Capítulo 21-Rápido, intenso e profundo.

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"A leitura é uma fonte inesgotável de prazer, mas por incrível que pareça, a quase totalidade, não sente esta sede."

(Carlos Drummond de Andrade)

Luna

Explorei cada canto da "boutique sensual", conheci até a professora, Silvana, ela é uma pessoal bem alegre, simpática e possui facilidade em explicar as coisas. Ricco estava comigo, por isso não pude me aprofundar nos assuntos por não me sentir confortável com ele ouvindo, mas prometi voltar e aprender sobre pompoarismo. Silvana falou maravilhas sobre isso.

Paramos em um PUB perto de casa para jantar e beber alguma coisa. Acho que a bebida nesse momento será muito bem vinda. Eu peço o de sempre, vinho, mas Ricco que nunca bebe quando dirige, me surpreende e pede whisky. Franzo o cenho rapidamente sem lhe dar chance de perceber. Jantamos e tomamos nossas bebidas. Ricco um pouco mais que eu.

Na hora de entrar no carro decido dirigir por ele não estar em condições. Eu sei que ele não está bêbado, mas preferi não arriscar. Ele concorda. Eu agradeceria mais aos céus se no meio do caminho não houvesse uma blitz.

- Puta merda! Ricco. Não fala nada. Deixa comigo. Finja que está dormindo.

- O que você vai fazer? - pergunta quando me vê apertar as bochechas para cima e apertar os olhos.

Pego um chiclete de canela para disfarçar o cheiro do vinho. Vejo o policial se aproximando, ainda bem que os vidros do carro são bem escuros, isso me dá tempo de me arrumar ou desarrumar.

- Boa noite. - o policial diz

- Boa noite. - digo com cara de cansaço.

- Documento do carro e habilitação, por favor. - ele é curto e grosso.

Pego os documentos e entrego-os ao policial que checa tudo e me devolve. Ele pede para que eu saia do carro e acompanhe a revista que será efetuada. Leio o nome que está em sua farda para ganhar aproximação.

- Poxa vida Sr. Pereira. Eu estava em casa dormindo, porque amanhã trabalho cedo. Meu amigo aqui me ligou pedindo para eu vir buscá-lo porque tomou umas cervejinhas. Então como uma boa amiga, eu vim. Só que eu não tenho a vida dele de famoso. Eu sou uma manicure que está com a lombar comprometida pela posição que trabalha o dia todo. Quebra essa vai.

- Seu amigo é o famoso nadador gay e brocha? - ele encara Ricco que finge estar dormindo.

- Isso exatamente. Coitado olha que situação triste. Aí ele veio afogar as mágoas. E eu pago o pato. Ai ai! Esses famosos e seus mundinhos medíocres. Não sabem como nós trabalhadores mal pagos sofremos. Não é mesmo Pereira? - toco na ferida na tentativa de criar uma ligação.

- É verdade. Esses burgueses esquerdistas que estão acabando com o nosso país. - coaxa exaltado.

- Eu vivo falando isso Pereira. Cambada de egocêntricos. Por favor, Pereirinha. Deixa eu ir para casa tomar meu comprimido analgésico e tentar dormir com essa dor nas costas. - falo dengosa.

Finalmente somos liberados. Nosso retorno para casa é tranquilo. A música "Um dia frio" do Djavan toca no carro, por amar essa música começo a cantarolar. Ricco está calado

Estou carregada com tantas emoções, antecipação principalmente, desde que ele disse que a iniciação acabou com um timbre rouco e sensual estou sentindo frio na boca do estômago, minhas mãos estão geladas. Sorrio quando vejo Ricco com um olhar admirado para mim.

- Você está com cara de bobo. - provoco ainda sorrindo.

- Desculpe. Sou só um "famoso no meu mundinho medíocre" admirando sua voz. - repete o que eu disse fazendo aspas com o dedo.

Ele Vai Ser MeuKde žijí příběhy. Začni objevovat