente seu curso e uma carreira inteira planejada, eu não. É claro que, eu quero um futuro e uma profissão, mas não estou pronta para escolher.

O sino toca e eu sigo Lydia pra fora da biblioteca. Combinamos que eu vou para casa deixar o carro e depois Lydia passa me buscar.

Conduzo o carro até a minha casa usando o caminho mais longo. Ando devagar, recebendo cara feia de alguns motoristas que me ultrapassam, mas do ombros. Poderia arrancar a cabeça deles com muito prazer.

Eu não sei o que está acontecendo comigo, mas eu me encontro em um tédio profundo e possivelmente triste.

Estaciono na frente de casa e entro. Assim que entro na casa sinto um cheiro forte de colônia masculina e ouço um batimento cardíaco. Sei que conheço esse cheiro, e não pode ser o meu pai porque ele nunca sai do trabalho antes das sete horas da noite.

Solto a mochila e liberto minha garras quase que automaticamente enquanto subo as escadas na pontas dos pés sem emitir qualquer som. Tento me lembrar do cheiro desse perfume que está cada vez mais próximo associando a todos os homens que conheço.

O do Scott é mais amadeirado, o do Stiles mais fraco, o do Isaac...Isaac, claro.

Encolho minhas garras e não preciso mais seguir o cheiro pra saber que ele está no meu quarto. Abro a porta e pelo canto do olho o vejo na janela, olhando para fora.

-O que está fazendo aqui? - Pergunto calmamente, e ando até meu guarda roupas.

-Vim falar com você. - Ele responde, e se vira para mim.

-Não tenho tempo agora, Isaac. Vou sair com a Lydia. - Pego uma camisa branca e me viro de costas para ele enquanto troco de roupa.

-E com Allison. - Ele conclui.

-E com Allison. - Eu repito.

-É sobre ela que eu vim falar, na verdade.

-Sabe que não deve me dar explicações, não é?

Me viro para ele e encaro seus olhos, sombreados por olheiras que quase não podem ser notadas.

-Eu sei. Mas sinto que devo,  quer dizer, eu não sei de mais nada. Estou tão confuso. - Ele puxa os cabelo para cima e solta um longo suspiro. - Eu não sei o que sinto por ela e muito menos o que sinto por você. Sei que preciso ficar por perto dela nessa fase, mas não quero te magoar.

-Eu estou bem. A gente não tem nada então não há sentimentos envolvidos, eu não estou magoada.

-Malia, para! - Ele pede e dá um passo a frente.

-Parar com o quê?

-Para de agir como se não sentisse absolutamente nada, quer dizer, nos conhecemos a pouco tempo, mas começamos alguma coisa. Sei que sente alguma coisa.

-Eu não sinto nada. - Digo, convicta, tentando convencer mais a mim mesma do que ele, eu já nem tenho certeza.

Seus olhos expressam descrença e ele morde o lábio, me fazendo olhar para ele. Suas mãos raspam seu cabelo e ele balança a cabeça levemente antes de dar passos largos até mim e me beijar.

Suas mão seguram o meus rosto e ele me beija de uma forma desesperada e eu não consigo me soltar. Minhas mãos param em seu peito tentando empurrá-lo, mas ele as segura e coloca uma de cada lado do meu corpo, eu sei que poderia me soltar, afinal sou mais forte que ele, mas eu não quero,  o que deixa minhas últimas palavras extremamente patéticas.

Suas mão param em minha cintura, fazendo uma pequena pressão. Ele deixa meus lábios, mas mantém nossas testas juntas.
-Por favor, pare de dificultar as coisas. - Ele pede, em um murmuro.

Isaac tenta me beijar de novo, mas eu me afasto quando ouço o carro de Lydia para na frente de casa.

-Tranque a porta da frente com a chave que está debaixo do vaso de flor quando sair.

Deixo o quarto com um Isaac imóvel e confuso. Corro para o carro da Lydia e sento no banco de trás.

-Oi. - Digo e recebo um sorriso de Allison.

-Está tudo bem? - Lydia pergunta. Allison também espera por uma resposta.

Eu penso em uma resposta adequada. Sim! Tudo ótimo, afinal, em uma noite, há quase uma semana, Isaac estava gritando o nome da menina que voltou dos mortos, dez minutos depois ele estava me abraçando, no domingo de manhã a gente topou tentar algo, a tarde a menina que ele era - ou é - apaixonado deixa de ser um animal e ele fica abraçado com ela o tempo todo, ele me desaparece por quatro dias e quando aparece, diz que está confuso, me beija e me pede para não dificultar as coisas quando, na verdade, é ele quem está fazendo isso. Tudo perfeito.

-Sim. - Digo, mas minha resposta parece vaga, por isso acrescento: -Só estou com fome, e se eu não me engano, você me prometeu uma pizza.

-Eu não lembro disso. - Ela diz com um sorrisinho inocente.

-Trato é trato, Lydia, até mesmo comigo. - Respondo, sabendo que um dia, Peter usou essas mesmas palavras com ela.

-Tal pai, tal filha. - Forço um sorriso e Lydia liga o carro.

-Se ela não comprar a pizza, pode deixar que eu compro. - Allison garante.

Estou há dois minutos com ela e já percebo o porquê de todos gostarem dela. Ela é adorável.

Eu jamais achei que acharia alguém adorável, mas ela com certeza é. Se eu estivesse no lugar de Isaac também estaria confusa.

A quem eu quero enganar? Eu nem preciso estar no lugar dele para estar confusa.

Meu celular vibra contra minha perna e eu o pego, abrindo uma mensagem:

Nossa conversa não acabou.
-I.L.

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