Eu realmente odeio fazer compras e prometi a minha mesma, quando estava na primeira loja que nós três entramos, que eu jamais aceitaria entrar num shopping novamente acompanhada de Lydia. Ela fez Allison e eu entrarmos em mais de dez lojas e isso não é exagero, não quando a pessoa que estamos falando é Lydia.
A única parte boa dessa tarde toda foi que Lydia nos pagou pizza enquanto comia uma humilde porção de salada e também pude conhecer Allison um pouco mais.
Ela é divertida e não é tão dramática e chatinha como eu achei que fosse, e até que somos parecidas em alguns aspectos.
-Podemos ir? Estou cansada. -Ela anuncia, Lydia e eu concordamos e eu a agradeço mentalmente.
Enquanto caminhamos para fora do prédio, passamos por uma família brincando. Há um casalsinho de gêmeos correndo de um lado para o outro se exibindo com seus brinquedos enquanto um homem e uma mulher sorriem.
Ouço um batimento cardíaco se acelerar e sigo o som. As batidas me fazem olhar para Allison. Seus olhos estão azuis e ela soa frio.
Cutuco Lydia e ela me ajuda a conduzir Allison até o banheiro mais próximo assim que percebe o que está acontecendo.
Finalmente conseguimos entrar e eu coloco uma cadeira atrás da porta para travá-la. Em seguida, caminho até a Allison e viro seu rosto pra mim.
-Se controla! -Eu digo, mas é como se ela nem tivesse ouvido.
Ela choraminga de frente para o espelho quando percebe seus dentes se alongando.
-Por que isso está acontecendo com ela? Ainda faltam duas noites para a lua cheia. - O desespero é claro na voz da ruiva.
-Tira ela daqui! - Allison pede. - Não quero machucá-la.
-Você não vai! Foca em mim! - Mando.
Scott saberia o qur fazer, eu estou perdida.
Finalmente me lembro de algo que Stiles me disse sobre nós. Pego em suas mãos e como esperava, lá estão as garras.
-A dor te faz humana. - Eu digo, e mostro o que ela deve fazer. Fecho minhas unhas nas palmas das minhas mãos e ela faz o mesmo, mas bem mais forte. Logo o sangue escorre de suas mãos e ela se acalma.
Seus olhos voltam a cor de costume e seus dentes voltam ao normal. Sua respiração é ofegante e as lágrimas param de escorrer.
-Obrigada. - Ela murmura, e me olha por uns segundos. Eu desvio o olhar desconfortável.
Lydia recupera o ritmo normal da sua respiração e nos olha, seriamente, sem dizer nada. Ela vai até as toalhas de papel e puxa várias folhas e tenta limpar o máximo possível. Ela leva os papéis para uma das cabines e joga as folhas no vaso sanitário. Lydia repete o ciclo várias vezes.
De repente ela começa a murmurar alguma coisa enquanto esfrega as folhas desesperadamente sobre o lugar onde havia sangue. Ela funga e continua murmurando.
-Tem algo de errado...Não é ela...Não é ela...-Consigo captar algumas das palavras, e percebo que Allison já que está paralisada olhando para as mãos sujas.
Dou passos firmes até Lydia e a chacoalho pelos ombros. Suas mãos soltam os papéis e ela me olha. Suas pupilas estão dilatadas e seus olhos vermelhos. O rosto encharcado de lágrimas.
-Lydia!
-Precisamos do Scott. - Ela fala simplesmente, se soltando do meu aperto e indo até o vaso sanitário puxando a descarga.
Allison lava as mãos e nos segue para fora do banheiro e do shopping. Lydia me dá a chave do carro e eu levo a gente até a casa do Scott. Em poucos minutos, já estou batendo na porta.
Segundos depois a porta se abre revelando um Isaac sem camisa, de novo.
Por que ele simplesmente não usa uma camisa para abrir a porta?
-Ham...oi. - Ele diz, olhando pra nós três. Quase constrangido. Se não fosse o Isaac, claro. - Eu...vou vestir uma camisa, e chamar o Scott.
Ele nos dá as costas e sobe às escadas. Eu entro dentro da casa e vou para a sala, as meninas me seguem.
Esperamos de pé enquanto Scott desce às escadas. Ele nos olha preocupado, Isaac chega logo atrás.
-Está tudo bem com vocês? - Ele pergunta.
Isaac me olha curioso e eu desvio o olhar.
-Allison perdeu o controle da transformação. - Lydia diz.
Chega a ser cômico a maneira em que Isaac muda seu olhar de mim e corre até ela perguntando se a menina está bem.
Dou uma leve e baixa risada sem humor. Scott cerra o maxilar.
-Como?
-Estávamos no shopping. - Eu respondo. - De repente o pulso dela acelerou, os olhos mudaram de cor e as garras...
-Não devia estar acontecendo, não é? - Isaac interrompe. - Ainda faltam duas noites para a lua cheia.
-Eu vi um menino. - Allison diz, de repente. - Ele tinha cabelos loiros, olhos verdes e algumas sardas. - Ela funga. - Ele se parecia com o menino que eu matei.
Seus olhos encaravam o vazio e seu rosto não demonstrava nenhuma emoção. Absolutamente, nenhuma.
Todos nos olhamos tensos. E Allison abraça Isaac e eu reviro os olhos. Ele vê.
-Bom - Eu digo. - Eu vou pra casa, se precisarem de mim, me avisem.
Praticamente corro pra fora da casa. Começo a fazer meu caminho e antes que eu me dê conta, estou chorando. E eu sequer sei por que.
Ando devagar, olhando o pôr do sol e a imagem de Isaac abraçando Allison. Meus dedos tocam meus lábios lembrando da sensação dele me beijando, e eu me pergunto se ele a beijou.
Meu Deus, não é suposto doer.
Não é suposto eu sentir ciúmes.
Não é suposto eu querer ele aqui comigo.
Não é suposto eu estar me apaixonando por ele.
-Malia! - A voz que eu mais/menos precisava ouvir me chama. Eu não me viro. - Malia, espera!
-O que foi, Isaac? - Me viro duramente pra ele, que para surpreso.
-Você está chorando?
-Não! - Respondo, rápido. - É um ataque de rinite.
Poxa, Malia, você é ridícula.
-Não existem maneiras de você ter rinite. - Ele diz. - Qual o seu problema?
Minhas mãos se fecham ao lado do meu corpo reunindo grande parte das minhas forças quando grito:
-Você! Você é o meu problema.
Ele parece surpreso, mas logo se recompõe.
-Eu não te entendo, sabia?
-Errado, sou eu quem não te entende. Você pede para mim não complicar as coisas quando, na verdade, é você quem está fazendo isso!
-Você disse que não sentia nada! Não é possível que tenha mudado sua opinião em três horas. - Ele grita. - Afinal, você sente ou não alguma coisa por mim?
-Não! - Digo, ríspida. - Eu não sei, ok? Simplesmente não sei, mas quando eu te vejo com Allison eu sinto coisas estranhas.
-Malia...
-Me deixa, Isaac. Você e ela também têm uma história. Você é apaixonado por ela.
-Sou! Mas também sou apaixonado por você! - Ele grita e está a tão poucos passos de mim.
O ar para de chegar aos meus pulmões. Meu coração para. Minha mente fica repetindo suas palavras.
-Você só pode ser doente.
Me viro de costas pra ele e volto a fazer meu caminho. Mas não estou sozinha.
Eu, minhas lágrimas e meus sentimentos confusos vão pra casa comigo.
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WerwolfMalia vive sua nova vida em Beacon Hills normalmente, nos padrões da cidade, claro. Ela já sabia que o nemetom atraía seres sobrenaturais para a cidade, mas descobre também que ele é capaz de trazer um novo amigo, de volta pra casa. "E, sim, eu te...